A Noite Do Diabo - Jikook

8. Dia Sete pt.1

Deitado, frustrado, triste, acabado. Essas são apenas algumas palavras que poderiam descrever o estado do pobre Padre, seu corpo sem forças implorando por algo que ele sabia não poder ter.
Sua mente sempre pregava uma peça onde pensava ouvir a doce voz do seu pobre garoto lhe chamando, ele até mesmo pensava que estava ficando louco.
Seu corpo doía e esquentava, pedia por um toque que fosse daquele certo alguém, seus olhos imploravam pra ter a visão do menor entrando pela porta da casa de Deus e o abraçando, fazendo ser sentir quente e acolhido. Queria pelo menos poder ver o sorriso de Jimin, ouvir o som de sua risada e responder uma das inúmeras perguntas que o menor lhe fazia.
Colocou na balança tudo oque aconteceu consigo nos últimos 7 dias, como sua vida foi virada de cabeça para baixo pelo simples fato de um jovem garoto ter lhe feito sentir e querer coisas que em toda sua vida julgou dispensáveis. Se lembrou da pergunta que uma das fiéis que havia ido se confessar consigo o fez: "O Senhor já se apaixonou Padre?" Quando lhe foi questionado ele soube como responder, mas se lhe perguntassem agora, sua resposta seria completamente diferente.

Jeon sentia um vazio dentro de si, uma necessidade estranha de estar perto do menor mesmo sabendo que não era o certo, mesmo sabendo que muito provavelmente Jimin preferiria alguém como o tal Lee e aquilo só servia para sua dor aumentar mais ainda.
Como consequência de seu estado, o Padre não abriu a Igreja pela manhã e não respondeu as mensagens do idoso que era um representante da comunidade. Se sentia fraco de mais pra qualquer outra coisa que não fosse se manter em sua cama revivendo os poucos momentos em que teve Jimin em seus braços.
Até mesmo Chico parecia agitado, o felino descia e subia na cama, andava em círculos e o encarava como se pudesse achar no dono alguma coisa que não fosse o peso que o Padre sentia em seu coração.

- Eu não sei oque fazer Chico. Não consigo me concentrar em nada. Eu...eu escuto a voz dele dentro da minha cabeça a todo momento, acho que estou ficando louco.

Jeon fala se sentando na cama e olhando para Chico que lhe observava como se entendesse cada palavra.

- Porque isso tinha que acontecer comigo Chico? Porque eu tive que ser tão fraco? Porque Deus me abandonou dessa forma?

Ele questiona mesmo sabendo que seu amigo felino não o responderia, mas no momento Chico era sua única compainha.
Sem ter muito oque fazer, ele se levanta e caminha até sua cozinha para dar comido ao seu gatinho, assim que chega no pequeno cômodo ele se depara com um pássaro branco morto no chão.
Ao se aproximar ele consegue ver um pequeno rastro de sangue pelo piso claro, não era a primeira vez que isso acontecia, Jeon sabia sobre os instintos de felino que seu amigo tinha então sempre tratou com normalidade, mas a cena a sua frente era diferente. Não era apenas um pássaro morto e sim um pássaro que carregava em seu bico um ramo verde.

Lembrou-se na hora de uma das maravilhosas histórias da Bíblia onde durante o dilúvio, Noé enviava uma pomba branca em busca de terra firma, durante muito tempo o pássaro voltava como partiu, sem nada, até que no dia em que Noé e sua família já não tinham mais esperanças de ver o pássaro, ele retorna e trás consigo um ramo verde, de uma folhagem nova, indicando que próximo de onde estavam Noé e sua família teriam um recomeço.
Lembrando disso, o Padre acolheu o pobre pássaro em suas mãos e o encarou. Oque aquilo queria dizer? Seria um sinal que seu futuro não seria tão próspero e frutífero quanto foi o de Noé? Será que ele não teria chances de um recomeço?

- Você fez isso não fez Chico?

Ele pergunta e seu gato o olha de forma curiosa.

- Já lhe ensinei a não maltratar outro animais, eles são criaturas de Deus assim como você.

Ele fala Chico simplesmente mia em sua direção como se não desse a mínima para sua fala. Ainda com certo cuidado, o Padre vai até seu quarto com o pobre pássaro na mão e pega de seu guarda roupas uma caixa de sapatos, coloca o animal ali dentro e decide cuidar dele mais tarde, já não havia muito oque se fazer na verdade.
Voltou para a cozinha e Chico lambia suas patinhas da frente, quando o Padre abaixou-se para lhe dar um pouco de leite sentiu uma tontura e junto com ela se pode ouvir algo.