Sangue, Amor & Outros Traumas - Pejão

3. Amizades

Pedro entrou no refeitório, caminhando em direção à mesa que seus amigos tinham o costume de sentar.

Pedro: — Oi gente. — Cumprimentou, puxando uma cadeira e todos o cumprimentam de volta.

Logo que se sentou na mesa, mais uma pessoa se sentou na sua frente, colocando dois copos decorados sobre a mesa

Malu: — Vocês não vão acreditar! — Disse, rindo. — Eu trouxe o copo da Gi! — Ela começou a rir. — Dessa vez fui eu.

Renan: — Fala de mim agora, trouxa! — Debochou.

Malu: — É que você foram três semanas seguidas, né, Renan, aí fica difícil de te defender!

Bruno: — Vocês têm que aceitar que a Gi abandonou a gente.

Malu: — Não fala assim dela, Bruno.

Renan: — Até porque daqui a uns meses vai ser você!

Bruno: — Parem com isso, vocês sabem que eu não vou ter escolha!

Renan: — A Gi também não teve!!

Pedro: — Primeiramente. — Pedro aumenta o tom de voz, chamando a atenção dos amigos. — Me dá esse sangue aí, Malu, eu tomo, estou com fome mesmo. — Pede, estendendo a mão até o copo. — Segundamente: Gente, tá tudo bem sentir saudade da Gi, foram mais de nove anos estudando juntos.

Renan: — Mas nosso grupo ficou tão incompleto desde que ela mudou.

Malu: — Pois é.

Pedro: — Eu sei, mas não tinha nada que nós ou ela pudéssemos fazer. — ele continua, enquanto coloca um canudo no copo. — E tem mais uma coisa que eu queria dizer.

Bruno: — Para de suspense, diz logo.

Pedro: — Eu tenho um colega de quarto agora.

Malu: — Em setembro? Quem se matricula no colégio em setembro?

Pedro: — Transferência. De outro colégio. De um colégio humano. Ele é um vampiro transformado. — Ele diz pausadamente.

Renan: — Um vampiro transformado?

Pedro: — E recém-transformado ainda por cima, o quarto ta coberto com o sangue dele, e ainda com aquele cheiro horrível de sangue humano misturado com sangue de vampiro. Dá pra acreditar? Eu vou dividir quarto com a porra de um vampiro transformado!

Malu: — Qual seria o problema de ele ser um vampiro transformado, mesmo, Pedro?

Renan: — Você disse que o quarto está coberto com o sangue dele?

Pedro: — Sim, ele tá com uma ferida aberta e parece um ferimento feio. Nem deve ter me visto entrando no quarto, porque estava se matando de chorar.

Bruno: — Meu deus, coitado, ele deve estar sentindo uma dor terrível.

Malu: — Minha mãe me contou uma vez que quando ela foi transformada ela quase morreu de tanta dor.

Pedro: — ah, eu tinha esquecido que sua mãe também é uma vampira transformada, Malu, eu quis parecer um idiota, igual aos meus pais, você sabe disso, mas sei lá, me incomoda um pouco dividir meu quarto a essa altura, só isso.

Malu: — Sei, tenta fazer amizade com ele, Pedro, vocês vão dividir quarto até o fim do ano, é melhor tentar ser amigável para convivência ser mais fácil.

Pedro: — Eu vou tentar, Malu, eu juro que vou.