Capítulo IV - Seria tão mais fácil

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Meio assustada com o que ele me falou, eu disse que meu pai comentou comigo sobre essa pessoa e ele rapidamente disse: - Mas como ele sabe? Ele também é uma vítima? - e eu o respondi deixando claro que meu pai era o delegado da cidade e que havia pegado esse caso. Rapidamente ele percebeu que havia ainda uma esperança e propôs que nós o ajudássemos para que ele pudesse solucionar o caso e por conseqüência descobrir quem era essa pessoa que estaria cometendo tal brutalidade! Mas eu não sabia como fazer isso e ele disse que também não sabia exatamente o que fazer, mas que não poderia deixar que mais pessoas fossem contaminadas e eu logo o interrompi dizendo que não era para sair por aí dando uma de herói, pois essa pessoa poderia ser mais perigosa do que imaginamos! Quando percebemos vimos que já era tarde, ele me levou pra casa, fomos conversando sobre coisas diversas e inúteis da vida, quando chegamos na minha casa, ficamos uns cinco minutos dentro do carro mas quando eu ia abrir a porta para sair ele disse: - Desculpas por fazer você passar por tudo isso, se eu tivesse pelo menos tentado evitar, você hoje não estaria com esse vírus se espalhando pelo seu corpo e poderia viver sua vida, sem preocupações!- respondi rapidamente com lágrimas nos olhos: - Mesmo depois de tudo que aconteceu e está acontecendo não consegui parar de pensar em você, naquela noite!- imediatamente sai do carro e entrei rapidamente em casa, corri para o único lugar daquela casa que me entendia e em que me sentia realmente 'eu', fiquei imaginando como seria tão mais fácil se ele não tivesse contraído aquele maldito vírus, hoje poderíamos estar felizes, como um casal normal. Acabei pegando no sono.
Na manhã seguinte, acordei por volta das dez horas da manhã, já que era sábado e não tinha que ir para a escola, fui ao banheiro, tomei um banho e logo desci para tomar o café da manhã, mas vi que eu estava sozinha em casa, estranhei, já que minha mãe não tinha costume de ir cedo para o hospital aos sábados, mas imaginei que havia acontecido alguma coisa. Tomei o café, e como o tédio reinava e como eu não tinha nada programado para aquele dia resolvi ligar para a Bia para me fazer companhia e ela sem pensar duas vezes concordou já que adorava fofocar. Minutos mais tarde ela chegou, já avisando que tinha levado filmes e pipoca, e logo eu deixei claro que a casa era só nossa e Bia logo começou a dar suas grandes idéias: - Hum... Bem que nós podíamos chamar aqueles dois gatinhos da nossa sala para virem aqui e nos fazer companhia... - logo interrompi e disse:- Nunca! Minha mãe me mataria se descobrisse que estamos aqui com dois meninos. E o único menino que entra aqui com tranqüilidade é o Jude! - ela disse com um ar descontraído que só estava brincado! Mas pensei comigo mesma, que se ela soubesse o que está acontecendo, não brincaria dessa forma.
Ficamos toda a tarde assistindo filmes de vários gêneros, conversando e eu com aquela paranóia, torcendo para que ela não tocasse naquele maldito assunto sobre as minhas férias, mas creio que esse assunto nem passara pela sua cabeça. Então, meus pais chegaram e a Bia foi embora, e isso já era por volta das oito horas da noite, eu estava com muito sono já que tinha gastado minhas energias durante o dia (mesmo que seja comendo pipoca e assistindo a filmes), escovei os dentes e fui me preparar para dormir.
Meu domingo foi normal, fiquei em casa o dia inteiro e eu nem esperava o que estava por vir amanhã. Enfim, na manhã seguinte fiz exatamente o que eu sempre fazia e isso não convêm citar novamente. Na escola foi tudo normal, Jude falando de sua nova paquera, Luíza que não fala muito resolveu abrir a boca para falar do seu vestido novo. Saio no portão, e vejo o Alex me esperando, implorou para que eu entrasse no seu carro, pois precisava falar comigo. Entrei no carro e o silêncio reinou por alguns minutos, até que chegamos em uma praça menos movimentada. Eu logo perguntei a ele o que tinha acontecido e ele disse: - Estava em casa pensando como descobrir quem é a pessoa que está passando o vírus... - fiquei imaginando como faríamos isso, mas ao mesmo tempo sentia uma dor tão grande pela distância entre nós, por me lembrar da viagem que apesar das consequências foi a melhor da minha vida. Novamente o silêncio reina e nossos olhares se cruzam e fico paralisada quando ele me abraça e em alguns instantes crio a esperança de que um dia esse pesadelo acabe e esse amor possa ser vivido intensamente. . E de uma forma espontânea digo-lhe: - Desculpa Alex, mas está tudo muito difícil nos últimos dias! Desde que voltou está tudo tão confuso e a ficha ainda não caiu, me perdoe por eu estar falando isso, mas está tudo muito difícil pra mim, difícil mesmo... - sem terminar de falar ele me interrompe com um beijo, o melhor e tão esperado beijo que chegou no meio da confusão. Ele me olha com olhar tão carinhoso que consegui esquecer tudo por alguns segundos e me disse que iríamos conseguir juntos! Chegando em casa, me despeço e corro para meu quarto, deito na cama e fico olhando pro nada e fico lembrando de tudo que aconteceu, me perco em meio os meus pensamentos, então caio em um leve sono. Quando acordo, percebo que minha mãe já havia chegado, desço as escadas para comer alguma coisa, me dirijo para a cozinha pego o 'sucrilhos' e o leite, mas quando estava subindo para retornar ao quarto ouço: - Manu!- me viro e desço alguns degraus. Ainda um pouco sonolenta, afinal foi difícil dormir com um turbilhão de coisas na cabeça, e também no coração que infelizmente nada nem ninguém consegue minimizar a dor, a angústia. Descendo as escadas, fico imaginando o que a minha mãe queria. Pensei em tudo, mas ela me surpreende ao perguntar como eu estava. Naquele momento achei que estivesse no meio de um sonho, ou seria um pesadelo? Enfim, foi uma pergunta surpreendente que me causou certo estranhamento já que ela não era disso, não sabia como respondê-la, então falei a primeira coisa que me veio à cabeça. - Estou bem! - E sua reação foi imediata, soltou um leve sorriso de lado. Continuei subindo, mesmo querendo saber o motivo para tal curiosidade, e me retornei ao quarto.

Depois daquela viagemOnde histórias criam vida. Descubra agora