improbable

015

Kat's pov

saio da nossa suite o mais silenciosamente possível. Vinnie ainda não estava acordado quando finalmente desiste de esperar por ele e fui pegar algo pra comer.
Agora ele está sentado no sofá, apenas com o short de ontem. Vamos ter que conversar sobre o que aconteceu ontem a noite, o beijo e o fato de ter passado a noite inteira juntos.

-oi- digo baixinho

-oi- ele responde com seu cabelo todo bagunçado e olhos fechados, parece estar com dor de cabeça.

-como se sente?- ele responde um um grunhido rouco- trouxe umas panquecas pra você.

-você desceu pra comer?- pergunta e claramente "sem mim" estava implícito.

-eu fiquei te esperando, mas você estava num sono tão profundo, meu estômago tava roncando- digo fazendo um coque.

-Grace te viu sozinha?- o encaro de expressão fechada.

-hmm o quê?- pergunto.

-só não quero que ela ache que temos um problema no namoro- passamos ontem a tarde inteira falando de como ele estava melhor sem grace, ele me beijou e agora ele se preocupa com o que ela pensa? uau.

-está se referindo a nosso namoro falso?- pergunto

-isso exatamente- ele disse pondo a mão na testa- então?

-não Vinnie, não vi sua ex-namorada, nem os amigos que você fez ontem no saguão- digo e ele franze o cenho.

-os o que?—

-esquece- digo e fecho os olhos, pelo visto Vinnie não lembra de nada, ótimo posso fingir que o resto não aconteceu também.

-você está de mau humor?- perguntou e solto uma risada sarcástica.

-se eu estou de mau humor? Sério?—

-parece chateada- ele diz

-pareço?-digo e tento me acalmar- estou ótima.

Vinnie se levanta e vai até a mesa atacando as panquecas com mel.
Ele parece tão pensativo quanto eu, será que ele realmente não se lembra? ou não quer conversar sobre

-você se lembr- ele me interrompe com uma única palavra.

-sim- respondeu e logo pôs outro pedaço de panqueca.

-então porque não conversamos sobre isso?- pergunto baixinho- e.. eu estou confusa e- ele me interrompe

-olhe kat, me desculpe, mas meu pai sempre me disse pra nem tentar- ele diz e fico confusa.

-tentar o que?- pergunto apoiada no balcão.

-ele me disse tantas vezes "nem pensar"- ele diz e consigo imaginar o que seja, mas pergunto de novo:

-nem pensar no que?- pergunto e vinnie se levanta virando pra mim, em silêncio- diga logo caramba!

talvez eu tenha me exaltado.

-meu pai me disse para não perder tempo com você. Que você está sempre zangada!- ele diz e isso soa como um soco no estômago- acredita que quis convida-la para sair?

-como? Quando ?- pergunto confusa.

-quando nos conhecemos- Vinnie disse ainda em pé- disse pro meu pai que te achei bonita, ele achou isso estranho. Achou estranho me sentir atraído por você. E também pelo fato de você ser filha da namorada dele. Ele disse que você estava sempre amarga e reclamando das coisas.

-ele disse que sou o que?- pergunto com uma risada, mas não era um som feliz.

-você não foi com minha cara desde o início- ele diz, parecia chateado.

-porque você foi um idiota comigo, no primeiro jantar que tivemos juntos, com nossos pais, você me olhava comer como se eu fosse a mulher mais repulsiva do mundo- confuso me encara com os olhos semicerrados

-espera, do que você está falando?—

-lembro de ter pedido uma porção de batatas fritas, você olhou pra elas e depois pra mim com nojo. Desde então pareceu ter nojo de mim.

-eu me lembro de ter conhecido você, ouvir coisas do meu pai sobre você, mas não me lembro do resto.

-bom eu com certeza me lembro disso- digo e meu coque caiu.

-isso explica porque sempre me tratou com tanto desprezo- ele diz e fico incrédula.

-você está falando sério? eu te tratei com desprezo?!- pergunto tirando os cotovelos do balcão.

-você agiu como se não quisesse nada comigo depois do paintball e da massagem!- ele se exalta- estava tentando por minha cabeça no lugar a respeito de me sentir atraído por você! E você interpreta isso como se eu tivesse nojo de você?! Meu Deus Katerine, isso é tão típico de você: focar no negativo em todas as suas
relações!—

-bem, quem precisa ver o lado bom das coisas quando você tem um pai que me chama de amarga e que diz pra ficar longe de mim?- digo com a voz falhando e meus olhos já estão com lágrimas.

-não vi nada que desmentisse o que ele disse- ele levanta as mãos em rendição.
Respiro fundo

-você não vê que a maneira que você toma atitude com as pessoas, pode resultar como elas reagem a você? Não vê que fere os meus sentimentos ao reagir desta forma comigo? Mesmo com ou sem intenção?- digo e minha garganta aperta pela lágrima que desceu apenas de um olho.

-Kat, não sei como dizer isso: eu estava a fim de você- ele murmura- Você é muito atraente. E provavelmente estava tentando esconder o que sentia por você. Sinto muito por essa reação, sinto mesmo, mas cada indicação que tive, de você ou meu pai, foi de que você achava que eu era uma perca de tempo- ele finaliza

-não achava a princípio- digo e passo por ele indo até meu quarto e bato a porta.

Cambaleando caio na cama chorando, não costumo chorar em brigas, somente com gritos.
É difícil digerir isto, saber que o namorado da minha mãe dizia aquelas coisas pra Vinnie.
Interpretei mal o que aconteceu no jantar e levei isso comigo nesses 2 anos? Será que sou mesmo tão zangada? Vinnie ainda se sente atraído por mim? São tantas perguntas.
Pego um travesseiro e grito nele. Quando o afasto, ouço batidas nas portas.

-cai fora!- grito, mas ainda com voz de choro.

-só não diga nada ao meu pai- Vinnie diz, ele parece mais calmo.

-não vou fazer isso. Agora sério, me deixa sozinha- digo e ouço os passos dele mais longe, um tempo depois ouço a porta batendo.