Capítulo 3

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KIMBAP - É um rolinho de arroz temperado recheado com vegetais diversos e carne

RAMYEON (ramión) - Miojo coreano

-SSI - Sufixo usado para demonstrar respeito usado após nomes pessoais

OMMA - Mãe em coreano

HERTZ - Unidade de medida de frequência, usada geralmente para calcular ondas sonoras ou de rádio

HERTZ - Unidade de medida de frequência, usada geralmente para calcular ondas sonoras ou de rádio

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scream peak, insomnia trough

"Me recuso" Soltei assim que as palavras se encerraram por completo. "Não sou um palhaço, nem um idol, nem um ator ou qualquer coisa idiota dessas"

"Hae Seong-a, Hae Seong-a" Cantarolou meu nome repugnantemente " Você está em condição de negociar?"

Não estava. Não sei se suportaria ir mais uma vez atrás daqueles monarcas e implorar para que ficassem com minha herança e me deixassem ser um civil pobre em paz.

"Estou em situação de defender minha honra. Não quero me envolver nesse circo"

"Não acho que seja um circo, hyung" Chang Min falou depois de aparentar ponderar por um tempo. "Você pode alegar que decidiu sair das questões políticas porque ver a situação da mãe chocou muito você"

Sung Hun concordou, cruzando os braços e se jogando no encosto da cadeira. "Concordo. Nossa Casa sairia como boa, as pessoas iriam engolir essa história de choque e bla bla bla..." Olhou para Sang, buscando aprovação "E hoje em dia essas coisas de problemas mentais estão em alta. Todo mundo simpatiza, mesmo se você for um bosta"

"Eu sou um bosta, mas não tanto a ponto de usar um caso sério de desaparecimento pra me promover" Frisei a palavra desaparecimento, na tentativa de trazer lucidez à conversa.

"Então vamos guardar suas cinzas no cemitério real. Por favor, não tenha filhos porque isso ajuda o reino e se possível, não se case também"

Senti meu maxilar tremer, mesmo que, do lado de fora, o céu estivesse completamente azul claro, a brisa da tarde, gostosa, e alguns bichinhos voassem perto da janela. Estávamos na primavera e meus dentes batiam.

Decerto não estava com frio. O nervoso tomava conta de minhas entranhas como mãos geladas tocando em meus ossos quentes, escalando-me, entupindo minha garganta, sublimando meus pulmões. A primeira ideia, de aparecer em frente às câmeras, sorrir quando acho chato, chorar quando não me importo, apoiar quem não conheço e fingir que procuro quem não me faz falta, me faziam sentir uma presa. Podia ver as mãos frias da ansiedade me eviscerando. Contudo, a segunda ideia, de passar todo o resto da vida vendo aquelas pessoas, lembrando daqueles lugares... Me parecia infindavelmente pior.

"Bem, então façamos um contrato e, depois que todos assinarmos, me digam o que tenho que fazer"

Assim que tirei os tênis, joguei aquele papel, cujo eu não era o contratante, para o sofá e me joguei sobre o tapete

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Assim que tirei os tênis, joguei aquele papel, cujo eu não era o contratante, para o sofá e me joguei sobre o tapete. O teto branco de um apartamento é ordinariamente sem graça, a luz, extraordinariamente dolorosa e o chão, obviamente duro. Mas essas coisas se intensificam quando se mora só em uma casa recém comprada.

Queria dormir ali mesmo, sobre o felpudo, com um cinto apertado e fedendo ao perfume de Sung Hun. O odor de madeira apodrecida com vinagre não cheirava à masculinidade; para mim, cheirava a mau cheiro. E o mais intragável: ele parecia trocar a água potável por essa essência. Porém, tinha um dever de casa.

Levantei num pulo torto, já que minha perna estava me matando. Antes que a preguiça se aninhasse em meu pescoço, catei aquele papel, a bolsa e cuidei de mim mesmo com se cuida de uma criança com diarreia no shopping: limpa o que dá, ignora o que não der. Peguei três latinhas de cerveja e coloquei o noticiário que meus irmãos enviaram.

Assisti o desespero como quem assiste futebol: sem derramar uma gota de suor, lágrima ou cerveja.

"Bom dia, nossa equipe teve notícias do caso Lena. O caso da menina que hoje foi considerada desaparecida nos deu uma nova surpresa. Segundo sua tia de criação, Seong Twal Li, a criança deixou um bilhete na bolsa da mãe, que, segundo Twal Li-ssi, vendia kimbaps para cinco pessoas ao mesmo tempo. Twal Li estava ali"

A barraca ainda estava montada na imagem. Provavelmente essa foi uma das primeiras matérias, já que fazem cinco dias desde que ouvi falar desses nomes na televisão da clínica Myung Suk. Olhei para a minha cerveja e me indaguei se o álcool é permitido junto àqueles remédios dela. A repórter mostrava que Twal Li, durante o desaparecimento, estava concentrada fazendo os rolinhos, enquanto a mãe deveria estar no atendimento.

"In Le Na tinha o hábito de ser uma menina livre. Muito bem cuidada, mas In Eh Den nunca foi uma mãe superprotetora. Quando questionada, a mãe afirmou que as crianças precisam ter seu direito de decidir o perímetro das suas descobertas, mas que Le Na sempre foi devidamente supervisionada"

O vídeo trocou sem que eu visse. Apenas notei a provável mãe. Seus cabelos, mesmo após passar pelos retoques da produção, estavam feitos os de alguém que acabou de levar um choque. Suas olheiras ainda eram visíveis, mesmo sob a maquiagem; já que não eram as suas pálpebras que não aparentavam dormir, mas sim, suas pupilas. Aquelas irís redondas e pretas brilhavam no mesmo hertz que o grito da sua insônia.

"Como vai, In Eh Den-ssi?"

"Estou bem, obrigada" Ela suspirou e eu quis rir pelo tom tragicômico de sua voz.

"Temos algumas perguntas para você, se não estiver confortável, por favor apenas nos diga para passar"

Eh Den confirmou com a cabeça e coçou as pontas dos indicadores, anelares, médios e mínimos com os polegares das duas mãos. Sua voz levemente rouca esboçou um 'sim' fraco.

"Qual era a comida preferida de In Le Na?"

A mãe engoliu sua maternidade com a garganta seca e respondeu:

"Le Na gosta de comer de tudo, mas a sua preferida é ramyeon"

"Como Le Na te chamava? Além de mãe, havia algum apelido carinhoso?"

A mulher deu um sorriso triste. Um lindo sorriso triste. Estava sem cerveja, levantei para pegar a última da noite quando ouvi uma pequena risada após a fala.

"Inma" fez uma pausa "Ela diz que é a junção do nosso sobrenome com omma"

"Que adorável"

Voltei a tempo da próxima pergunta.

"E como seu marido está reagindo a isso?"

Os olhos, que antes diziam 'sono', agora esbravejavam 'raiva'

Por algum motivo, me peguei curioso. Ela teria um marido? Se tivesse, se davam bem? Será que ela diria 'meu marido está tão inconsolável que se mudou para o interior'? Então, quando a resposta veio, me peguei confuso. Talvez por esse motivo as pessoas se interessem tanto pelas mazelas alheias em dramas ou em realidades assim. Minha curiosidade não esperava, comigo sentado em pose de flamingo manco, com uma meia faltando e mordendo uma lata de metal, por aquela resposta.

"Essa eu quero passar"

Lena esqueceu o caminho do lar | Korean book | AU!Onde histórias criam vida. Descubra agora