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𝐌𝐎𝐍𝐓𝐀𝐍𝐇𝐀 𝐒𝐎𝐋𝐈𝐓𝐀́𝐑𝐈𝐀
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──  O que há de errado troca peles?── levantou uma das sobrancelhas ruivas, desconfiado.

── Peço um favor a você anão. Trouxe o fim a existência do líder dos orcs, matei Bolg, com as próprias mãos, então atenda ao que vou pedir. ── seus olhos escuros se focaram em algum lugar do salão ── Não quero ouro em troca, não vejo serventia nisso, já que vivo em meio a floresta, mas sim, algo mais delicado.

── Pensei que não gostasse de anões Beorn, na realidade, até agora vi que tem afeição apenas pelos hobbits pés-peludos ── lembrou-se de como o homem tratou Bilbo em sua estadia ── Não imaginava que agora pediria favores, sua recompensa havia sido separada a um tempo pelos Durin, seus pôneis também seriam ressarcidos pelo empréstimo.

Um ruído pequeno saiu de dentro da túnica do troca peles, seguido por algo semelhante a uma pequena risada. O anão observou o grande homem tirar do bolso de suas vestes, um bebê de olhos atentos, com seus cabelos bagunçados.

O pequeno estava acordado para focar suas orbes no anão de cabelos ruivos, sorrindo ao encontrar seus olhos redondos. A mão de Beorn era grande o suficiente para a criança se deitar nela, se escondendo entre seus dedos, saindo de suas vistas antes de ser colocada no chão de mármore.

A mais jovem tinha cabelos castanhos ralos por sua pouca idade, engatinhando em direção ao homem quase gigante se escondendo atrás de suas pernas. Estava com medo do lugar desconhecido, mas não chorou, curiosa para continuar a olhar tudo.

── Peço que tome conta dela, ainda é um bebê, e não sei ao certo como lidar com essa raça, híbrida de troca peles com humanos. Sua mãe a deixou aos meus cuidados mais cedo, mas sabe, tenho um filho crescido. ── Seu semblante pareceu desconfortável ── Seus braços são pequenos e sua pele fina, anões certamente são conhecedores de coisas pequenas.

── Mas isso não é um favor, é quase uma ofensa, também tenho um filho pequeno e nem por isso iria abandoná-lo! ── bradou, vendo a pequena arregalar os olhos ── Por acaso tenho cara de ama de leite? Há quem pertence essa criança? ── continuava irado, falando mais baixo para não assustar a pequena.

── Pertence a mim. Minha segunda filha, Rawena. Sua mãe era uma cigana, se foi com o grupo à um tempo, retornou apenas para deixá-la.

── Não posso aceitar uma coisa dessas, nem minha esposa, nem Gimli ficariam satisfeitos.

O descendente remoto de Durin poderia ver nitidamente a imagem das sobrancelhas grossas de sua esposa franzidas de raiva, com seus lábios curvados em desagrado. A mulher anã, mesmo que agora fosse uma dona de casa, ainda era uma guerreira experiente, tendo a certeza que poderia partir seu crânio em dois em uma crise de raiva. Gimli pisaria em seu pé e Morana o tiraria de casa na primeira oportunidade, para morar no chiqueiro com os porcos.

── Sou bom apenas com animais, lidar com humanos é complicado, ainda mais se tratando de uma menina. O bando de meu filho é composto apenas por homens, não posso deixá-la sujeita a riscos.

Assim que Rawena chegasse à idade adulta, aquilo seria um problema.

── Quanto tempo de vida tem essa criança? ── perguntou, não sabendo bem por serem de raças diferentes ── Por Eru, acaso trouxe essa criança no meio da guerra sem que ao menos percebessem? ── se assustou, arregalando os olhos.

── Rawena tem quase um ano de vida, e se puxar a resistência dos Beornings, viverá por milênios, ou até mais. Mas parece-me que não crescerá muito como nós  ── observamos  a menina fazer ruídos com a boca ── Ela estava segura em uma casa distante na cidade do lago.

𝐑𝐀𝐖𝐄𝐍𝐀, 𝐋𝐞́𝐠𝐨𝐥𝐚𝐬 𝐆𝐫𝐞𝐞𝐧𝐥𝐞𝐚𝐟.Onde histórias criam vida. Descubra agora