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× 𝕋𝕒𝕞𝕚𝕣𝕖𝕤 𝔾𝕦𝕖𝕣𝕣𝕒 × 𝔻𝕚𝕒 𝕤𝕖𝕘𝕦𝕚𝕟𝕥𝕖

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× 𝕋𝕒𝕞𝕚𝕣𝕖𝕤 𝔾𝕦𝕖𝕣𝕣𝕒 ×
𝔻𝕚𝕒 𝕤𝕖𝕘𝕦𝕚𝕟𝕥𝕖

Dizer que não dormi de novo durante a noite e que tive que passar um quilo de maquiagem pra ficar apresentável não é mais novidade.

Hoje o dia vai ser difícil de novo. Normalmente a gente vai adaptando as práticas da psicologia a depender do que os pacientes vão precisando, e como só ela fala e ele mal abre a boca, chegou o dia que tenho que separar as sessões dos dois pra tentar ouvir o que cada um pensa do outro, tentar entender... É meu trabalho.

Duas batidinhas na porta seguidas de um boa noite. Já sei quem é. Engulo seco e fico esperando enquanto ele entra efecha a porta, estamos os dois na mesma sala e tudo parece extremamente abafado nesse momento.

O silêncio corrói as paredes e o pouco de juízo que tenho. Não sei se foi pior ficar sozinha com a mulher naquele dia ou se é hoje, com ele me olhando desse jeito. Tudo em mim formiga, ergo o rosto, a gente se encara por breves segundos e eu baixo a cabeça outra vez.

— Para de me olhar assim – Peço. Minha voz sai mais manhosa do que devia e sei que isso não vai soar bem pra cabeça dele.

— Não consigo – Murmura, passando a língua pelos lábios. Os olhos escorrem pelo meu rosto, pelo meu pescoço. De repente parece que os botões da blusa estão me enforcando de um jeito...

É a primeira vez desde o início dessa loucura que ele não se sentou no sofá do outro lado da sala, mas sim na cadeira bem a minha frente.

— Você não percebe como essa sua obsessão por mim tem sido inconveniente? – Pergunto, soltando uma lufada de ar e esfregando as mãos no meu rosto. Ele solta uma risada fraca, meio sem graça, e também passa as mãos pela barba.

— Pra nós dois, linda.

Não sei o que é pior. O vocativo, ele por completo, eu agindo feito macaco que não olha pro rabo e não admitindo que também devo ser, sei lá, meio obcecada.

Não paro de pensar besteira por um minutinho sequer. Minha cabeça não alivia pra mim. É olhar pra ele, lembrar dele socando forte (em mim ou no saco de pancadas) e pronto. Lá estou eu de pernas cruzadas mais uma vez.

— Então... como se sente sobre a Stephany? – Pergunto, baixando a vista pras perguntas na prancheta. São as mesmas que fiz para ela ontem, mesmo já tendo uma noção da resposta.

Ele solta uma lufada de ar, joga o corpo lá pra trás na cadeira e esfrega as mãos pela barba. Isso não é nada bom pra mim porque as tatuagens brilham, o bíceps escapa da blusa cinza e eu acho mesmo que vou morrer.

— Sério, linda?

— Para – Murmuro, coçando o pescoço. Meu Deus, minha pele está tão quente — Uma hora você vai ter que falar, mano. Sou sua terapeuta.

𝐒𝐄𝐂𝐑𝐄𝐓𝐀𝐌𝐄𝐍𝐓𝐄 𝐒𝐔𝐀 | 𝐙𝐄 𝐑𝐀𝐅𝐀𝐄𝐋 | PAUSADA. Onde histórias criam vida. Descubra agora