Daylight

Parte Quatro

— Esse menino é esquisito. - Meng Yao comenta, ele passa um dos braços na cintura do namorado e veloz como um raio rouba o baseado dos lábios de Nie Mingjue, que se abaixando solta  a fumaça no seu rosto. — Já te disse para fumar essa porcaria, seu cérebro vai encolher.

— Foda. - Faz um beicinho, esperando um beijo que nunca vem.

— Pegue. – Meng Yao devolve o cigarro de maconha para Lan Xichen. — Mesmo que você seja esquisito, não tem que andar com gente esquisita e esnobe, sabe disso, né?

— Ele não é esnobe, só é um pouco… tímido? - Lan Xichen não pode culpar Meng Yao por achar Jiang Cheng esnobe, indiretamente é culpa dele que essa ideia se estabeleceu no seu grupo de amigos.

— Tá, ele finge que nem te conhece nos corredores e você chama isso de timidez?

Lan Xichen sacode os ombros.

O que ele pode dizer? Ele nunca disse a Jiang Cheng que gostaria de ser amigo, então ele não pode culpar ninguém pelo mal entendido.

— Você está entendendo errado.

— Passe pra cá. - Nie Mingjue tenta pegar o baseado, mas Meng Yao dá um tapa na sua mão. — Ai, quem ama não machuca.

— É pro seu próprio bem, você não quer ter disfunção erétil daqui uns anos.

— Sua afirmação não tem uma base sólida, amor. - Ainda assim, ele não tenta pegar a maconha de Lan Xichen outra vez, se curvando para beijar o pescoço de Meng Yao.

Na escola, as regras são rígidas, mas ele não se importa realmente porque o pai dele é muito rico, então ninguém vai expulsá-lo.

Ainda poderiam colocá-lo de castigo por beijar no meio do corredor, mas o monitor mais próximo dele é Meng Yao. Ele não receberá uma detenção de seu namorado que está rindo sem parar das cócegas causadas pelos beijos.

Lan Xichen termina de fumar com um sorrisinho bobo. Seus dedos costumavam queimar antes, mas é porque ele não tinha muito jeito com isso.

Na verdade, ele já aceitou que tem pouca noção espacial e não tem jeito com as mãos. A única coisa que ele faz bem com elas é dar soco.

Quem olhasse de fora, iria pensar que ele está observando os amigos, mas a cabeça de Lan Xichen continua presa na skin de personagem, toda a conversa de "é medicinal" e "não no seu caso, maconheiro safado", passa despercebida.

Ele não notaria que os amigos pararam de brigar se Jiang Cheng não tivesse aparecido na frente dele.

O menino está todo vermelho e segura um embrulho de pano, quadrado e robusto, como se fosse sua vida. Lan Xichen se preocupa de que alguém tenha feito bullying com seu vizinho novamente.

Bem, ele não é uma grande alma caridosa, mas é que… er, Jiang Cheng, certo?

Uma pessoa que cresceu com ele e é completamente incapaz de lutar contra três ou quatro pirralhos, dono de lindos olhos escuros e bochechas tão fofinhas que ele tem vontade de morder.

— Trouxe pra você. - Ele resmunga, empurrando na direta de Lan Xichen e assim que o outro pega, ele sai correndo.

— Aqui, seu dinheiro, você está certo, ele é muito esquisito. - Nie Mingjue tira duas notas do bolso e dá para o namorado.

— Cala a boca, ele só… Ele é tímido, deixe-o. Olha, o cheiro é de bolo de chocolate. — Lan Xichen não gosta de chocolate, quer dizer, do sabor artificial de chocolate que fica nesses bolos. — Podem comer todo.

Gentilmente, ele passa o pote de bolo para os dois amigos.

Seu coração se sente estranho, um pouco mole por como Jiang Cheng finalmente resolveu se aproximar dele depois de anos?