Depois de alguns dias, fiz uma das coisas mais deprimentes da minha vida, arrumei minhas coisas e coloquei tudo em caixas de papelão, não é a primeira vez que passo por isso, já que fiz a mesma coisa quando me divorciei, só que ir embora de lá foi um alívio e fazer isso agora é tortura.
Tinha alguns objetos que eram nossos, agora são meus ou são dela, chegou uma hora que decidi parar de perguntar e deixar tudo com ela.
Compramos esta casa juntos, decoramos juntos, passamos muitos momentos bons aqui, quando a pedi em casamento, quando a surpreendi com as rosas em todos os cantos, nossa primeira noite aqui, quando eu tinha que trabalhar no turno da noite e ela me esperava acordada com a luz baixinha, ela usando uma das minhas camisas, cabelos presos em um coque solto, tomando café para se manter acordada e quando eu entrava pela porta ele vinha me abraçar...
Tive que me afastar dela em vários momento durante a arrumação, não sabia se iria conseguir não me jogar no chão como uma criança mimada implorando pelo seu perdão.
Mas também reparei que ela pegava alguma foto, algum objeto e saia do nada, depois voltava com os olhos vermelhos e tudo o que eu queria fazer era abraçá-la, na primeira vez ela deixou, ela chorou de soluçar em meu peito e tudo o que eu queria era tirar sua dor, mesmo eu sendo o causador dela.
Durante nossa relação, reparei que ela nunca mais tinha chorado, isso me incomodava, porque sabia que ela estava guardando tudo pra si mesma, e até mesmo quando a pedi em casamento, achei que esse fosse um momento de felicidade para nós e que ela iria chorar finalmente, mas não, e que tipo de pessoa deseja que outra chore por você?
Agora, quando vai para outro cômodo chorar escondida, tudo o que eu queria era não ser o motivo de suas lágrimas.
Como dissemos que seríamos amigos, ela voltou a morar no antigo apartamento, e a ajudei arrumar algumas coisas, mas percebi que ela estava exausta, tentei trazê-la para perto e a abraçar de novo, mas ela fez que não com a cabeça, pedimos comida e depois eu fui embora.
Mandei mensagem para Ethan, não queria ficar sozinho depois de passar o dia todo com ela, ele me respondeu me dizendo para encontrá-lo em um bar. Vou até esse bar, me aproximo de Ethan.
— Fala aí, cara. — me cumprimenta ele apertando minha mão. — Como foi lá? — não respondo, apenas respiro fundo, Ethan se vira para o barman — Uma cerveja, por favor?
— Preciso de alguma coisa mais forte. — consigo dizer.
— Whisky duplo. — pede ele — E a cerveja também.
Tomo o copo de whisky de uma vez só e já aponto para o barman me servir mais um e enquanto isso vou bebendo minha cerveja.
— Ok — começa Ethan — Já terminaram a quase um mês, chega de luto, hora de seguir em frente, tem muitos outros peixes no mar. — não respondo e só olho de soslaio para ele que dá de ombros — Olha ao redor irmão, tem muitas garotas aqui.
— Mas nenhuma é ela. — falo e dou um gole na cerveja, Ethan revira os olhos.
— Vai virar celibatário? — me pergunta e de novo não respondo — Olha, eu lamento pelo o que aconteceu, de verdade, sabe que amo Mabi como uma irmã, mas te ver mal está me fazendo ficar mal também e preciso te ajudar de alguma forma, e não tem forma melhor do que essa.
— Ethan, eu não quero nem pensar em ficar com outra pessoa.
— Você já teve um caso de uma noite? — ele me olha curioso — Sei que você não é esse tipo de cara, mas o que mais pode fazer para tirá-la da cabeça?
— Sim, eu já tive casos de uma noite a muito tempo atrás e eu não quero tirá-la da minha cabeça, é isso que você não entende. — bebo meu whisky.
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Sempre foi ela - Duskwood
FanfictionA mesma história de Sempre foi você - Duskwood, porém sob o ponto de vista do detetive mais gato de Duskwood, Alan Bloomgate, senhores e senhores. Espero que gostem. Por favor, votem, compartilhem e principalmente comentem suas reações. Obrigada...