𝐈 𝐒𝐄𝐄 𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐈𝐆𝐇𝐓 • carlos de vil

➳ 𝘤𝘩𝘢𝘱𝘵𝘦𝘳 𝘵𝘩𝘪𝘳𝘵𝘦𝘦𝘯

[✓] CAPÍTULO REVISADO: 21-12-23.

≛

[...]

Florence estava completamente sem palavras. Por um momento que pareceu durar para sempre, ela apenas o encarou com uma expressão que continha um misto de emoções — confusão, surpresa, mágoa e muitas mais que ela sequer saberia nomear.

Por um momento sentiu-se traída; ele havia se aproximado apenas para obter informações sobre a varinha da fada madrinha? Tal pensamento foi descartado instantes depois. Se Carlos não se importasse, não estaria lhe contando tudo isso.

Enquanto tentava organizar os milhares de pensamentos, Carlos esperava pacientemente. Também não disse nada, não conseguia. Seu coração estava acelerado, o nó em sua garganta parecia nunca se desfazer.

— Você quer isso? — Ela quebrou o silêncio desconfortável.

— Não tenho escolha... — A voz dele saiu igual um sussurro. — Quero ficar com você, eu quero muito... Porque foi com você que aprendi a amar... Mas... Quando os vilões invadirem Auradon... Não terá espaço para o amor...

— ... O que vamos fazer agora? — Florence perguntou no mesmo tom.

— Vamos continuar juntos até a coroação. — A voz de Carlos soou mais firme. Ele delicadamente envolveu as mãos de Florence nas suas, olhando-a com altruísmo. — Depois disso... Mesmo que estejamos separados... Saiba que eu nunca vou deixar de te amar.

Sem qualquer coisa que lhe interrompesse, Florence o beijou. Seu coração estava partido, mas naquele momento, os lábios dela contra os dele eram um bálsamo, uma fuga temporária das sombras que pairavam sobre sua alma.

[...]

O que era para ser um dia de comemoração se tornou um peso para Florence. Diante do espelho, o reflexo de uma garota de sorriso apagado lhe olhava de volta. O vestido lilás lhe caía muito bem, assim como os acessórios que usava. Tudo isso a deixava com ar de realeza — uma verdadeira princesa.

Desde o dia em que Carlos confessou o plano dos vilões, Florence tentou consertar as coisas com seus amigos, especialmente Audrey. A filha da Bela Adormecida, apesar de parecer um tanto amargurada a princípio, aceitou reatar o laço de amizade.

— Oi. — Falando nela, Audrey apareceu ao lado do batente da porta. — Está na hora de ir.

— Oh, claro. Certo. — Florence assentiu após respirar fundo numa tentativa de tentar se acalmar.

— Você está bem? — A jovem perguntou, se aproximando da amiga. — Você parece nervosa.

— Um pouco. — Confessou. — Mas vou ficar bem.

Audrey pousou as mãos nos ombros de Florence.

— Sei que o dia é importante para todos nós. — Disse. — Não se preocupe, tudo dará certo. É o que acontece em todo conto de fadas, não?

— É... Acho que sim. — Florence forçou um sorriso.

[...]

A catedral onde a coroação aconteceria havia sido delicadamente decorada para tal. Todos os reis e rainhas haviam sido convidados e estavam presentes. A Branca de Neve estava televisionando o evento, fazendo comentários sobre praticamente tudo. As pessoas estavam felizes, o sol brilhava e nada parecia estar errado.

Do salão principal, Florence viu Carlos chegar junto de seus amigos. Ambos trocaram olhares carregados. Aquele seria o último dia de felicidade em suas vidas, a tensão era notável.

Trombetas soaram ao fundo, a coroação estava prestes a começar. Florence tomou seu lugar junto dos pais e ao lado de Audrey, que também estava acompanhada dos familiares. Ben adentrou a catedral instantes depois, caminhando confiante em direção ao lugar onde seus pais e a Fada Madrinha lhe aguardavam. E lá estava a varinha — o inferno de varinha.

Mal também esperava por ele. O olhar da garota era de cautela, e Florence sabia porque. Lentamente, Adam ergueu o vidro cristalino que protegia a varinha. Bela entregou-a para a Fada Madrinha, que anteriormente havia coroado Ben.

— Jura solenemente guiar os povos de Auradon com justiça e misericórdia enquanto for rei? — A Fada Madrinha recitou o juramento.

— Eu juro solenemente.

O sorriso da mais velha aumentou por conta da resposta.

— Então é com honra e alegria que o abençoo como...

Que inferno...?

A Fada Madrinha foi interrompida com gritos de surpresa. Jane, sua filha, arrancou a varinha de suas mãos. Ela obviamente não fazia a menor ideia de como controlar o artefato mágico, o que oferecia um perigo inimaginável para todos ali presentes.

— Filha, o que está fazendo?! — A Fada Madrinha exclamou.

— Se você não vai me fazer bonita, eu mesma faço isso! — Jane exclamou nervosamente.

— Protejam-se! — Adam exclamou.

Em um rápido movimento, Mal retirou a varinha das mãos de Jane. A filha da Malévola parecia em pânico, sem acreditar que enfim havia conseguido a varinha. Os amigos de Mal correram em direção ao salão principal.

Ben correu para frente.

— Mal... Me dê a varinha. — O rapaz pediu com a voz repleta de tensão.

— Para trás...

— Mal...

— Eu disse para trás! — Exclamou.

— Vamos embora. — Jay murmurou aproximando-se ainda mais. — Hora da vingança.

Florence estava em pânico, seu coração parecia que iria explodir a qualquer momento. Aquela cena alimentou seus medos mais profundos e obscureceu qualquer traço de esperança que ainda restasse em sua alma. O que era para ser um conto de fadas tornou-se um verdadeiro filme de terror. Aquele era o fim.

— Você quer mesmo fazer isso? — Ben perguntou numa tentativa de fazê-la mudar de ideia.

— Nós não temos escolha, Ben! — Mal exclamou. — Nossos pais...

— Nossos pais fizeram as escolhas deles. — O rapaz rebateu, olhando fixamente para todos da Ilha dos Perdidos. — Agora faça a sua.

Essa frase fez com que Florence olhasse para Carlos que, coincidentemente ou não, fez o mesmo, revelando nos olhos dele um misto de surpresa e compreensão. Pela primeira vez, ele teria o poder de escolha. Agora, tudo se baseava em uma resposta.