Quebra-cabeça.

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Vince's University
12:48PM

— "Ele" quem? — é a primeira coisa que a ruiva diz ao me ver.

A recordação da noite passada me vem à cabeça, me fazendo sorrir.

— Ele. — faço mistério, sabendo do quanto minha amiga fica atiçada com qualquer nuance de uma fofoca. Jenny bufa com impaciência enquanto acompanha o ritmo da minha caminhada pelo campus. — Ninguém mais, ninguém menos, que ele. Wickedaddy. — ela analisa a informação por um momento, logo disparando uma sequência de perguntas:

— Como assim? Está conversando com ele? Você mandou mensagem, não foi? E o que foi incrível? O papo? Ele tem tanta lábia assim? Que saco! Conte a fofoca toda de uma vez, sabe? — esbraveja no seu modo curiosa-ansiosa cem por cento ativo. — Você me manda mensagem, às duas da manhã, dizendo "foi incrível". Sem mais detalhes, sem muito contexto. Quase entrei em crise, sabia? Minha ansiedade atacou, mal consegui dormir! — brinca, fazendo um irônico e exagerado drama. 

— Esqueceu de tomar seus remédinhos tarja preta, garota?

— Fala de uma vez! O que aconteceu entre vocês? Não é possível que uma simples conversa foi tão uauincrível.

— Ele me fez ter um orgasmo. — afirmo, como se o argumento sanasse qualquer dúvida.

— Só com sexting? — sua sobrancelha se arqueia, ela me olha como se não acreditasse muito, mas dá de ombros. — Você é tão tarada nele. Que coisa... peculiar, hein? Eu diria que você é uma puta emocionada. — percebo a zombaria de sempre na voz dela, o que me faz rebater descontraídamente:

— Olha só quem fala, "@Jennybitch". E, em minha defesa, ele é muito bom, tá? Ele sabe jogar, com maestria! — brinco, subindo as escadas para o segundo andar.

Ao chegar no fim, solto para ela:

— A gente fez sexcall. Eu me toquei pra ele, obedecendo o que ele digitava pra eu fazer. Foi uma dinâmica interessante e...

— Fala sério, se liga — ela me corta com uma repreensão: — E se ele for um esquisito? Um velho tarado num perfil fake? Mesmo que a conta dele seja verificada, ele pode ter falsificado documentos, não acha? As fotos e vídeos podem ser de outra pessoa, sei lá, que nem sabe que esse estranho está usando. Ele nunca mostrou o rosto, nem a voz. É um desconhecido! Cuidado com as coisas que você manda pela internet, uma hora vai acabar estando em sites pornográficos sendo assediada por estranhos bizarros.

— Ele não é um velho tarado, Jenny. Eu o vi, ao vivo. Ele deixou ligada a webcam

— Hmm... Entendi. Conte mais. — diz ela, mudando totalmente de entonação, agora interessada, falando em seu tom curioso.

— Bom, ele fez à distância pela tela de um computador o que muitos caras que já me envolvi jamais chegaram perto de conseguir fazer. Ele apenas guiou a minha masturbação e me fez gozar. Simples assim. E sim, foi tão uau, incrível. — as frases saem baixas e discretas por meus lábios, pois estamos andando pelos corredores lotados da universidade no meio de vários universitários. — Ele é bom com as palavras.

— Ok, amiga. Conta mais. Quero saber os detalhes, os detalhes sórdidos. — a de cabelos ruivos cola o ombro no meu, rindo de um jeito pervertido e esperando que eu comece a narrar os fatos promíscuos acontecidos na noite passada. 

Eu descrevo tudo com um sorrisinho sacana no rosto, falando baixinho e censurando certas palavras para ninguém ler meus lábios. Conto a ela tudo enquanto andamos vagarosamente pelo bloco de classes. Após terminar, nós já estamos perto do corredor onde será a próxima aula dela.

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