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Uma semana depois...

Depois daquele dia, daquilo que quase aconteceu eu e So-mun não falamos mais nada, apenas treinávamos a luta e a evolução da minha psicocinese que estava ótima e avançada cada dia mais. Encerrávamos a luta e eu ia embora pra casa apenas dizendo um "até amanhã" e sem olhar nos olhos dele.

Sim, eu estava muito frustrada com isso, em poucos dias nós já tínhamos pegado uma intimidade muito boa como amigos mas de repente eu comecei a sentir essa porcaria dentro de mim e eu acho que So-mun também e isso complica tudo, eu não posso deixar alguém entrar na minha vida desse jeito, não mais.

Não importa se for pra algo sem compromisso já que daqui a poucos dias ele vai embora, ou se for pra algo mais serio, eu não posso.

— Luna, você está muito distraída, foco! — So-mun diz a minha frente no tatame e eu volto a realidade.

— Desculpa. — Digo esfregando os olhos e voltando ao foco.

— Tente me jogar na parede novamente que nem você fez naquele dia. — So-mun diz e eu assinto.

Foco apenas em So-mun e minha visão fica azul, lembro daquele dia, da minha raiva ao ser lançada na parede. Minha expressão muda para uma mais raivosa e vejo So-mun saindo do lugar com dificuldade mas saindo, eu estava quase conseguindo.

— Isso, você consegue mais. — So-mun diz.

Foco no primeiro gatilho que eu senti, a raiva, So-mun ia cada vez mais pra trás até eu voltar as lembranças daquele dia mas ser aquela lembrança, os toques, sua mão em minha cintura, as respiração descompensadas.

Sinto meu nariz molhado, estava escorregando sangue, e ao lembrar dessa lembrança eu perco meu foco e minha visão volta ao normal e eu caio no chão com fraqueza.

— Luna! — So-mun corre até mim erguendo meu rosto vendo o sangue no meu nariz.

— Eu não consegui, eu... — Digo abaixando minha cabeça novamente sem conseguir olhar pra ele.

— Tá tudo bem. — So-mun diz e me ajuda a levantar. — Vai comer alguma coisa e mais tarde tentamos.

— Não, vamos continuar. — Digo limpando meu nariz com a manga do casaco e indo para o meio do tatame.

— Tudo bem. — So-mun diz voltando ao tatame.

(...)

Estava no banheiro limpando meu nariz na pia que estava extremamente sujo de sangue, eu acabei me esforçando demais hoje mas consegui tirar So-mun do lugar com a minha mente.

— Você está bem? — So-mun pergunta ao me ver saindo do banheiro e eu assinto.

— Eu só preciso descansar, vou pra casa, até amanhã So-mun. — Digo pegando minha mochila me preparando pra sair do galpão mas So-mun segura meu braço.

— Luna, a gente precisa conversar. — So-mun diz e eu nego.

— Não temos nada pra conversar. — Tento me soltar do seu braço mas ele me puxa para seu corpo.

— So-mun, o..oque você tá fazendo? — Pergunto gaguejando e engolindo a seco.

So-mun tira minha mochila das costas e a joga no chão me fazendo prender a respiração, o mesmo segura minha cintura me trazendo cada vez mais perto do seu corpo.

— So-mun... — Tento não transparecer nervosa.

— Luna, desde aquele dia eu não consigo parar de pensar em você, no seu corpo perto do meu. — So-mun diz com as bochechas coradas e eu arregalo os olhos.

Eu não posso, não posso.

Empurro seu corpo pra longe do meu o deixando chateado.

— Luna, me desculpa, eu não... — So-mun tenta chegar perto mas eu o empurro novamente.

— Chega, cala a boca. — Digo com raiva deixando So-mun assustado.

— Você têm alguém? — So-mun pergunta coçando a cabeça envergonhado. — Desculpa.

— Sim, eu tenho alguém. — Digo sentindo uma lágrima descer. — Mas ele está morto.

So-mun arregala os olhos e tenta chegar mais perto de mim sem que eu perceba.

— Ele era um caçador, que nem eu, que nem você So-mun, era esperto, forte, carinhoso e protetor que nem você. — Digo deixando as lágrimas descerem. — E ele morreu nas mãos de um espírito maligno nível três e eu não pude fazer NADA.

So-mun apenas ficava quieto mas chegava cada vez mais perto de mim sem eu perceber.

— Ele era o amor da minha vida, e ele morreu na minha frente, e eu fiquei SOZINHA. — Digo chorando. — É por isso que eu não posso deixar você se aproximar de mim desse jeito, você me lembra ele, você me faz sentir coisas como ele fazia sentir e eu não posso me permitir sentir essas coisas de novo pra você morrer na minha frente igual a ele morreu.

A esse ponto eu não ligava mais pra nada, minhas lágrimas desciam constantemente e de repente sinto So-mun me abraçando com a maior força do mundo e ali eu me derramo em lágrimas mais uma vez, abraço seu corpo entrelaçando minhas mãos nas suas costas e meu rosto sendo enfiado no seu peito.

— Eu sinto muito Luna, eu sinto mesmo. — So-mun diz com a voz embargada.

E naquela tarde eu desabafei para So-mun como nunca tinha feito com outra pessoa, naquela tarde So-mun ficou ao meu lado e me botou pra dormir depois de tanto chorar.

esse é o motivo da nossa luninha ser tão traumatizada com a vida :(

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esse é o motivo da nossa luninha ser tão traumatizada com a vida :(

espero que as coisas não estejam tão apressadas pra vocês leitores, eu gosto de ir com calma mas também não gosto de muito enrolação ao longo da fanfic

𝐀𝐧𝐠𝐞𝐥 𝐨𝐟 𝐝𝐞𝐚𝐭𝐡 | 𝐒𝐨 𝐌𝐮𝐧 Onde histórias criam vida. Descubra agora