Dói Sem Tanto.

Amor = Medo

Ainda estava desnorteado. Ele acabou de beijar o melhor amigo, sem nem saber dos seus sentimentos direito.

Tadashi sentia uma admiração gigante no loiro, desde pequeno gostava da sua atitude, sua coragem, seu talento e até seu senso de humor ácido. Até o dia em que recebeu aquela merda de chaveiro.

Estava em seu quarto segurando ele em mãos, quase ninguém sabia sobre seu amor por Van Gogh, ou arte em geral. E quando percebeu que Tsukishima lembrou de algo que contara a anos, algo reacendeu no seu coração.

Desde o dia em que conheceu-o, sentia algo a mais, e sabia disso, mas optou por ignorar. Não iremos cobrar bom senso de uma criança, vamos?

Depois começou a ouvir Bruno Mars por ele, acertando sua música favorita. Mais uma vez, Tsukishima lembrou dele, lembrou do que ele disse e fez questão de ir atrás. Novamente, algo reacendeu em seu coração.

Sobre o teatro. Sempre achou que ele não gostava da ideia de fazer parte de um novo clube, conhecer novas pessoas, fazer novas amizades, sair mais com elas e esquecer tudo para poder memorizar suas falas. Tsukishima o apoiou, e disse que iria em sua peça. Algo reacendeu no peito de Yamaguchi.

Um conforto que o trazia desespero, dúvida, e também felicidade, sentia amor, se sentia amado.

Depois de muito tempo, ele segurou sua mão novamente, mesmo não sendo o cara do toque físico. Deixou se deitar em seu ombro, conversou com ele, o tentou ajudar. Seu coração batia forte, sentiu suas carnes tremerem, uma vontade grande de chorar.

Acabara de vestir o figurino, fingindo que estava tudo bem na frente dos seus amigos. Mas sua cabeça não parava de pensar em Tsukishima. Ele não sabe exatamente o'que sente, ele não sabe o'que deve sentir, ele não sabe o'que o outro sente, e sente que não deveria sentir.

— Dê tudo de si, Cavalcante! — Disse um de seus amigos. Era costume se chamarem pelos personagens antes da apresentação.

— Ok! — Respondeu rindo – de nervoso.

Decidiu se distrair com suas falas, pegando seu roteiro e as relendo, mesmo já tendo as memorizado. Lia linha pós linha, entretanto, suas mãos começaram a tremer, seu coração estava acelerado, sua respiração estava dificultada.

Olhou por de trás das cortinas, e seus olhos encheram de lágrimas.

Tsukishima havia acabado de chegar.

Se sentou, em pânico, não sabia descrever a agonia que sentia toda vez que passava pela sua mente que poderia perder seu melhor amigo por afirmar um sentimento errado.

"Barbara, chama ajuda!" Uma fala abafada soou ao fundo.

E em meio a esse terror, chegou a uma conclusão. O amor é o medo. Desde as pequenas coisas como ter medo que os pais de outra pessoa não gostem de ti como sentir que essa pessoa não é pra você e qualquer deslize você pode perde-la.

É medo de não a fazer feliz, medo de não sentir o mesmo, medo de se perder, medo de se apegar, medo sempre. Medo de se machucar, medo de o machucar.

E, olha só, você está chorando agora porquê sente medo de amar.

Amou?

— Ei, Yama. — Foi quando viu Tsukishima. Sua primeira ação foi abraça-lo, com medo. E, com a voz abafada, sussurrou quase que inaudível:

— Eu não sei o'que eu sinto. E isso tá me inundando a mente. Eu vou arruinar tudo, Tsukki.

— Não pense assim. — Yamaguchi se afastou, mas logo viu que ele falava da peça.

Decidiu não o corrigir, ainda não estava pronto. Mas assim que Kei secou suas lágrimas, segurando seu rosto e o olhando com tanta ternura e preocupação – algo que quase nunca vê – o seu coração pareceu liberar um sentimento de calma.

Como se todo o medo que sentia tivesse ido embora, tudo o'que sentia era um quentinho gostoso em seu peito. Tsukishima, mesmo que tudo desse errado, iria o aplaudir de pé.

Enquanto se apresentava, pôde ver ele na plateia, e isso havia o confortado. Não teve um problema enquanto se apresentava, era como se fosse só ele, o palco e Tsukishima. Quando a peça acabou, correu ate os bastidores, quase sendo interrompido por um Milo chorão.

Correu até o loiro, o abraçando, ele disse que estava incrível, ele quase não acreditou. Todos sabem o'que aconteceu nessa parte, o tão esperado beijo dos adolescentes, e a fuga de Tsukishima.

Quando Tadashi voltou ao local, e não o viu, ja imaginava o'que tinha acontecido. Se ele o julgou? Pelo o contrário! Logo pensou que faria o mesmo.

Os dois estavam desesperados, haviam acabado de por a amizade em risco. Mas Yamaguchi teve uma conquista esse dia, a certeza de que estava apaixonado por ele, e não era de hoje.