Conhecendo o Bruno o amigo do meu primo.

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- Filho vai ser apenas por três semanas, no máximo! – disse minha mãe.
- Tenho certeza que vai se divertir muito com o tio e a tia e seu primo – complementou meu pai.
Sabe de nada inocente. Bom meus tios até que sim, mas meu primo?
- Não tem outro jeito... – dei de ombros.
- Teria se você não tivesse recusado a dona Zélia... – lembrou meu pai. Eu não quis entrar naquele assunto com meus pais.
- Vamos deixar isso pra lá, eu gosto muito do tio Roberto e da tia Sandra, vou ficar bem.
Meus pais me deixou na porta da casa dos meus tios Roberto e Sandra.
Minha tia, era irmã mais nova do meu pai.
- Vamos cuidar bem do Gil – disse tia Sandra aos meus pais que estavam no banco de trás do Uber, pra ir pro aeroporto.
Meus pais me acenaram da janela do carro, e desejei uma boa viagem a eles.
O carro partiu, e fiquei olhando até o veículo sumir de vista.
- Hei relaxa, até parece que foi deixado num colégio interno ou coisa assim – comentou meu tio, pegando minha mochila que trazia umas peças de roupas íntimas e meus acessórios de higiene pessoal.
Olhei para ele e sorri. Meu tio tinha um jeito de fazer as coisas a sua volta melhorar com o seu bom humor.
- Eu estou feliz que vou passar uns dias aqui com vocês!
- Nós sabemos disso querido – sorriu minha tia. – E sabemos que está preocupado não com a gente, e sim com o Tiago.
Não fiz o mínimo de esforço pra esconder aquilo.
- Pois é... eu e ele não nos damos muito bem, como sabem, mas de todo o modo, vou ficar na minha, sabe que não gosto de arrumar confusão. 
Meu tio me puxou para um abraço de lado.
- Se o Tiago te incomodar nos avise, sabemos como tratar aquele intolerante – piscou meu tio dando um risinho, e entramos para a casa, que era enorme, e tinha um jardim frontal de invejar qualquer amante de jardinagem, sem mencionar na bela piscina que era encantadora.
Meus tios tinha três empregados que cuidavam do interior da casa.
Silvio, Maria e Joana.
Eu conhecia os três há uns dez anos. Maria era uma talentosa cozinheira, Silvio era marido de Joana, que ajudavam na limpeza da casa, e nas instalações e reparos. Minha tia gostava de cuidar do jardim, e meu tio vivia maior parte do tempo na garagem reformando seu carro antigo e também no seu escritório analisando documentos tributários.
Meu primo Tiago trabalhava na loja de carros, da família. Ele era diretor desde que meu tio se aposentou.
Tiago tinha 27 anos. Era muito organizado e tinha um temperamento bem instável. Ora estava calmo, como num instante podia estar dando coice no primeiro que ele encontrasse na sua frente.
Eu sabia que assim que ele me visse na sua frente, seu humor ia mudar, para pior, é claro.
Meu tio não precisava mostrar a  casa e muito menos onde dormiria, pois eu conhecia tudo como a palma da minha mão. Nada da casa havia mudado, então eu sabia que o quarto de hóspede estaria já bem arrumado a minha espera.
O empregado Silvio veio me cumprimentar:
- Olá, jovem Gil, seja bem vindo novamente.
- Oi Silvio, é um prazer reencontrá-lo, vou ficar por uns dias aqui, espero que me suporte até lá – disse rindo.
- Tenho certeza que vai ser dias bem divertido, pois você alegra todos a sua volta.
Fiquei corado com o jeito gentil que ele falara. De certo, o meu primo não animava a casa no seu tempo de folga.
- Eu vou cumprimentar a Joana e a Maria – Disse e sai para encontrá-las. As duas estavam na área da cozinha.
Ao me ver as duas vieram alegremente para me abraçar.
Eu abracei as duas senhoras com muita vontade, eu gostava de conversar com elas quando tinha que ficar na casa dos meus tios, e me distraia muito ajudando Maria na cozinha, ou ouvindo seus casos do seu cotidiano.
Era muito gostoso dividir meu tempo com elas, e com meus tios.
Em casa eu não tinha quem passar meu tempo, a empregada Zélia vinha três dias na semana, e ela não era uma boa companhia, pois vivia tentando me converter dos meus pecados sodomitas. Ela era evangélica de uma igreja bastante conservadora, e segundo ela, eu iria para o inferno se não me arrependesse, então para não criar atrito com ela, evitava o máximo de ficar perto dela, ela era uma pessoa boa, mas tinha o péssimo hábito de querer me converter a qualquer custo, e eu não suportava aquilo, já meus pais trabalhavam o dia todo, voltando só no fim do dia, cansados e quase não conversávamos sobre o nosso dia.
Eu sabia que meus pais estavam se sacrificando para nos dar um melhor conforto, e então por bem ou por mal, aquilo era um preço a se pagar.
Era oito e quinze da manhã de quinta-feira. Tiago estava no trabalho, a concessionária ficava no centro da cidade, eu já havia ido lá algumas vezes, inclusive o último carro da mamãe foi comprado lá.
Depois que cumprimentei as minhas amigas, Maria e Joana, subi as escadas pro segundo piso, e fui pro quarto de hóspede, que havia três disponíveis, mas a que eu ficava era o que tinha um banheiro, assim eu não precisava usar o banheiro do corredor.
Eu abri o guarda roupa e vi que havia algumas peças de roupas nos cabides, e afastei todas num único canto, pra ganhar mais espaço. Eu teria que usar as roupas que meu primo não usava mais, pois não trouxe as minhas, só cuecas, e dois pares de tênis. Meu primo era muito vaidoso, tinha o costume de todo mês comprar roupas novas, e não repetia as anteriores, e meus tios não o deixava jogar fora, já que todas eram seminovas e os empregados não faziam questão de pegar e doar para seus parentes.
Eu não fazia questão de usar as bermudas e as camisas de Tiago, mas ele certamente ia jogar no fogo depois que eu as devolvesse.
Ajeitei minhas cuecas, meias, numa gaveta e guardei meus tênis, se aquilo não fosse suficiente, podia sair pra comprar mais, pois tinha um ótimo cartão de crédito que meus pais me deram. Eu não trabalhava, mas não por que eu não queria, porque meus pais insistiam pra eu retornar os estudos na faculdade... mas depois do que houve a cinco anos, eu não sentia ainda preparado pra voltar, e então meus pais não me pressionava sobre isso, preferindo me dar um cartão de crédito para comprar o que eu precisava, claro que eu não abusava, e fazia meses que não comprava nada numa loja de roupas.
A cidade onde meus tios moravam ficava uma hora de carro da minha, porém era mais populosa, e tinha mais lojas diversificadas, já que a minha era bem interior mesmo.
Desci para o térreo, vi dona Joana passando o aspirador nos sofás, e seu marido, Silvio estava podando as árvores do jardim, e dona Maria lidava com as panelas na cozinha.
- Joana onde estão os tios?
- Amor, sua tia teve que ir ao salão e seu tio foi na agropecuária comprar ração para os peixes.
Ah o aquário! Sim meu tio tinha um belo aquário no seu escritório, as vezes ficava horas olhando os diversos peixes coloridos nadando monotonamente de um lado a outro, as vezes passando pelas fendas de pedra, e circulando uma mini réplica do Titanic dividida ao meio, meu tio gostava de decorar o fundo do aquário, e eu achava incrível aquele hobby.
Fui pra cozinha procurar por uma maçã ou banana, e depois de ganhar as duas, sai mordendo a maçã que estava muito suculenta, e voltei pro meu quarto. Lá deitei na cama, dessa vez meus tios quiseram por uma cama de casal, ao invés de solteiro. Menos mal, teria mais espaço para rolar. Fiquei de bruços, e agora descascava a banana.
Estava bem a vontade, usava naquele instante um short curto, pois gostava de mostrar minhas pernas modestamente bem lisas e bem torneadas, pois amava fazer exercícios de pernas para deixá-las bem definidas. Meu bumbum então era durinho, e quando eu vestia um shortinho ajustado realçavam meus glúteos que era difícil até mesmo para um heterossexual não olhar. Eu mantinha uma dieta equilibrada.
Enquanto comia a banana, de bruços na cama, não notei que alguém adentrara o quarto, pois estava de costas, e de repente, um estalo forte na minha nádega direita me fez soltar um berro de dor e de susto ao mesmo tempo. Dei um pulo instintivamente devido o ataque, e quase engasgo com um pedaço de banana. Sento e me desviro rapidamente e vejo alguém curvado na cama. Não era meu primo, ele jamais prezaria fazer aquilo, não era ninguém que eu me lembre ter visto na vida, ou se tivesse visto, não me recordaria. Era um rapaz alto, moreno claro e uma bonita barba. Era forte, do tipo de cara que passava horas na academia malhando o corpo inteiro. Em outras palavras era um rapaz incrivelmente bonito, e deveria ter uns 30 anos ou mais.
- Que diabos é você? E porque me bateu? – digo a ele, ainda segurando a banana mordida. Será que era um novo empregado?
O rapaz se endireitou. Ele tinha um corpo de dar água na boca.
- Bom dia pra você também – disse ele cruzando seus braços. Se o tapa na minha nádega havia doido, nem queria imaginar como seria receber um soco daquele brutamonte.
- Eu não vou dar bom dia pra alguém que invade o quarto dos outros e o surpreende dando um tapa na bunda! – repliquei. – Além disso nem sei quem é você, e não lhe dei permissão pra agir assim comigo. Então se quer ser respeitado, antes peça desculpas.
O rapaz me olhava como se eu tivesse brincado com ele.
- Cala a boca, você fala demais. E tira essa bunda de cima da minha cama, que eu quero dormir, estou exausto, a noite foi foda.
Eu não estava entendendo nada.
- Você só pode estar de sacanagem comigo... – disse olhando incrédulo para aquele rapaz, que agora espreguiçava copiosamente e bocejava. – Eu exijo que se identifique, ou vou achar que é um bandido e não terei outra opção em não chamar a polícia!
- Cara é só você sair da cama, e deixar eu capotar... – ele começou a tirar a camisa, e vi seu tórax largo e musculoso. Tinha um amontoado volume de pelos naquela região do peitoral... não consegui desviar os olhos de seu abdômen trincado e sarado. – Do jeito que me olha, vejo que não é só a fruta da banana que você gosta, mas aviso que a minha a banana não está disponível pra sua boquinha gulosa, então caia fora do meu quarto.
Engoli a seco e senti meu rosto arder de vergonha. Desviei meu olhar, e resolvi sair da cama. Ele não parecia ser um bandido, do contrário não estava dialogando comigo, mesmo me ignorando e falando daquele tom rústico e bárbaro, estaria era me batendo, me amarrando e me prendendo no banheiro pra começar a roubar... não aquele rapaz desconhecido para mim deveria ser alguém que frequentava a casa dos meus tios com muita frequência pra se portar assim. Levantei e o vi agora abaixando a sua calça, e rapidamente me virei para não dar na cara que estava olhando ele. Ouvi suas botas sendo arrancadas dos pés.
- Eu não entendo... meus tios não falaram nada sobre ter outro hóspede na casa! – disse de costas, e ouço o barulho do seu corpo se jogando na cama. Me atrevo e olho para trás. O rapaz estava debruçado de braços abertos, repousando o rosto no travesseiro.
- Não vai ficar aí parado me olhando dormir, né?
- Eu... bem eu já vou sair. Desculpe pelo transtorno, eu não sabia que esse quarto estava ocupado! – respondi ríspido a ele. – Depois volto pra pegar minhas coisas e mudar para outro quarto.
Fui saindo me sentindo um completo de um idiota. Porque ninguém me avisou dele antes?
De costas indo para a porta, escuto o suspiro longo, e a voz máscula e rústica, pedindo pra eu parar:
- Espere.
Me virei para ele.
- O que você quer?
O rapaz se sentou na cama, e estava de cueca boxer, não reparei muito pra não sofrer outro comentário preconceituoso.
- Você deve ser o primo boiola do Tiago não é? – meu sangue ferveu com o que ele disse, mas reparei que ele estava sendo natural, mesmo que de uma forma nada gentil. – É seu primo mencionou algo assim, mas eu não achei que você fosse ficar nesse quarto, pois eu estou ocupando ele já tem uma semana... mas pelo jeito você não sabia disso, julgando pelo jeito como me tratou pouca hora... bem então vamos recomeçar, okay?
Respirei fundo. Tentava me controlar.
- Tudo bem, mas antes peça desculpas por ter me dado um tapa na bunda!
O Ogro bonitão riu.
- Vai se foder, você tá fazendo drama, aposto que gostou do tapa, e atrevo a dizer que vai querer ganhar mais, porém isso vai depender da minha boa vontade, e uma vez que eu empolgo, é difícil eu parar, se é que entende.
Revirei os olhos.
- Você tá se achando muito sabia? – paguei com a mesma moeda. – Você não é nem a cutícula do dedo mindinho de Christian Grey, e acha que é tão sexy só porque me pegou desprevenido? Me poupe querido, vá dormir, tá precisando descansar essa mente de minhoca se acha que é tão foda assim.
Me virei para sair, e o idiota jogou a sua bota na minha bunda, dessa vez com mais força. Desvirei.
- Que porra é essa do que tá falando, quem é esse tal de Cristiano Gay? Oxe, quem tá precisando de dormir é você, mas agora vai dormir com a bunda dolorida, pra deixar de ser sem noção, sacou? – disse o ogro.
Olhei e ponderei. Não ia revidar, ele não tinha nada a perder, e eu sim. Ele era amigo do meu primo, um idiota certamente. Pensei que talvez não seria tão mal ficar na companhia da Zélia assim... mas agora era tarde demais.
- Me desculpe, eu falei umas merdas sem sentido... – tive que dar uns passos pra trás, ao invés de iniciar aquela batalha onde perderia na certa. – Eu não vou te incomodar mais.
Me virei pra sair. O ogro pigarreou forte e disse:
- Eu me chamo Bruno. E desculpa aí pelo tapa e pela bota. Não queria te machucar, é sério – e então virei para ele. – Vamos ser amigos, e pra compensar, te deixo ficar com esse quarto e me transfiro para o outro vago. O que me diz?
Pisquei aturdidamente para ele. O Ogro estava tentando se redimir?
- Não.
- Não aceita meu pedido de desculpas?
Balancei a cabeça pra desfazer o mal entendido.
- Eu não poderia aceitar que mude de quarto, porque esse é o único que tem banheiro, então não seria justo, você chegou primeiro.
O ogro gentil coçou a cabeça.
- Então como resolveremos isso?
- Deixe que eu me mude pro quarto vago.
- Mas você teria que usar o banheiro social... não seria também justo... então porque nós dois não usamos esse quarto? Só não dividiremos a mesma cama, que tal assim?
Eu fiquei sem reação alguma.  O ogro estava me chamando pra dormir no mesmo quarto que ele? Aquilo seria uma pegadinha.
- Não acho uma boa ideia.
- Mas eu acho que é uma boa ideia, e como sou mais velho aqui, minha decisão é a que vale – disse ele, e bocejou. – Agora que fizemos as pazes, vou dormir, te vejo depois do almoço. E como você se chama?
- Eu?
- Não, a minha vó – riu o ogro sarcástico. – Claro que é você.
Revirei os olhos.
- Gilson.
- Então combinado assim, Gilson. Depois te ajudo montar sua cama, do outro lado do quarto, e vamos ser companheiros de quarto. Mas se tentar passar a mão em mim enquanto eu durmo, lhe quebro os dedos – avisou sorrindo e voltou a deitar.
- Que idiota – disse bufando e saí do quarto.

Bruno - O amigo do meu primoOnde histórias criam vida. Descubra agora