26. Refúgio

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Pedro: — Bom dia, Jão! — Pedro chamou logo que acordou.

Jão: — Ãnh? — Ele resmunga meio sonolento ainda.

Pedro: — Bom dia! — Ele repete. — A gente tinha combinado de sair hoje.

Jão: — Que tal mais tarde? — Jão vira pra Pedro na cama, abraçando seu corpo. — Ainda tô com sono.

Pedro: — Jão... — Pedro ri, desarmado pelo contato do garoto. — Tudo bem, só mais um pouquinho. — Ele deixa um beijo no rosto dele. — Eu quero te levar em um lugar hoje.

Jão: — Aonde?

Pedro: — Surpresa! — Ele acomoda o corpo no de Jão novamente e volta a fechar os olhos.

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Jão: — Não acredito que caí no seu papo de novo! — Jão diz ofegante enquanto eles chegam na lanchonete que foram na primeira vez que ele saiu do colégio.

Pedro: — Você é muito dramático. — Pedro ri. — Pode se sentar enquanto isso. — Diz já pegando o cardápio. — Vai querer alguma coisa específica ou eu posso escolher.

Jão: — Pode escolher. — Murmura ainda recuperando o folego.

Pedro: — Tudo bem, — Ele vai até o atendente da lanchonete e faz os seus pedidos. — Ah, e é pra viagem, tá? — Diz ao atendente antes de voltar pra mesa.

Jão: — Pra viagem? Como assim, pra onde a gente vai?

Pedro: — Eu disse que ia te levar em um lugar, lembra? Não estava me referindo a essa lanchonete. — Ele ri. — É um lugar novo.

Jão: — Estou curioso.

Logo que pegam seus pedidos, eles seguem, Pedro ainda passou em outros lugares para comprar comida, incluindo um mercado onde eles compraram alguns doces e bebidas.

Depois andar um tempo e pegar algumas conduções, eles chegaram em uma espécie de parque, Pedro guiou Jão para o meio das árvores onde a luz do sol não adentrava direito, logo em seguida abriu sua mochila e tirou uma toalha colorida, forrando o chão.

Pedro: — Pode se sentar agora. — Diz se sentando no chão. 

Jão: — Pedro... — Jão sorri sem palavras e se senta ao lado dele. — Que lugar bonito.

Pedro: — Queria fazer uma coisa diferente hoje.

Pedro pega o celular e abre sua playlist, ele procura uma específica e põe pra tocar.

Jão: Um Trem para as Estrelas? — Ele sorri, reconhecendo logo que soam os acordes calmos da música.

Pedro: — Tava ouvindo essa enquanto escrevia uns roteiros essa semana, achei muito bonita, e eu gosto do toque mais tranquilo.

Jão: — Eu gosto também, acho que combina um pouco com a paz que esse lugar me traz.

Pedro: — Você gostou daqui?

Jão: — Eu amei! — Ele encosta a cabeça no ombro de Pedro, pegando seu sanduíche. — Aqui é muito lindo.

Pedro: — Ah, que bom. — Ele sorriu. — Sabe, quando eu era criança, no aniversário do meu irmão teve muitas luzes, eu sou o único da família com fotofobia e na época meus pais ainda não entendiam bem o que meu distúrbio significava, eu era bem pequeno, mas foi uma experiência terrível. Quando me acharam escondido em um dos armários é que eles percebem o quanto todas aquelas luzes piscando me assustavam. — Ele dá um sorriso nostálgico, os olhos fixos no horizonte, perdido nas suas lembranças. — Então, sei lá por que motivo me trouxeram aqui, dizendo que a natureza poderia me acalmar e já que nessa parte, no meio dessas arvores, a luz do sol é bem filtrada e fica mais branda e bem mais tranquila de lidar do que qualquer luz eletrônica, funcionou bem, eu fiquei mais calmo, foi aqui que eu ganhei minha primeira câmera também então eu tenho muitas das primeiras fotos foram tiradas aqui.

Pedro: — Desde então esse parque foi meio que se tornou um refúgio pra mim, eu sempre venho aqui quando preciso de paz, ou estou muito desanimado, nunca contei essa história pra ninguém, nem mesmo a Malu sabe desse lugar, mas não sei sentir que devia te trazer aqui.

Jão levou sua mão até a de Pedro e enlaçou seus dedos.

Jão: — Obrigado por confiar em mim nesse ponto, Peu. — ele sorri. — E eu também me sinto melhor estando aqui, com você.

Ele aproxima o rosto do Pedro e sela seus lábios, um beijo tranquilo e transmite tanta paz quanto o ambiente que eles estão nesse momento.

Pedro: — Sabe, na noite da tempestade, você me trouxe uma paz semelhante, eu queria poder te refugiar dessa forma também.

Jão: — Sabe o que me atraiu em você naquela noite?

Pedro: — O quê?

Jão: — Você se mostrou frágil pra mim, eu nunca imaginei que vampiros poderiam ter medos e tal, sei que é meio irreal, mas... — Ele tocou o próprio pescoço e em seguida balançou a cabeça pra fastar as lembranças. — Foi o que me fez ter certeza de que todos os vampiros não eram iguais, e que você era... diferente dele.

Pedro: — Eu fico feliz que você conseguiu confiar em mim depois de tudo que você passou.

Jão: — O mesmo pra você, né, já que os seus pais...

Pedro: — Não liga pra isso, ok? — Pedro beija seus lábios suavemente.

Jão: — Obrigado por me trazer aqui, amor... — Ele diz como quem pensa alto.

Pedro: — Amor? — Pedro abre um sorriso enorme.

Jão: — Ah... — Ele abaixa os olhos, envergonhado. — Foi sem querer...

Pedro: — Eu gostei. — Ele volta a beijá-lo.

Os dois se beijam mais um pouco e depois voltam a comer os lanches que tinham levando, enquanto ouviam a playlist de Pedro, que Jão notou que tinha exclusivamente músicas do Cazuza.

Pedro: — Jão. — Chama depois de um tempo.

Jão: — Sim, Peu?

Pedro: — Você quer namorar comigo?

Jão dá um sorriso surpreso.

Jão: — É serio? 

Pedro: — Sim... se você quiser, claro...

Jão: — É logico que eu quero, Pedro! — Ele sorri e em seguida o beija. — Obrigado por ser meu refúgio

Pedro: — Eu que te agradeço, amor.

Sangue, Amor & Outros Traumas - PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora