Parte Nove

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Poderia ter sido um encontro muito bom ou muito ruim, Jiang Cheng não poderia dizer porque ele estava tremendo de nervoso enquanto escolhia seu sorvete, suando frio enquanto se sentavam numa mesinha no canto e com vontade de soltar pum quando Lan Xichen iniciou uma conversa.

É isso, ele estava ansioso o tempo todo e não sabia avaliar o quão bem eles estavam se saindo.

Sua voz saiu muito mecânica? Alta demais? Baixa demais? O que ele errou?

Não tem como saber, porque Lan Xichen usa uma cara neutra quase que o tempo todo e quando ele tenta usar língua de sinais, Jiang Cheng apenas desiste de tentar entender, só sorri e acena até que os dois fiquem em completo silêncio.

— Isso não está dando certo pra mim, vamos embora. - Jiang Cheng quase engasga com o sorvete depois que Lan Xichen diz isso.

Sério, é uma situação ridícula em que Meng Yao e Lan Xichen se unem para ficar dando tapinhas nas costas dele, mandando ele respirar.

E Meng Yao fica olhando pra Lan Xichen, obviamente julgando porque ele conhece o amigo que tem.

— Respira, bebe essa água.  - Meng Yao lhe entrega um copo descartável e Jiang Cheng bebe alguns goles, os olhos e as bochechas vermelhas. — Pronto, tudo certo.

— É melhor a gente ir pra casa, vou pagar a conta.

— Sim, por favor.  - Jiang Cheng diz isso em voz alta, quase gritando, se sentindo extremamente aliviado de sair dessa situação constrangedora.

Meng Yao fica por ali, sem saber quem desses dois é mais esquisito. Porém, se ele pudesse apostar, diria que o mais esquisito de todos é o cara que ele namora.

— Olha, às vezes o Lan Xichen diz algumas coisas que… Mn, podem fazer a gente sentir que é algo inadequado ou que é deslocado. - O garoto respira fundo, sem saber muito bem como montar uma defesa pro melhor amigo. — Ele não está colocando uma segunda intenção, nem falando algo mau de caso pensado, ele só fala o que está pensando. Ou algo que foi dito perto dele e ficou na mente.

— Entendi. - Jiang Cheng não sabe muito bem onde essa conversa vai, ele só quer sair desse lugar onde ficou super constrangido. 

— Lan Xichen gosta de você por um tempão, ele pode parecer esquisito, mas é como lidar com qualquer outro garoto. - Parece uma piada ruim, alguém que não tem nenhuma deficiência tentando alertar uma pessoa com deficiência sobre ser paciente com seu amigo, que também tem uma deficiência. 

Jiang Cheng assente, é fácil perceber que Meng Yao está querendo fazer algo bom, mas que nem ele mesmo sabe o que tá falando.

— —

O caminho de volta para casa é extremamente silencioso, mas Lan Xichen está segurando a mão dele, então não parece que tudo deu errado no encontro.

Por que namorar não é como nos mangás clichês? Sabe, fácil e com brilhinhos quando se beijam.

Não que a vida foi fácil pra Jiang Cheng em algum momento. Ele já nasceu numa corrida, só que ele apenas pode pular numa perna só. Tudo é duas vezes mais difícil se você não nasce “perfeito” aos olhos da sociedade.

Três vezes mais difícil se você for uma pessoa feia, quatro se for inocente. E seis vezes mais se você for mulher, sua irmã que lhe ensinou isso.

Eles estão quase em casa, mas Lan Xichen muda o roteiro, indo em direção ao parquinho do condomínio. O balanço está vazio e ele não pode perder essa oportunidade.

Jiang Cheng fica ali, com ele, em silêncio, balançando devagar até que o outro toque seu ombro.

“Desculpa, o encontro, estragou. Eu. Sobrecarregado.”

Fofo, meu deus.

“Nem sabia o que eu estava fazendo também, nada foi estragado.”

“Verdade?”

“Sim, gosto de ficar com você.”

“Bom. Gosto de você.”

“Eu sei, seu amigo me contou que você queria me beijar até que eu me apaixonasse por você. Sabe, viver a vida juntos. Pássaros. Castelos.”

— Quê? Não falei nada disso pra ele. - Terrivelmente irritado e com o rosto ficando vermelho.

Mesmo que ele não tenha falado, quando ele era mais novo, essa era sua definição de amor. Uma espécie de felizes para sempre.

Jiang Cheng dá uma risadinha.

— É só uma deixa pra gente se beijar, tá? Se você quiser. - E porque ele tem vergonha de dizer em voz alta, ele acrescenta em sinais: “Vi tutorial de beijo francês.”

— Beijo com nacionalidade? Primeira vez que ouço falar.

— Deus, cala a boca. - Jiang Cheng salta do balanço e fica na frente de Lan Xichen, segura as bochechas dele e olha ao redor, só pra garantir que eles não vão ser mortos por homofóbicos. — Suas piadas são ruins.

E, bem, ele não se lembra do primeiro encontro oficial, mas se lembra de ter ido parar num canto entre dois prédios depois desse beijo, onde eles ficaram praticando beijo francês por quase uma hora inteira.

Foi um momento de glória para sua vida adolescente.

——

Olha só quem lembrou a senha e veio atualizar? Eu mesmo.

Tô passando os dias em inutilidade e tentando ser alguém na vida, mas tá dando tudo errado, então atualizei fanfic pra me sentir melhor.

Beijo, beijo.

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