Capítulo 02

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—[...] Se quiser, posso te ajudar com isso.

—Ajudar? Como, exatamente? –Chuuya questionou desconfiado, voltando a encarar a mulher, que sorriu levemente.

—Logo vocês entram em um recesso para o Natal e o Ano Novo, certo? –Ela perguntou, parecendo ter algo em mente.

—Mas esse recesso começa na véspera de natal. –O ruivo retrucou, não entendendo muito bem onde ela queria chegar.

—Na semana antes do Natal, vocês costumam ficar muito ocupados na escola? –Ela indagou curiosa.

—Acho que não, as coisas devem piorar depois do recesso. –Ele respondeu, interessado em saber a ideia da mais velha.

—Ótimo! Podemos ir para Tokyo em busca desse garoto. –Ela disse animada e despreocupada, fazendo o outro piscar surpreso.

—Ir para Tokyo com você? Ficou maluca? Eu nem te conheço! Minha mãe nunca concordaria com algo assim! –Chuuya se exaltou, achando tudo aquilo uma perda de tempo, levantando e saindo sem esperar qualquer resposta. Ficou claro, em sua visão, que aquilo não passava de uma loucura.

O ruivo caminhou a passos largos e pesados pelo corredor, pronto para sair daquela casa.

Viajar com uma desconhecida para outra cidade por causa de sonhos? Onde ele foi parar? Talvez seus amigos tivessem razão esse tempo todo e ele estava ficando louco.

Albatross e Lippmann acompanhavam o mais baixo com o olhar, vendo-o alcançar a maçaneta e sair sem dizer nada.

Suspiraram e desviaram os olhos para o corredor, encontrando a mulher andando calmamente. Não era a primeira vez que alguém reagia assim durante uma sessão.

—É, eu imaginei que ele não gostaria. Avisei que acabaria nisso. –Albatross pronunciou, erguendo as mãos como se jogasse a culpa em outra pessoa e se defendesse.

—Mas temos que dar uma chance, né? Afinal, ele que veio atrás da gente. –Lippmann retrucou, escolhendo uma das cartas em sua mão para jogar, já que estavam no meio de uma partida quando Chuuya saiu rapidamente.

—Tem razão. Mas algo me diz que esse daí ainda volta. E estarei disposta a ajudar, então, por favor, se ele pedir tragam-o aqui de novo. –A mais velha pediu, dando um suave sorriso.

—Tudo bem, mas vamos ao que interessa: qual era o problema que ele queria resolver? Ele disse algo sobre sonhos repetitivos, pode contar com detalhes? Ficamos curiosos. –O loiro implorou dramaticamente, jogando outra carta.

—Por que não perguntam ao garoto? –Ela retorquiu.

—Nhe, ele não vai falar. –Lippmann foi quem respondeu, os olhos fixos nas cartas.

—Na verdade, ele vai. Aguardem só um pouco. –Margaret garantiu, caminhando até sua sala novamente e deixando os adolescentes sozinhos.

—Se ela disse, então, vamos só esperar. –Lippmann concordou com a mulher, jogando uma carta.

—Fazer o quê? Aquela velha sempre tem razão. –Albatross deu de ombros indiferente, jogando outra carta e vendo o amigo rapidamente jogar outra, ganhando a partida. —Ei, eu quero revanche!

(...)

Na noite daquele mesmo dia, Chuuya teve outro sonho, um pouco diferente dos outros.

Nesse sonho, ele via novamente o garoto misterioso, já adolescente, sentado na mesma posição de sempre, no mesmo local escuro, porém, o feixe de luz que o iluminava estava ainda menor do que na última vez.

Garoto Misterioso-SoukokuOnde histórias criam vida. Descubra agora