Capítulo 1

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DE: PEDRO - 19:23

Hey, Baby.
Não posso ir no jantar. Os caras e eu vamos sair. Não me espere. Bjo

Ótimo, simplesmente ótimo.

Jogo meu telefone de volta em minha bolsa e lanço uma olhada ao redor do restaurante, frustrada pelo cancelamento de Pedro.

Infelizmente, esta não é a primeira vez que ele fura.

É a terceira vez neste mês que Pedro me deixou no
restaurante mexicano esperando-o porque ele prefere "sair com os caras" do que com sua namorada por seis anos.

Para piorar as coisas, o garçom que veio a minha mesa durante a última hora me perguntando se eu queria pedir é o  mesmo maldito garçom que me atendeu nas duas últimas  vezes em que fiquei plantada.

Dou uma olhada no bar e me pego olhando para o rosto de menino e os olhos verdes do garçom.

Ele me olha com simpatia.

Surpreendida, desvio meu olhar rapidamente para baixo em meu menu, deixando os largos fios cor de chocolate do meu cabelo como uma cortina entre nós.

Apenas o som característico de alguém limpando  sua garganta fez com que olhasse ao redor do meu cabelo.

— Você está pronta para pedir? — Pergunta o jovem garçom, passando os dedos pela sua comprida franja loira.

— Uh. — Um rubor surge instantaneamente em minhas  bochechas e estremeço ao pensar em quão vermelha devo  estar—. Não, sinto muito... Minha companhia não virá.

Levanto-me e endireito meu curto vestido preto.

Tiro  meu casaco preto da parte de trás da cadeira, colocando-o  sobre meus ombros. Estendo-me através da mesa para pegar minha bolsa e caminho rapidamente para a saída.

Minhas bochechas ficam mais quentes e juro que posso sentir os olhos avaliadores de todos em mim.
Do lado de fora o ar é surpreendentemente frio.

Estranho, considerando que estamos entrando na primavera.

O ar frio faz meu nariz escorrer imediatamente e sinto o calor de meu rubor desvanecer-se das minhas bochechas.

Meus sapatos de salto alto ressoam e golpeiam a cada passo no concreto enquanto caminho através do estacionamento. Sempre gosto do tempo tranquilo e reconfortante, mas o frio desta noite, apesar da tranquilidade, não é suficiente para acalmar a tormenta irradiando de dentro de mim.

Minha sombra escura se reflete na pintura azul de meu  sedan enquanto desbloqueio o carro e entro. Com um grunhido, lanço minha bolsa no assento do passageiro.

As lágrimas ardem em meus olhos, mas não me atrevo a deixá-las cair.

Não vou chorar por ele nunca mais.

Inclino-me e cavo com toda a pressa no conteúdo de minha bolsa até que  localizo meu telefone. Procuro seu nome em minha lista de  contatos e clico chamando-o. Toca e sou saudada por seu  estúpido correio de voz.

— Ei, aqui é o Pedro. Não posso atender no momento, obviamente. Ligue mais tarde.

Não deixo uma mensagem de voz, mas sim o chamo de  novo. E outra vez. E outra vez.

Cada vez que entra no correio de voz me sinto mais e mais furiosa, até que ele finalmente atende.

— Sshh, Sshh — Escuto ele sussurrar para alguém
quando ecoa uma risada aguda.

O ruído faz meu estômago afundar.

— Oi baby, e aí?

Escolhendo ignorar o ruído feminino, eu falo:

Consumido | Beauany |Onde histórias criam vida. Descubra agora