Lugar de Paz

3.1K 120 43
                                    

Ana Flávia Pov:

Saio do palco indo em direção ao fundo, onde meu pai e a Bruna estavam, sentindo minhas mãos trêmulas, mas não dou tanta importância pra isso, afinal, é muita adrenalina todas as vezes em que me vejo em cima do palco e percebo o fenômeno que Ana Castela vem se tornando.

Entrego meu chapéu para Bruna, já abraçando meu pai e sentindo seu beijo em minha testa ouvindo seu sussurro "parabéns filha" em meu ouvido. Mas a única coisa em que eu conseguia prestar atenção, era em como o meu coração começava a ficar cada vez mais acelerado, as pernas formigando e o peito ardendo sem conseguir controlar minha respiração.

Suspirei fundo e continuamos seguindo até o camarim.

Grande erro. No momento em que a luz forte do lugar encontrou meus olhos, senti minha cabeça explodir em uma dor insuportável e meus ouvidos começando um zumbido chato. Estava tendo uma crise de ansiedade.

- Pai. - sussurro já segurando forte em sua blusa. - Eu não tô ouvindo nada e minha visão se encontra totalmente preta, com aquelas estrelas.

- Ana Flávia, calma filha. Senta aqui. - pegou minha mão trêmula e me guiou para o sofá.

Meu pai me sentou no sofá que existia ali no camarim, ao fundo pude ouvir ele pedindo água pra Bruna e logo sinto uma garrafinha sendo colocada em minha nuca, arrepiando o meu corpo todo.

Que alívio.

- Ana, respira com o papai, olha. - meu pai foi meu guia, me fazendo inspirar e expirar contando minha própria respiração até que ela se acalmasse.

Quando tudo aqui dentro cessou, bebi um longo gole d'água e deitei com as pernas pra cima suspirando alto, colocando os braços no rosto. Senti uma lágrima descer na minha bochecha.

- Ana, tudo bem? - ouço a Bruna perguntar.

- Melhorando, tô só com um pouco de calor. O avião já tá pronto pra irmos? Quero minha casa. - respondo já sentindo o nó na minha garganta.

- Só mais cinco minutos e já vamos, Aninha. - me deu um riso fraco indo juntar nossas coisas.

.

Londrina, 7h a.m

No momento em que coloquei meus pés em casa, e abracei minha mãe, pude perceber o quanto aquela semana me levou à exaustão. No quanto eu precisava de férias e no quanto eu já estava pronta para abandonar tudo e fugir dessa realidade maluca que é ser a Ana Castela.

Percebi que estava no momento de voltar e ser somente a Ana Flávia pelo tempo que fosse necessário para me reconectar comigo mesma. Me encher de energia, com a família.

- Oi mamãe, que saudade. - sussurrei em seu pescoço depositando um beijo ali.

- Saudades também, meu amor. - Enquanto desfrutava do carinho da minha mãe, meu pai entrava com as malas. - Vamos descansar, filha? Deixei seu quarto arrumadinho. Seu pai me disse o que aconteceu mais cedo.... - suspirei, era óbvio.

Minha mãe me olhava com um olhar calmo e sereno. Eu finalmente estava em casa sob a proteção deles.

- Ja vou.. mãe, pai. - olhei para eles dois já com os olhos cheios de lágrimas. - Eu quer.. preciso da fazenda. - limpei uma lágrima solitária na bochecha. - Preciso muito, estou em ebulição e a qualquer momento sinto que vou explodir... nós podemos? - pedi como súplica.

For All The Stars - MiotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora