A garota da biblioteca - Yang Jungwon

8- By chance...

Nossa nota no trabalho foi ótima! Fiquei muito feliz e orgulhoso, embora eu saiba que as outras turmas arrecadaram mais dinheiro que nós. Os livros que sobraram a gente doou para biblioteca da nossa cidade, a qual estou querendo visitar faz um tempo.

Eu sei que é meio estranho, mas eu gosto de ler desde mais novo. Por isso, quando tinha 10 anos abri uma ficha na biblioteca daqui. Parei de ir lá faz um ano mais ou menos, fiquei mais ansioso e estou com dificuldades de me concentrar na leitura. Quero ir lá só pra matar a saudade.

É tarde de Sexta-Feira. Semana de provas sempre muito cansativo, mas por sorte acabou.
Dessa vez eu fui a biblioteca e não para o karaokê. Isso é uma evolução!

Chego lá e logo noto a fachada diferente, reformaram aqui. Mas ainda sim, essa espelunca tem cheiro de tapete sujo. Chego no balcão e peço que o menino cadastre minha ficha de novo.

Subin: -Tem cadastro?

-Tenho sim.

Subin: -Nome completo?

-Yang Jungwon.

Subin: -Você não vem aqui faz um tempo, certo?

-É.

Subin: -Por sorte, não vai precisar fazer um novo cadastro. Pode escolher 2 livros para levar para casa se quiser, mas devolva antes que o prazo acabe; caso contrário, vai ter que pagar uma multa. E se não devolver o livro em até 1 mês, tomaremos providências cabíveis.

-Tudo bem, eu sei como funciona.

Que cara mais desaforado! Penso.

-Só uma pergunta. Reparei que você é novo aqui. A Junghee trabalha aqui ainda?

Subin: -Quando entrei aqui ela havia falecido.

-Ela morreu? Você sabe a causa?

Subin: -Sofreu uma parada cardíaca enquanto lia para um grupo de crianças. A biblioteca fechou por 2 meses de luto.

-Meu Deus que horror. Muito obrigado pela resposta.

Subin: -Não há de quê.

Junghee foi uma bibliotecária muito famosa por aqui. Ela era a velhinha mais gente boa que conheci. Ela contava histórias para as crianças, e todos amavam ela porquê ela sabia imitar as vozes dos personagens perfeitamente. Nós chamávamos ela de vovó Jung, ela era muito fofa.
Imagino o horror que as crianças passaram, que traumatizante! Mas espero que ela esteja num lugar melhor agora.

Subo as escadas com um peso, meu humor caiu um pouco. Aqui em cima pelo menos não tem aquele cheiro ruim de sapato e tapete sujo, tem cheiro de carvalho, madeira.
São incontáveis prateleiras e livros. Não sei nem o que escolher. Depois de tanto pensar, achei uma edição muito antiga de "Romeu e Julieta", decido ler.

Me sento naquela cadeira velha, no mesmo lugar que eu costumava sentar, com o silêncio absoluto, e por incrível que pareça, a biblioteca está cheia. Da janela, o jardim era visível, tinha uma moça regando as flores lá embaixo.
Abro o livro, que de tão velho parecia arrancar as folhas em meus dedos. Começo a leitura.

Não consegui manter o foco, perco rapidamente. Ando muito ansioso, talvez isso não seja bom. Li dez páginas e quero escalar uma montanha ou fazer qualquer coisa naquele momento. Pego meu livro e vou explorar o local. Já sei! Vou para a sala secreta!

Quando era criança, eu e meu amigo descobrimos essa sala por acaso. Ficavam livros velhos, para doação e os novos para a biblioteca. Nós passávamos horas escondidos ali, bancando os espiões. Era legal. Tinha um mimeografo, canetas e muitos papeis. Era um escritório velho.