Capítulo 3 - Encruzilhada

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《•••》

Ao avistar a imponente mansão, uma sensação de desespero se apoderou de mim. A fachada da casa, com suas colunas altivas e janelas majestosas, parecia zombar da minha impotência. Minha mãe estava de pé em frente à porta, sua figura rígida e severa, uma silhueta de desaprovação. Não havia dúvidas: ela percebeu que Gustav retornara sem minha companhia e, sem sombra de dúvida, isso a enfureceu.

Ao me aproximar, seus olhos, frios e implacáveis, encontraram os meus. Era um olhar que não prometia nada além de confronto e desagrado. A porta da mansão se abriu com um rangido que parecia ecoar no silêncio pesado que envolvia o momento.

— Onde pensa que estava? — sua voz cortou o ar como uma lâmina afiada. Ela agarrou meu braço com força, puxando-me para dentro de casa com uma determinação que beirava a raiva. — Você deveria ter acompanhado Gustav! Não abandoná-lo para se perder na floresta. Ele é a esperança de nossa família para elevar nossa reputação! Tem ideia do quanto isso é crucial para nós? — Ela cruzou os braços, o gesto carregado de uma reprovação silenciosa, mas penetrante.

A pressão diária para atender às suas expectativas estava se tornando insuportável. Cada dia era um ciclo interminável de tentativas de agradar sem sequer questionar.

— E quem disse que eu queria isso?! — minha voz ecoou pela entrada da casa, carregada de frustração. — Vocês, por acaso, me perguntaram se era isso que eu realmente quero para mim?! — Arremessei minha cesta de vime contra a parede, o som do impacto soando como uma explosão em um espaço já tenso.

— Você não tem esse direito de escolher! Apenas aceite seu destino em silêncio. Por que é tão difícil entender isso? — O tom de sua voz era firme, como se a vida tivesse sido uma lição de conformidade para ela.

— Mãe! Entenda, eu não quero passar minha vida ao lado de um homem que não amo — o aperto no meu peito era quase insuportável. As lágrimas começaram a se formar, ameaçando desbordar a qualquer momento.

— E você acha que eu tive escolha quando foi minha vez? Todas nós precisamos fazer sacrifícios para honrar nossa família. Sei que não é agradável, mas você aprenderá a gostar dele com o tempo.

Seu olhar era duro, como se seu amor e seus sacrifícios estivessem ancorados em tradições que não podiam ser desafiadas. Sem responder, eu virei as costas e corri escada acima, minhas lágrimas escorrendo pelo rosto e caindo lentamente em minha roupa.

No meu quarto, o silêncio parecia gritar. Fechei a porta atrás de mim e a tranquei, como se isso pudesse isolar-me da dor que sentia. Joguei-me na cama, me encolhendo sob a colcha, minhas lágrimas caíam sem controle. Por que minha vida tinha que ser assim? Tudo o que eu desejava era uma existência comum, onde pudesse escolher meu próprio caminho sem as pressões e expectativas esmagadoras da minha família. Enrolei-me em minha capa, tentando encontrar algum conforto na escuridão da noite.

《•••》

Na manhã seguinte, um som de batidas suaves na porta interrompeu meus pensamentos confusos.

— Senhorita Ally! Por favor, levante-se — a voz da empregada, gentil e constante, soava do lado de fora. — Todos estão esperando a Senhorita na mesa para o café da manhã!

Despertei, sentando-me na cama e esticando os músculos doloridos. Meus olhos ainda estavam vermelhos e inchados de tanto chorar.

Chapeuzinho Vermelho e um Lobo não tão MAUOnde histórias criam vida. Descubra agora