Consumido | Beauany |

Capítulo 5

Passar a noite comendo salgadinhos e vendo o filme "Garotas Malvadas" foi exatamente o que me receitou o doutor.

Depois de deixar Sabina no escritório de advocacia de seu pai, fui para a academia. Terei que passar mais tempo correndo na esteira hoje se quero queimar todos esses açúcares e gorduras trans que comi ontem à noite.

Entretanto, valeu a pena.

Aproximo-me do prédio e enquanto meus dedos se enrolam na maçaneta da porta, dou-me conta de que estou segurando a respiração.

Deixo o ar sair lentamente e abro a porta.

Não o olhe.

Não o olhe.

Falho miseravelmente e meus olhos me traem, lançando-se diretamente para onde ele estava ontem. Faço uma careta quando meu olhar cai sobre o espaço vazio.

Josh não está aqui.

De repente, minha motivação para estar na academia diminui.

— Any! — Meu pai me chama da janela no centro da parede, ao menos dois pisos mais acima. Faz gestos com sua mão, pedindo para que suba as escadas.

Vou ao escritório de meu pai, desejando estar de volta na cama para dormir. Entro e fecho a porta atrás de mim. O escritório do meu pai é seu lugar sagrado e me sinto incômoda estando aqui rodeada de lembranças de seus lutadores marciais e boxeadores preferidos, em caixas de cristal na parede. Minha mãe não lhe permitiria ter uma "caverna só de homens" em casa, por isso ele começou uma no trabalho. Às vezes me preocupa que ele leve as coisas muito longe.

— Olá, pai — Digo, me deixando cair em uma cadeira aconchegante em frente a sua mesa.

Ele levanta-se de sua cadeira e veste uma jaqueta.

— Anyelly, preciso de um favor.

Suas palavras deixam uma sensação inquietante em meu estômago.

—...Está bem.

— Preciso que mantenha os olhos na academia por mim hoje. Derrick está de férias e não tenho ninguém pra cuidar deste lugar. Tenho umas consultas médicas para alguns exames. — Fala como se não fosse grande coisa e de repente me sinto preocupada—. Mas devo estar de volta em um par  de horas.

— Está tudo bem?

— Sim, tudo está bem. Sua mãe está preocupada com minha saúde.

Olho seus enormes olhos de cachorrinho e sorrio.

— Claro, posso fazer isso por você.

— Você é uma boa garota. — Estende seus braços para mim para que lhe dê um abraço e eu salto neles. Seus braços se envolvem ao meu redor e sou apanhada por esse típico aroma de pai. Nem sequer sei como descrevê-lo. Em qualquer caso, é reconfortante—. Nunca lhe daria esse estresse se seu irmão estivesse aqui.

— Não é estresse, pai. É só por um dia. Acredito que consigo.

Ele entrega-me uma grande lista de todas as coisas que tenho que fazer, coisas pelas quais se nega a contratar alguém que as faça desde quando abriu este lugar quando eu era pequena. Coisas como: limpar os equipamentos, recolher as toalhas, esvaziar os cubos onde cospem, avaliar as máquinas e um montão de outros trabalhos de merda que meu pai não deveria ter que fazer. Ele ajusta uma foto minha, de meu irmão e dos meninos, antes de colocar um beijo suave em minha bochecha.

— Obrigado.

Sigo-o do escritório e enquanto cruzamos o piso da academia para a porta principal, vejo Josh.