Capítulo 34

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   A vida é feita de escolhas,  e é essa parte que nos coloca em sérios casos de dúvidas e incertezas. Afinal, a mente humana é capaz de tudo,inclusive de se auto sabotar acreditando que o duvidoso pode vir ser o correto algum dia. Temos a habilidade de nos conduzir a uma margem de acerto e próprio, mas também somos capaz de destruir toda solidez que levamos anos para construir e erguer.  Somos a nossa própria fraqueza.

    E nessa perspectiva e cruel realidade, Jade se encontrava sentada na sacada de seu quarto, sentindo os primeira raios de sol aquecer sua pele pálida e delicada, seus olhos estavam fechados e havia um pequeno sorriso no canto de seus lábios; ela estava bem, tranquila e serena consigo mesma.

      Com a certeza de que não estaria sozinha naquela casa localizada no meio de uma floresta, afastada de toda civilização e problemas caóticicos que a urbanização poderia lhe trazer, a modelo se absteve de qualquer contato com o mundo exterior. Jade saiu daquele hospital sem ao menos prestar depoimento para qualquer mídia, sequer teve o interesse de mostrar a sua imagem para que soubessem que estava bem e viva; ela não o fez,pois sabia que para aquelas pessoas esse fato não importava. As notícias, a tragédia que sucedeu a sua vida e todas as lágrimas que choraria durante muitas noites, isso sim era o que importava aos olhos daqueles abutres. Jade Campbell saiu daquele hospital acompanhada de uma única pessoa,  e era esse alguém que cuidava de si todo o tempo.

      Ao ouvir a porta ser aberta e o perfume amadeirado de Bryan preencher aquele cômodo silencioso,  Jade girou minimamente sua cabeça em sua direção,abriu os olhos e encarou a imagem daquele que jamais lhe abandonaria a deriva e de sua própria sorte. Bryan trazia xonsigo uma bandeja recheado para o café da manhã, assim como tinha uma feição calma e feliz. Ambos estavam bem, vivendo aquilo que sempre almejaram.

     – Acreditei mesmo que encontraria você na cama. Mas vejo que isso é impossível – o humor empregado em sua voz fez com que a garota suspirasse em certo apresso, afinal, amava todos os mínimos cuidados que  Bryan tinha consigo.

      – Acordei e você não estava, então quis ver o nascer do sol – Bryan apenas assentiu em concordância.

    Aproximando-se e deixando a bandeja sobre a mesinha ao lado da cama, Bryan voltou sua atenção para Jade e lhe ofereceu sua mão, ao sentir o toque quente da pele macia, ele sorriu e lhe impulsionou a ficar de pé,  por fim, lhe puxou para uma abraço, deixando assim, um beijo em seus cabelos sedosos e com cheirinho de morango.

     – O intuito era fazer um café da manhã especial para você e lhe trazer na cama – com uma feição de falso desapontamento,  Bryan suspirou contra a pele sensível do pescoço de Jade e lhe beijou castamente.

    Com o corpo amolecido pelo carinho recebido,  Jade suspirou e se aconchegou no abraço caloroso que recebia. Ela sabia que as coisas ainda eram estranhas entre eles, tinha certeza que ambos precisariam ter uma longa conversas para as coisas realmente se ajeitarem como deveria ser e ter sido desde o início.  Contudo, sob a certeza de que aquele não era o momento e que Bryan não voltaria a lhe negligenciar como havia feito, Jade apenas suspirava com paciência e alívio; afinal,por mais que aquele relacionamento estivesse nebuloso, ela ainda sim conseguia enxergar os leves a e acolhedores raios de sol no horizonte.

     – Vamos ter outra oportunidade, B! - mesmo desejando ficar horas presa naquela abraço, Jade se afastou e, como se sentisse seu corpo cansado, sentou-se na cama e acomodou-se por entre os travesseiros.

   Em meio a todos os acontecimentos de sua vida, a forma em como sempre precisou se restaurar para começar novamente fizeram com aquela garota fechasse os olhos para certas situações, a obrigaram se calar por coisas que lhe incomodavam constantemente. E naquele momento, voltando a observar atentamente o homem que estava á sua frente, lhe encarando como se não pudesse perder nenhum mínimo detalhe de seus movimentos pois caso contrário perderia algo importante, fez com que ela se desse conta do que estava se passando ali.
    
   Os primeiros dias estando naquela casa e em companhia de Bryan se basearam em cuidados e demonstração de afeto, havia sido uma situação  e convivência " de outro mundo" algo que ninguém poderia explicar. Contudo, sentindo as vendas deslizarem de seus olhos,  entendeu que ela se acomodou com Bryan, se tornou dependendo dos carinhos, do afeto e do amor que ele sempre lhe deu, mas que no primeiro momento de uma discussão que parecia ser perdoável, ele lhe abandonou a deriva.

    No final de cada pensamento e justificativa que ela tinha dado para ter se sentindo abandonada, Jade finalmente enxergou que por todo aquele tempo, ela deu razão para Bryan, ela apaziguou algo que realmente deveria ter sido vivido e discutido,quantas vezes fosse necessário.  Jade amou tanto aquele homem, que apenas ignorou a dor da incerteza, a angústia presa em sua garganta, a omissão que ele fez consigo, e o desleixo. Jade Campbell se sujeitou a viver uma incerteza,somente para manter um alguém feliz e que, de certa forma, se vitimou.

     Não é como se a culpa de todos os conflitos, de todas as discussões e brigas fossem de Bryan,  apenas é certo dizer que ele teve uma grande parcela nela. Jade errou em escolher por si só, errou em omitir os fatos desde o primeiro momento,  ela cometeu um erro de julgar Bryan com precipitação; ela poderia ter comentado, poderia ter imposto sua decisão como algo que sempre prevaleceria, afinal, ela não estaria pedindo a opinião, mas sim, deixando claro sua decisão e certeza de seus atos. E essa conversa que deveria ter sido necessária faria com que as certezas fossem vistas e mostradas: ela descobriria como seu relacionamento terminaria, teria consciente de até onde ele poderia suportar; Jade poderia ter descoberto se deveria ou não sentir medo das reações de Bryan.

    E assim como ela errou, Bryan não estaria livre de erros cometidos. No momento em que negou a ouvir o que Jade tinha a dizer, no estante em que deixou guardado os seus reais sentimentos, ele automaticamente escolheu remover aquela garota de sua vida, escolheu deixá-la partir sem que algo fosse solidificado: amizade, irmandade, ou até mesmo, o amor que sentiam um pelo outro. Ele errou em mentir para ela, em se afastar sem ao menos explicar o motivo, em deixar que as descobertas viessem de forma surpreendente e destrutiva. No entanto, algo que não se pode passar despercebido: ambos erraram em não colicarem um fim em tudo o que tiveram um dia. O fato de terem recomeçado uma nova vida sozinhos, ou com outras pessoas, não faz com que as certezas estejam visíveis: aquela conversa pendente deveria ter acontecido antes de tomarem novas decisões e novos caminhos.

   Seus pensamentos estavam intensos  e confusos, mas como havia estabelecido mentalmente,  Jade sequer daria uma palavra sobre o assunto: preferia momentos de calmaria e um tsunami em seu interior e emocional.

    — Linda, você está bem? Estou te chamando e você não responde – estando preocupado, Bryan se aproximou e sentou-se próximo a ela, por fim, tocou em sua perna delizando as mãos em sinal de carinho.

     – Estou,apenas me desliguei um pouquinho. Ainda estou com sono! – Jade mentiu, afinal sono seria a última coisa que sentiria naquele dado horário.

      – Por que não volta a dormir mais um pouquinho? Assim, quando despertar, poderemos ir na cachoeira que você tanto quer conhecer – afetuoso como sempre, Bryan se inclinou em sua direção e deixou um beijo em sua testa – são apenas oito e meia da manhã, podemos nos programar para as duas da tarde!

     Mesmo contra a sua vontade e indo o oposto do que sua mente barulhenta pedia, Jade concordou.  Negando o café da manhã, mesmo que estivesse com fome, ela se deitou embaixo dos lençóis e suspirou a medida que Bryan iniciava carícias em seus cabelos espalhados pelo travesseiro.

    – Sabe que não vou lhe deixar sozinha, não sabe? Então, pode dormir tranquila, bonequinha! – sussurrando, enquanto seus olhos se encontravam fixos aos dela, Bryan sorriu como se estivesse fazendo mil e uma promessas somente com aquela frase.

     Sem lhe dar uma resposta verbal, Jade se afastou para o lado e o puxou para juntar-se a si, por fim, se aconchegou no ombro dele e se permitiu relaxar.  Não era algo comum de se acontecer, mas pela calmaria que sentia e o jeito como parecia estar " em casa", com o passar dos minutos, todos esses detalhes lhe fizeram ficar sonolenta. E quando Bryan percebeu, Jade estava adormecida agarrada a si e com a respiração leve.

    Ele entendia que apesar de não demonstrar, Jade tinha milhares de perguntas a serem respondidas, ele conseguia sentir pelo ar, pela forma em como muitas vezes ela ficava aérea. Ela não precisaria fala, Bryan já sabia e entendia que em algum momento ela se sentaria diante si e perguntaria tudo o que lhe viesse a mente. E para isso acontecer, Jade precisaria apenas de tempo,precisaria apenas sentir-se bem para poder aceitar o que estava por vir e recomeçar sob tudo isso.

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