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» 𝓒𝓱𝓵𝓸𝓮̂ 𝓟𝓲𝓵𝓮𝓻𝓭𝓸𝓬𝓱𝓲 «

Depois do filme decidimos cada um ir para o seu quarto, eu fui dormir porque o sono estava a atacar-me com força, como se eu fosse perder os meus sentidos a qualquer momento. Deito a minha cabeça numa das almofadas e rapidamente adormeço.

Estava tudo escuro, como se eu tivesse presa num lugar onde a luz não brilhava. Uma sensação esquisita passa pelo meu corpo, como um arrepio. Olho em volta e levanto-me. Começo a andar, e quanto mais andava mais parecia que não saia do lugar onde estava. Será que é real? O que está a acontecer?

– Cloê. – Ouço alguém a falar ao fundo e um foco de luz aparece deixando-me um pouco cega e desorientada.

– Mãe! – Falo apercebendo-me de quem era.

Conseguia vê-la no fundo e começo a caminhar até ela, mas mais uma vez era como se eu não saísse do lugar onde estava. Ela acenava sorridente para mim sem se aperceber do que estava a acontecer atrás dela. Uns homens aproximavam-se dela.

– MÃE! – Grito com todas as minhas forças, mas o som simplesmente não saia. – MÃE OLHA PARA TRÁS! MÃE! – Continuo a gritar sem sucesso e as lágrimas já me caiam pelo rosto abaixo.

Tento usar os meus poderes, mas por alguma razão eles não funcionavam.

– MÃE! – Eu corria como nunca e a sua imagem ficava cada vez mais distante e nesse momento os homens apanham-na, enquanto dois seguravam nela outro dispara na sua cabeça, estilo execução, com uma arma que eu nunca tinha visto antes.

O barrulho do tiro ecoou naquele espaço e o seu corpo cai inanimado no chão. Continuo a correr com todas as minhas e eventualmente chego até ela.

– NÃO! MÃE, MÃE... – Os homens já tinham desaparecido e já era só eu com o corpo já frio da minha mãe nos meus braços.

As minhas lágrimas intensificam-se e eu aperto o seu corpo contra o meu.

– Porquê mãe? – Digo soluçando entre o choro. – Mãe. – Passo a minha mão no seu rosto, ajeitando-lhe o cabelo e por consequência a minha mão fica cheia de sangue.

É nesse momento que sou consumida por uma raiva inigualável, como eu nunca senti. Olho à minha volta e novamente ao longe ouço uma voz me chamar.

– Cloê.

Era ela, a minha mãe, olho para o chão onde eu tinha deixado o seu corpo, mas ele já não estava lá mais. As minhas mãos outrora revestidas com o seu sangue, agora estavam limpas. E a cena repete-se, estavam 3 homens atrás dela que a apanham como da primeira vez, eu tentava correr, mas era escusado. Assim que o seu corpo cai no chão sem vida eu consigo me mover e fico com ela, novamente nos meus braços.

Ela desaparece mais uma vez e a cena volta a repetir-se, vivo uma e outra vez o mesmo cenário e nunca consigo chegar a tempo.

– PAREM! O QUE QUEREM DE MIM? – Grito para o nada e como de esperado ninguém me responde.

Eu já não conseguia suportar a minha mãe a chamar o meu nome seguido pelos seus gritos. Agacho-me e deito-me no chão em posição fetal, com as minhas mãos nos meus ouvidos tentando abafar o barulho do tiro, dos seus gritos, do seu corpo a cair.

Eu continuava a chorar e as lágrimas sempre vinham, a minha respiração estava acelerada deixando me zonza por uns segundos, mas depois o barulho para e volta tudo a ficar escuro. Já não via a minha mãe nem os homens que a rodeavam.

– Cloê!? – Ouço a voz rouca do meu pai, e viro-me para trás.

Lá estavam eles, o meu pai, a minha mãe e o meu irmão de joelhos no chão e cada um com uma arma apontada na parte de trás da nuca.

– PAREM! O QUE É QUE QUEREM DE MIM? PAREM COM ESTA TURTURA. – Grito uma última vez já sem forças.

– Diz adeus, pode ser a última vez que os vais ver. – Ouço uma voz diferente e o ouve se o barulho de três tiros todos com apenas alguns segundos de diferença.

– NÃO! – Corro até eles.

» 𝓑𝓾𝓬𝓴𝔂 «

Eu já estava deitado a encarar o teto há algum tempo, tentando perceber o que realmente sentia por Cloê. Os nossos beijos iam-se intensificando e eu queria ela cada vez mais nos meus braços. Acordo dos meus desvaneios com um grito vindo do quarto ao lado. Levanto-me e sem pensar duas vezes e vou a correr para o quarto ao lado.

– Cloê! – Chamei entrando no comodo e chego perto dela.

A sua testa estava suada e lágrimas corriam pelo seu rosto, conseguia ver que tinha os seus punhos fechados, parecia que ela estava a ter um pesadelo, tento acordá-la dando-lhe leves abanões. Ela murmurava algo, mas eu não conseguia perceber bem o que era. O seu corpo não parava quieto e eu tentava acalmá-la nos meus braços.

– NÃO! – Ela grita e o seu corpo para de se mexer.

Alguns segundos depois ela abre lentamente os seus olhos cruzando-se de imediato com os meus, ela parecia confusa e a sua respiração estava acelerada.

– Estás bem? – Pergunto ainda com ela nos meus braços.

– E-eu não sei. O que aconteceu? – Ela pergunta-me confusa ainda acalmando a sua respiração.

– Eu ouvi-te gritar. Parecias estar a ter um pesadelo, não te lembras de nada? – Pergunto curioso com a sua reação e limpo algumas das suas lágrimas que ainda corriam pelo seu rosto.

– Não, só me lembro de adormecer e acordar contigo ao meu lado. Porque é que eu estou ofegante e tenho a minha cara molhada? O que se está a passar? – A sua confusão agora era tomada pelo nervosismo.

– Está tudo bem, eu estou aqui. Queres que eu fiq...

– Sim, por favor! – Ela responde sem eu mesmo terminar a minha pergunta.

Levanto-me e vou fechar a porta do quarto. Cloê deixa um espaço livre do seu lado ao qual eu tomo. Ela deita a sua cabeça no meu peito descoberto, pois não tinha tido tempo de vestir mais nada, estava apenas de boxers largos. Eu envolvo-a com o meu braço de metal e aconchego-a para mais perto de mim. E assim ela adormece rapidamente. Fico quase hipnotizado com a sua beleza e a sua respiração a bater no meu peitoral, que agora estava mais calma.

O meu sono tinha ido completamente embora, o meu estado alerta tinha sido ativado com receio que ela volta se a ter o seu pesadelo. O mais estranho foi que ela não se lembrou de absolutamente nada. Deito a minha cabeça na almofada e fico a encarar o teto à espera de que o sono venha. Eventualmente adormeço.

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⏰ Última atualização: Nov 29, 2023 ⏰

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AKASHA || 𝐁𝐮𝐜𝐤𝐲 𝐁𝐚𝐫𝐧𝐞𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora