Prólogo

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Era inverno, início do ano, mas o ano mal começou e já ocorria uma tragédia para uma família.

Nakahara Chuuya, um pequeno garoto ruivo de olhos azuis, apenas com seus 6 anos, estava sofrendo de uma dor horrível.

A criança acabara de perder seu pai para uma doença terminal.

Seus pais nem haviam lhe dado essa informação antes, o inocente garotinho acreditava que seu pai sairia vivo do hospital. Porém, não foi o que aconteceu, e isso fez seu mundo desabar.

Não julgue os pais dele, não totalmente, se imagine na situação deles: o homem doente, a mulher tendo que cuidar da família e casa sozinha, além de arcar com as despesas do hospital, um filho pequeno e alegre. Como você contaria algo tão ruim para uma criança? Como você explicaria que o pai do menino morreria em alguns meses?

Claro, foi errado não contar ao filho, mas eles não tiveram essa coragem e força.

Por isso, o jovem garoto se revoltou.

De forma súbita, seu pai foi tirado de si, o pai de quem ele era próximo e compartilhava praticamente todos os seus momentos e conquistas. Fazia o mesmo com sua mãe. Eram uma família feliz.

E, durante o enterro de seu pai, a única coisa que conseguia fazer era chorar, não conseguindo imaginar como seria sua vida sem alguém que fora tão presente nela.

Mas o pior veio a seguir, quando questionou sua mãe o porquê de seu pai ter partido tão do nada sendo que ele estava tão bem e saudável, de acordo com os adultos.

A mulher, Kouyou, também ruiva e de olhos avermelhados quase violetas, o encarou com um olhar culpado, confessando finalmente que a doença do homem era fatal desde o início e que acabaram por mentir para o filho. Claro, ela explicou de forma suave, para não assustar o menino, só que isso não funcionou. Chuuya era impulsivo.

O mais novo acabou por sair correndo do enterro, fugindo de todos os adultos que gritaram por seu nome e tentaram ir atrás de si. No entanto, o pequeno ruivo era esperto e conseguiu se enfiar em algumas moitas de um parque ali perto, atravessando o parque e se escondendo do outro lado, colocando sua blusa de frio escura, que ele carregava caso o tempo ficasse mais gelado, vindo por cobrir sua cabeleira ruiva e chamativa com seu capuz. Como fora dito, ele era esperto.

Então, quando se viu sozinho, deixou-se chorar, abraçando suas pernas curtas e escondendo o rosto.

O que ele não esperava era ouvir uma voz ao seu lado, nem havia notado outra pessoa ali.

—Ei, você tá legal? –Uma voz infantil perguntou logo ao seu lado, Chuuya apenas levantou o rosto assustado, encarando o outro garoto ao seu lado.

Esse garoto possuía os fios castanhos e levemente ondulados, tendo os olhos também castanhos, ele encarava o ruivo, que era um pouco mais baixo.

—Você tá chorando? Se perdeu dos seus pais? –O moreno questionou curioso e genuinamente preocupado, tendo a bondade e pureza de uma criança de, também, 6 anos. —Ei, garoto, você sabe falar?

—Me chamou de "garoto"? –Chuuya perguntou surpreso, fungando e limpando suas lágrimas, sendo encarado pelos olhos castanhos que piscaram confusos. —Todo mundo que me conhece acha que sou menina. Dizem que tenho uma aparência feminina. Mamãe diz que é normal, por eu ser uma criança, mas isso não acontece com os meus amigos. –Ele explicou, desviando seus olhos azuis para o chão.

—Essas pessoas devem ser burras. –O outro garoto comentou negando com a cabeça. —Dá pra ver que você é um garoto, ué. –Ele segurou o rosto do ruivo, o virando totalmente para si e se aproximando um pouco, deixando o mais baixo confuso. —Até parece um pouquinho com uma menina, mas é um garoto. Até eu percebi isso. –Revirou os olhos, largando sua cabeça e voltando a posição de antes, um pouco distante do desconhecido.

Garoto Misterioso-SoukokuOnde histórias criam vida. Descubra agora