Droga, estou com ciúmes?

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Maria dormiu em meus braços, enquanto dorme ela solta soluços, nunca vi alguém chorar tanto assim, mas fico aliviado por ela conseguir dormir e não pensar mais nisso. Não quero acorda-la, então, tiro o meu casaco bem devagar e levo muito tempo pra fazer isso, quando finalmente consigo, eu o dobro e me deito um pouco no sofá e coloco ele sob meu peito e ajeito levemente a cabeça de Maria para que fique mais confortável.

Enquanto ela respira pesadamente em meu peito, leio alguns relatórios, reviso o seu depoimento, e vou colocando na pasta do caso, as peças finalmente se encaixando depois que tudo aconteceu.

Realmente foi uma sequência de fatalidades, Hannah tem sorte de ter saído viva disso, mas foi a única, ainda vou falar com ela sobre isso, ouvir sua versão dos fatos, mas este caso está basicamente resolvido e fechado.

— O que está fazendo? — sussurra o policial Ben, meu amigo e colega de trabalho.

— Como assim? — sussurro de volta e ele aponta com a cabeça para Maria que está no meu colo. — Ela estava muito mal, não soube o que fazer para ajudá-la, e acho que ela não tinha ninguém aqui, não encontrou os amigos ainda, nem sei se sabem que ela está aqui. — dou de ombros, mas minimamente para não a acordar.

— Alan, Alan... — diz ele acenando que não e com um sorriso malicioso nos lábios.

— Você está dispensado, Ben, pode ir pra casa descansar e mais tarde nos vemos aqui. — digo firme, ele apenas continua sorrindo e nos observando e depois sai e eu olho para baixo, Maria continua dormindo.

Já está de manhã e ainda estou lendo relatórios, que outros policiais trazem até mim, não posso me levantar e sim, meu braço esquerdo está totalmente adormecido, eu já não sinto ele a horas, mas não me importo, se isso foi fazer Maria se sentir melhor.

O sofá fica bem próximo da minha mesa, estou tentando jogar a pasta lá sem fazer muita movimentação, quando olho para baixo e vejo Maria abrindo os olhos, espero que não tenha sido eu a acordar.

— Bom dia, Maria. — eu à cumprimento sorrindo.

Ela se levanta do meu colo, passa as mãos no rosto e nos cabelos tentando os arrumar, mas ela não tem noção de quanto está bonita agora.

— Bom dia, Alan. Me desculpe dormir aqui, eu nem vi isso acontecer. — ela se justifica.

— Está tudo bem, como você está? 

— Eu não sei... — ela responde baixo, quase como um sussurro.

— É compreensível. O hotel da Sra. Walter é aqui perto, pode ir até lá descansar e comer alguma coisa. — Maria acena que sim, ambos nos levantamos e vou até minha mesa e a entrego a chave de seu carro, ela pega sem dizer nada e sai pela porta.

Decido ir embora também, não durmo a sei lá quantas horas, preciso descansar e retornar para este caso, conversar com os familiares envolvidos, informar que o caso está encerrado, falar com meu capitão, só de pensar já sinto dor de cabeça.

Chego em casa e nem percebo como cheguei lá, dirigir até aqui foi tão automático e estou exausto, ainda assim, consigo tomar banho, mas me deito na cama depois disso e simplesmente apago.

Algumas horas depois, acordo, não me sinto totalmente descansado, mas me sinto melhor, como uma sobra que tem na geladeira, vejo que tem alguns recados da minha mãe me pedindo para ir para Grove Springs quando tiver folga. Se tem uma cidade mais parada e entediante que Duskwood, com certeza é Grove Springs, não pretendo voltar pra lá tão cedo.

Na cama, me viro de barriga pra cima e fico olhando para o teto, começo a refletir sobre tudo o que aconteceu nas últimas 24 horas. Minha mente vai até ela, e todas as lembranças ficam como em câmera lenta, ela ajoelhada na floresta chorando, ela nos meus braços quando desmaiou, ela na delegacia, quando ela sorriu pra mim pela primeira vez, ela dormindo sob meu peito.

Sempre foi ela - DuskwoodOnde histórias criam vida. Descubra agora