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1. Beatrice

Todos os dias quando você acorda, não faz ideia do que irá acontecer nele. E essa dúvida, é o motivo das nossas dores de cabeça à noite. Não sabemos se nossa vó vai receber alta do hospital, ou se aquele cara vai mandar mensagem dizendo "bom dia" pra você. Não sabemos se saiu nossas notas do boletim e vamos ficar de castigo, muito menos sabemos que irá ter uma festa bombástica 2 dias depois (droga!). E assim como qualquer outra pessoa, eu também não sabia o que me aguardava nesse dia.

Acordei no horário de costume, vesti minha farda e fui para aula. 3 tempos de aulas chatas, as quais não prestei o mínimo de atenção e passei o tempo inteiro desenhando em meu caderno. Na hora do intervalo fiquei com minhas melhores amigas: Amanda e Patrícia, rimos e fofocamos sobre garotos. Não fazia a mínima ideia que iria ser a ultima vez. Mais 3 tempos de aulas, mais desenhos, e finalmente liberados. Passei a tarde vendo séries em meu quarto, quando recebi uma mensagem do meu amigo Christian, que dizia "ei, vai ter uma festa no apê da Hannah, vamos?" e eu claro, aceitei. Vestido, salto, cabelo, maquiagem. Eu estava impecável com aquele lindo vestido azul marinho que destacava meus cabelos castanhos caindo sobre meus ombros. Amanda veio me buscar em casa, me despedi dos meus pais, e fui. A festa estava incrível, já havia pegado 3 meninos naquela noite, estava caindo de bêbada.

Amanda iria me levar de volta para casa, mas acabou indo para o apartamento de um cara que conhecera. O que me restou ir com Joseph, um bêbado drogado que eu havia dado uns amassos umas horas antes. E bom, aquela foi a pior escolha da minha vida. Estava tudo indo bem, ouvindo rock no volume máximo enquanto ele dirigia, eu colocava minha cabeça para fora da sua caminhonete vermelha e deixava o vento bater contra meu rosto. Me sentia livre. Até que começamos a nos empolgar, ele começou a me beijar, e eu colocar a mão sobre seu membro já animado, ele ainda com a mão no volante. Quando de repente, uma buzina, um clarão, e depois, o silêncio, o escuro. E agora estou aqui.

Eu sempre imaginei várias maneiras diferentes de como seria a vida após a morte, mas nunca imaginara assim. É apenas o vazio, a lembrança constante do arrependimento do que não se viveu. Não é o que você fez, mas o que você deixou de fazer. E se culpará disso por toda a eternidade. É um eterno sofrimento que arde mais a cada segundo que passa, e a pior parte disso, é que ao contrário da vida, a morte não têm escapatória.