Capítulo 8- Aquele que Hope conhece alguém

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Sem ao menos se dar ao trabalho de se levantar, se sentindo frustrada demais com o que acabara de acontecer, Hope alcança o maço de cigarro em cima da mesinha de centro, sentindo um alívio ao ter a fumaça branca saindo de seus lábios. Tinha tudo para ser um bom final de semana, mas nem tudo era do jeito que queria. A ruiva passou o domingo todo dentro de casa, nem se deu o trabalho de vestir uma roupa decente, e muito menos arrumar os cabelos. Saia de seu ateliê apenas para comer alguma coisa e só. Não saia de sua cabeça as últimas palavras da morena.

"- Nós já começamos erradas, Hope, nem sabemos nada da vida pessoal uma da outra. E, você precisa pensar se é isso que você realmente quer, pois eu sou uma mulher adulta, com duas filhas, e não quero alguém apenas para ter sexo, e não sei se você pensa como eu, então darei um espaço para você pensar, quando tiver certeza daquilo que quer, sabe onde me procurar - a morena abriu a porta e saiu"

Não tinha dúvidas do que queria, o seu coração tinha certeza que queria Josie Salvatore, e aceitaria as suas duas filhas. Céus, quantos anos as meninas tinham? Duas adolescentes, provavelmente entre seus doze e dezesseis anos, conseguiria lidar com isso, seria uma boa "tia Hopey". A mulher acabou rindo com aquilo. Limpou suas mãos sujas de tintas em um paninho branco preso no cavalete, e pegou seu celular no bolso do moletom.

Com as pernas cruzadas se sentou no sofá cinza que ficava debaixo da grande janela. Pensou em mandar mensagens para a morena, mas desistiu, não sabia o que dizer por agora. Seus lábios ficaram presos entre os dentes, analisou por um tempo a tarde fria lá fora, baixou o app do Instagram que a tempos não usava, ela realmente iria stalkear a outra, ficou curiosa para saber das meninas, mas assim que entrou em sua conta e procurou por Josie Salvatore a conta era privada.

- Mas que droga! - grunhiu irritada. Não tendo nada para fazer, Hope resolveu adiantar algumas coisas de sua matéria, teria que apresentar ao seu chefe na quinta-feira, e era bom aquilo estar impecável, caso contrário seria jogado no lixo.

A jornalista passou o começo da semana toda sem falar com Josie, sabia do que queria, mas eram duas meninas, e tinha medo de ambas não aceitassem ela. Na quinta-feira apresentou sua reportagem que foi muito elogiada por todos, o que a deixou completamente feliz, queria poder compartilhar com Josie, pois a morena estava torcendo por ela, mas não podia. Sua semana era de casa para o trabalho, do trabalho para casa. No sábado acordou mais cedo do que o costume, tudo para atender um pedido de sua amiga, Lizzie, era impossível de se dizer não para aquela criatura loira.

Tomou um café reforçado, vestiu uma calça legging na cor preta e um top esportivo, jogou um moletom cinza por cima. Pegou sua bolsa transversal esportiva, checou seu celular e estava no horário. Tanto tempo que não fazia isso, que se sentia enferrujada. Trancou toda a casa, chamou o elevador, em segundos estava dentro de seu carro estacionado em frente ao centro de treinamento da loira. Respirou fundo se retirando do veículo.

- Céus, aonde fui me meter - olhou ao seu redor onde várias meninas estavam chegando. Ajeitou a bolsa e ligou o alarme do carro. Entrou no galpão com quase seis meninas espalhadas por ali se alongando.

Mais uma vez soltou um longo suspiro e caminhou até Lizzie que estava de costas para ela, e de frente para duas garotas. Viu uma garota morena clara acenar discretamente para Lizzie, que se virou recebendo a mesma com um lindo sorriso.

- Sempre pontual - Lizzie a abraçou.

- Pontual é o meu nome - brincou se afastando do abraço. Seus olhos foram para a garota morena clara que a olhava, aquele olhos castanhos a lembrava alguém, desviou o olhar quando sua amiga chamou a atenção das meninas para formarem uma roda em cima do tatame.

Hope teve vários pares de olhos em sua direção quando a professora Lizzie disse que ela era uma grande ginasta, sentiu suas bochechas ruborizadas pelos olhares curiosos. Ouvia atentamente o que a amiga falava, e às vezes ria acompanhando as adolescentes por algumas palavras engraçadas que saia dos lábios da outra. Quando chegou a sua vez de falar algo, dar dicas e contar um pouco mais de como foi sua vida de competidora quando tinha as suas idades se sentiu calma e relaxada.

- Enquanto você passa algumas dicas com as meninas do campeonato, eu me viro com as outras - disse Lizzie depois de estarem todos em pé novamente.

- Ok. Vamos lá meninas, eu sou um pouco rigorosa - brincou chamando as três garotas com características diferentes em um canto. - Antes preciso saber os seus nomes. Como sabem eu sou, Hope Mikaelson, mas podem me chamar de Hope.

A ruiva apontou para uma garota de cabelos negros escorridos e olhinhos puxados, com um sorriso fofo nos lábios.

- Me chamo Cristina Yoo - a menina parecia bem tímida, sua postura era sempre bem ereta e as mãos sempre atrás do corpo. As outras tinham a mesma postura alinhadas.

- Lindsey Haver - a segunda parecia mais seria, sua pele era negra e os cabelos afros.

- Olivia Salvatore, mas prefiro Oli - ao ouvir aquele sobrenome Hope travou, claro aqueles olhos, os traços angelicais, o sorriso. A ruiva apenas sorriu tentando não demonstrar seu nervosismo, afinal tinha acabado de conhecer a filha da mulher que estava apaixonada que a dias não via. Passou as mãos suadas no moletom e retirou jogando na pequena arquibancada juntamente de suas coisas.

Ficando apenas com o top esportivo, e a legging um pouco acima do umbigo, Hope caminhou de volta até as meninas.

- Primeiro quero ver o que você tem para mim, e juntas iremos melhorar certo? - as meninas assentiram, Tinha visto os seus vídeos, mas pessoalmente pode ver de perto cada detalhe.

"Lizzie está fazendo um ótimo trabalho." pensou a ruiva com tudo aquilo que via, fez elogios e também críticas, mas deixou claro que elas eram boas, e tinham muitas chances para vencerem suas categorias. Percebeu que Oli, era um pouco preguiçosa e às vezes acabava terminando o número de qualquer jeito, ato que a ruiva chamou a atenção várias vezes e viu que a menina estava se esforçando, quando a moreninha fez tudo perfeitamente as duas fizeram um high five.

- Vejo que consertou o meu número - sussurrou Lizzie atrás da amiga.

- Não tinha nada para ser consertado aqui. Você está fazendo um ótimo trabalho com essas meninas - devolveu. Pois realmente era verdade o que saía de seus lábios.

Antes de encerrar a aula, Hope fez uma rápida apresentação de alguns passos que ainda estavam frescos em sua memória. O galpão se encheu de aplausos e assobios quando foi finalizado o número. Na sua época era uma das melhores na ginástica artística.

- Hope, você manda muito bem, obrigada pela aula - o agradecimento veio de Olivia que alcançou a ruiva na saída do galpão.

Hope apertou a alça de sua bolsa, que agora estava com o casaco pendurado ali. Caminharam, logo avistando um homem de cabelos pretos e olhos claros encostado no carro.

- Meu pai chegou. Foi um prazer, Hope - a menina trocou um abraço com a ruiva, ato que pegou a mais alta de surpresa. Entrou em seu carro, jogou a bolsa no banco de trás. Não tinha sido tão ruim assim o seu contato com Oli, a menina era simpática, mas se perguntava se a garota a trataria assim se soubesse de sua relação com sua mãe, relação que no momento não existia, mas estava decidida a mudar isso, apenas tinha que pensar em uma coisa de cada vez.

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