There's an ache in you, put there by the ache in me

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Olá! 👋🏼
Eu planejei a história há algum tempo e confesso que estava insegura para postar. Então devo um agradecimento especial a Zangelwidox que me encorajou (e me perturbou) desde o início e a lisaromanoff_ que também me auxiliou.
Ainda não sei exatamente quantos capítulos essa história terá, mas já aviso que não será tão longa.

Espero que todos gostem. Quaisquer comentários (e críticas produtivas) são bem-vindos.

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Ela estava voltando para casa.

Fazia mais de três anos que ele não via Natasha Romanoff. Ela manteve contato com quase todas as pessoas próximas. Não era como se tivesse ido para cidade grande e deixado sua essência para trás. Sempre fazia telefonemas e mandava mensagens de texto. Ela até enviou cartões postais para filha dele uma vez, mesmo sem se falarem por tanto tempo.

Todos ansiavam pela presença dela. Ele ansiava pela presença dela.

Steve ansiava por ver seus olhos brilharem, iluminados por seu sorriso e em seguida ouvir a risada escapando de seus lábios. Sempre foi uma de suas coisas favoritas nela, sua risada. A forma como iluminava todo o seu rosto, ele sempre valorizou os momentos em que foi capaz de extrair isso dela, Romanoff era inebriante e o atraía de uma forma que ninguém mais havia feito. Mesmo que estivesse a milhares de quilômetros de distância, ele ainda conseguia sentir a atração os unindo como um ímã. As lembranças não haviam sido borradas por sua ausência, o rosto dela ainda estava gravado em sua mente, tão claro quanto cristal. Ao fechar os olhos, pôde vê-la instantaneamente, sentir seu perfume, sentir o calor de sua pele sob seus dedos.

Steve se lembrou de ter dançado com ela na noite em que decidiu partir. Lembrou-se de como o corpo dela se encaixava perfeitamente no dele, de como todo o resto da sala parecia ter desaparecido, um feitiço lançado sobre eles que infelizmente estava fadado a ser quebrado. Rogers desejou poder tê-la mantido ali, sob aquele feitiço, para sempre, mas não conseguiu. Ela tinha ido embora.

Ele não a culpava por ir embora, sabia exatamente por que ela havia tomado a decisão de ir. A decisão de aceitar o emprego em Nova Iorque não foi nenhuma surpresa. Steve a observou e os dois lutaram durante meses para se acostumarem à exaustão de se manterem afastados. Com a gravidez arriscada de Peggy ele não teve muito tempo disponível para tentar se aproximar dela de novo, mesmo que quisesse. Muitas vezes Rogers se perguntava o que teria acontecido se os dois não tivessem discutido naquela noite, se ele nunca tivesse se encontrado com Peggy no bar e tivesse deixado que ela o levasse para casa.

Se apenas uma coisa tivesse sido diferente, será que tudo seria diferente hoje?

Ele se importava profundamente com Peggy, ela era linda e gentil, mas nunca tocou sua alma como Natasha fez. O relacionamento deles já era fadado ao fracasso, mesmo antes da partida dela. Ele se sentiu culpado por enganá-la daquela forma, ele tentou fazer funcionar pela pequena Elizabeth, mas os dois sempre souberam que nenhuma tentativa seria capaz de trazer verdade aquela relação.

Quando sua mãe lhe contou que Natasha voltaria para casa nas férias, seu coração deu um pulo, antes de parar em algum lugar de seu estômago. Estando separados, eles conseguiam fingir que não havia nada ali, que não eram e sempre foram mais próximos do que amigos, mas ele não tinha certeza se conseguiria lidar com o fato de tê-la na frente dele. Ele ansiava por vê-la, mas também temia isso, tinha certeza de que ela teria conseguido compartimentar os sentimentos que ele não conseguia, Natasha sempre foi melhor nisso. Steve temia que ela o afastasse se ele deixasse que os sentimentos transparecessem, mesmo sem querer. No fim, ele sabia que a dor de tudo isso valeria a pena, só para ouvi-la rir novamente.


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Ela estava voltando para casa.

Natasha ainda pensava em West Reading como sua casa, embora já tivessem passado quase quatro anos desde que partiu. Sabia que deveria pensar em Nova Iorque como seu lar, afinal, era o lugar onde ela morava e trabalhava, onde ela havia escolhido se estabelecer. Mas West Reading era onde estava seu coração, e ela suspeitava que sempre estaria.

Quando Yelena sugeriu pela primeira vez que Romanoff voltasse para casa no Natal, a ruiva mostrou-se receosa. O Natal nunca foi sua época favorita do ano. Quando era criança, antes de ser adotada por Melina e Alexei, sempre passava a data com um sentimento de abandono e tristeza. Depois, quando ficou mais velha, as coisas mudaram, mas ainda assim não era sua comemoração anual predileta. Nenhum companheiro para surpreendê-la com um presente, nenhum filho para acordá-la na manhã de Natal. É claro que sua família mudou um pouco isso, mas eles não conseguiram preencher totalmente o vazio que sempre manchava as férias.

A causa de sua relutância não se devia apenas à época do ano. Ela estava com medo de vê-lo. Natasha sabia que assim que visse o rosto de Steve todos os sentimentos que ela havia guardado com tanto cuidado, trancados a sete chaves, iriam se libertar. Romanoff sempre lutou para esquecê-lo, mas toda vez que ela empurrava as memórias para dentro, elas sangravam pelas rachaduras, infiltrando-se de volta em sua consciência. Ele se tornou parte dela, e não importa o quanto ela tentasse, não conseguia superá-lo.

Yelena insistiu que um natal em família seria bom para ela, e no final, a ruiva cedeu. Ela realmente sentia falta da família. A dor de deixá-los ainda estava lá, menos pungente como a facada aguda que tinha sido quando foi embora, agora era uma dor surda da qual ela não tinha certeza se seria capaz de se livrar. Ela só tinha que aceitar que, quando se tratava daquela cidade, quando se tratava de Rogers, o amor e a mágoa sempre andariam de mãos dadas.

Romanoff reservou seus voos e permitiu que sua mente voltasse até ele. Era como se um filme estivesse passando por sua cabeça. Em vários momentos eles chegaram muito perto, a ponto de cruzar a linha, mas nenhum deles havia sido ousado o suficiente para atravessá-la. As noites em que ela o confortou depois de não passar em uma entrevista ou quando ele brigava com a mãe ou os irmãos, e até mesmo quando era decepcionado por algum flerte momentâneo. Sempre compartilhando um uísque depois de levá-lo para casa. As festas no Brewer 's Bar onde eles riam juntos, aproximando-se um do outro à medida que a noite avançava, o som da risada dele e o cheiro da loção pós-barba enchendo seus sentidos. A sensação da mão dele apertando a dela enquanto lhe contava sobre a morte de Peggy Carter e as lágrimas enchendo os olhos de ambos enquanto se despediam. A noite do casamento de Carol e Thor, dançando com ele, seus corpos próximos, o calor de sua mão pressionada contra sua pele. Ela conseguia se lembrar de tudo muito bem.

Muitas vezes Natasha se perguntava o que teria acontecido se o momento tivesse sido melhor, se eles não tivessem se exaltado naquela noite, se Carter não tivesse o levado pra casa, lançando sua sombra sobre eles para sempre. Eles teriam ficado juntos? Teriam sido felizes?

Os melhores filmes de todos os tempos nunca foram feitos. Eles eram protagonistas de algum deles.

Natasha balançou a cabeça tentando afastar os pensamentos. Ela manteve contato com Steve, enviando-lhe mensagens de texto ocasionais quando surgia algo que a fazia pensar nele. Uma vez até enviou cartões postais para sua filha. Mas os dois voltaram ao antigo hábito de evitar sentimentos, nunca falando sobre o que realmente queriam dizer. A ruiva sabia que estando de volta, lutaria para mantê-lo afastado, para manter seus sentimentos escondidos em suas caixas, e que a dor retornaria quando ela tivesse que ir embora novamente. Mas ela também tinha ciência que a ideia de estar com ele a enchia de uma leveza que não sentia há muito tempo. Uma leveza que ela gostaria de experimentar de novo. Se sentia sem defesa por querer revirar a cova novamente, mas era divertido imaginar que ele poderia ter sido o certo.

'Tis The Damn Season - ROMANOGERS #CONCLUíDAOnde histórias criam vida. Descubra agora