Capítulo 2 - Pela floresta... sozinha?

55 7 0
                                    

《•••》

Os passos de Ally ecoavam suavemente pela floresta densa, um caminho que conhecia tão bem quanto os contornos de suas próprias mãos. As árvores imensas e antigos carvalhos erguiam-se como sentinelas silenciosas ao longo da trilha, criando uma cúpula verdejante que filtrava a luz do sol em uma dança etérea de sombras e brilhos. O ar carregava uma qualidade etérea, uma expectativa silenciosa que parecia sussurrar segredos antigos através das folhas que balançavam com a brisa. O cheiro de terra úmida e vegetação verdejante preenchia seus sentidos, misturando-se com um perfume de mistério que a floresta parecia oferecer.

Hoje, no entanto, a floresta parecia diferente. Havia uma tensão invisível, como se as árvores estivessem guardando um segredo que apenas a brisa e os pássaros eram capazes de entender. O sol, que normalmente se filtrava de maneira suave, parecia agora criar padrões de luz e sombra que formavam uma tapeçaria mágica no chão, como se o bosque estivesse prestes a revelar uma história há muito esquecida.

Ally se agachou para colher amoras de um arbusto espesso, seus dedos ágeis movendo-se entre os espinhos para encontrar os frutos mais maduros. Ela estava absorvida na tarefa, mas uma sensação de desconforto começou a se instalar. Algo estava fora do lugar, um sentimento sutil de que não estava sozinha. O som abrupto de galhos quebrando sob um peso inesperado quebrou a tranquilidade da floresta, e o coração de Ally acelerou instantaneamente. Antes que pudesse reagir, uma força invisível a fez tombar para o chão macio, coberto de musgo e folhas.

Quando seus olhos se ajustaram à penumbra, ela se viu frente a frente com um lobo jovem, cujos olhos de azul profundo refletiam uma inteligência e um mistério que pareciam desafiar a própria realidade. O lobo tinha uma presença enigmática, e seus olhos pareciam carregar a essência de uma antiga sabedoria. Seu pêlo espesso e brilhante ondulava suavemente com o vento, e havia algo na sua postura que sugeria uma graça quase sobrenatural.

A transformação foi instantânea e deslumbrante. O lobo começou a se contorcer e a esticar, seus músculos e ossos estalando como se estivessem se reconfigurando. Em um piscar de olhos, o lobo deu lugar a um jovem homem, esbelto e com um olhar intenso que refletia a mesma profundidade dos olhos do lobo. Ele estava vestido de maneira simples, com roupas que lembravam as de um camponês, mas havia algo de imponente em sua presença que transcendia sua aparência humilde.

— O que faz uma jovem como você sozinha na floresta? — Sua voz, agora clara e bem articulada, tinha um tom suave, quase musical, mas carregado de uma curiosidade palpável.

Ally, atônita, sentiu a respiração acelerar, o medo misturado com uma fascinação quase impossível de conter. A revelação diante dela desafiava todas as leis da realidade que conhecia. Ela lutava para manter a compostura diante daquela súbita e incompreensível transformação.

— E-eu não estou sozinha — sua voz tremia, traindo o nervosismo que sentia. O olhar do jovem, agora humano mas igualmente penetrante, parecia revelar um conhecimento profundo, uma compreensão que ela não conseguia compreender.

— Além de corajosa, você parece bastante perspicaz. Posso saber seu nome, se não for um incômodo? — Ele sorriu de forma encantadora, mas seus olhos permaneciam fixos nela, como se buscassem algo mais profundo do que um simples nome.

— Ally — ela respondeu, tentando recuperar a compostura e empurrando levemente o homem para que se afastasse. — Agora, se você puder sair de cima de mim, eu agradeceria.

— E se eu quiser ficar um pouco mais? Qual seria o problema? — Ele brincou, seus olhos piscando com um brilho travesso e curioso, mas havia uma suavidade em seu tom que, embora brincalhona, não era desrespeitosa.

Mesmo com o tom não ameaçador, a situação era desconfortável para Ally. A força dele parecia ser uma combinação de poder físico e uma presença emocional que ela não conseguia ignorar.

— Por favor, pode se afastar? — Ela insistiu, agora com mais firmeza, tentando transmitir a urgência da situação.

Com um movimento ágil e surpreendentemente gracioso, ele se afastou, erguendo-se e oferecendo-lhe uma expressão de desculpas genuínas. Seu corpo ainda emitia uma aura de mistério, mas havia uma suavidade em seu gesto que acalmava um pouco a tensão no ar.

— Desculpe se te causei algum desconforto. Eu estava apenas tentando descobrir mais sobre você — disse ele, enquanto esfregava o braço onde o arbusto havia deixado um pequeno arranhão. Seus olhos brilhavam com uma mistura de gratidão e curiosidade.

Ally, observando a ferida, decidiu agir com a mesma bondade que esperava de qualquer estranho em uma situação desconfortável. Ela retirou uma pequena caixa de primeiros socorros da cesta que carregava e começou a tratar do machucado.

— Deixe-me cuidar disso. Não quero que se infeccione — disse ela com gentileza, aplicando a pomada e enrolando a atadura com cuidado. Seus dedos, ao tocar a pele dele, tremiam ligeiramente, revelando sua própria apreensão.

— Agradeço pela ajuda. Não esperava uma reação tão gentil — ele comentou, observando-a com um olhar de apreciação que fazia seu coração bater mais rápido. Sua voz, agora mais suave, carregava um tom de respeito e uma nuance de encantamento.

Quando terminou, ela estendeu a mão para ajudá-lo a levantar. Ele aceitou, e por um momento, seus olhares se encontraram em um intercâmbio silencioso, uma troca de reconhecimento e compreensão que parecia transcender palavras.

— Você está bem? — ela perguntou, seu tom refletindo um genuíno cuidado.

— Sim, estou bem. E obrigado pela ajuda. Sou Luca, por sinal. — Ele sorriu, um sorriso que parecia carregar o peso de muitas histórias não contadas e um mistério profundo.

— Ally. Então, se me permite, eu preciso ir. Está ficando tarde — ela apontou para o céu, onde as cores do crepúsculo começavam a se espalhar, tingindo o horizonte com tons de rosa e dourado.

— Com certeza, Ally. Espero que possamos nos encontrar novamente, talvez em circunstâncias menos apressadas — disse ele, seu tom amigável e seu olhar carregado de uma promessa implícita, uma esperança de que seus caminhos se cruzariam novamente.

Com um último sorriso que parecia iluminar o crepúsculo, Ally se virou e começou a caminhar para casa. Enquanto passava pela trilha, notou que as amoras que havia colhido haviam caído pelo caminho. Com um suspiro de resignação, preparou-se para explicar o atraso ao chegar em casa. O encontro inesperado na floresta havia sido intrigante e enigmático, deixando-a com a sensação de que o futuro poderia reservar mais surpresas do que ela imaginara.

《•••》

Notas da autora:

Buenas galera ! Espero que estejam bem.

Desculpe qualquer erro de digitação, e muito obrigado por lerem mais um capítulo.

Não esqueçam de comentar e deixar seu voto ☆, isso nós ajuda a continuar escrevendo a história e postando para vocês.

Eai, alguma ideia sobre o que está por vir?

Veremos o que acontecerá no próximo capítulo!

Bye bye 😚💅💖

Chapeuzinho Vermelho e um Lobo não tão MAUOnde histórias criam vida. Descubra agora