Suspirei brincando com meus dedos um pouco pensativa e relaxei um pouco os ombros me levantando e saindo da biblioteca tentando recuperar o meu ótimo senso comum. Olhei para os livros empilhados na prateleira a procura de um outro específico e quando não o encontrei em 2 minutos, resolvi desistir e cravei as unhas com tensão e força no livro em minhas mãos para que não caísse. Depois de tudo....Ela voltara mesmo a tentar brincar comigo? Corrigindo: Tentar não, porque ela sabe que consegue o que consegue comigo em questão de segundos.
Eu queria poder perguntá-la o que realmente ela quer comigo, por que faz isso e o que ganha de prêmio sendo logo comigo. Centenas de novatas entraram esse ano na escola, estou ciente disso. Várias delas muito lindas e aparentemente que repararam nela. Conheci algumas na minha própria sala, se isso fosse a barreira pra ela não se interessar por não ter tanto convívio. Várias já assumidas, outras esportistas e algumas meio rudes como ela. O que ela viu de tão interessante em mim? Medo? Fragilidade? Isso martela minha cabeça sempre depois de ela investir em mim. Eu poderia perguntar sim, mas se eu consigo? Não. E por que? Porque eu não consigo nem ficar respirando o mesmo ar que ela, no mesmo local que já me estremeço toda e minhas pernas ficam bambas, me deixando como uma completa idiota. E se Fernanda souber que eu menti pra ela e que tudo isso aconteceu debaixo de seu próprio nariz? O que ela vai pensar de mim? Que sou uma traidora puta que corre pros abraços da Gabriela sempre que ela se lembra de mim e os abre? Que sou um cachorrinho que volta a abanar o rabo quando o dono volta pra brincar com ele e dar recompensa? Se ela disser isto, acho que não terei como discordar, né? Mas agora preciso saber de uma outra coisa.
Andei até um dos corredores a procura do quarto de Fernanda que ainda não decorei a localização e parei me escondendo quando ouvi uns sussurros. Me escondi atrás de um dos bebedouros quando vi Gabriela. Ela estava acompanhada de um senhor. Ele dizia algo bem baixinho com uma expressão assustada e ela o olhava de forma zombateira com uma expressão de raiva ao mesmo tempo estampada em seu rosto. Aquele homem parecia ter em torno de 43 anos. Cabelos escuros sem fios brancos, pele um pouco dourada, olhos cor de mel como os de Gabriela, pose autoritária, mas cabisbaixo e com um terno um pouco velho, formal e bonito.__Peça para outra pessoa, cansei de suas dívidas, de suas trapaças e seu comportamento. O que quer que eu faça desta vez? Te tire da cadeia, converse com alguém, te dê uma "salário" para não pertubar, ou que mate alguém pra te poupar? __Gabriela falava um pouco alto e o homem fazia uma cara desaprovadora, pedindo-a para falar baixo.
__Gabriela__suspirou e segurou com força nos braços dela.__Sei que você não gosta de mim, que nunca gostou. Que não sou realmente um bom exemplo, mas você é pior. Já esqueceu, minha filha? Ainda sou teu pai e mereço respeito. __olhei assustada tapando a boca para não emitir nenhum som e tentei me recompor para ouvir o resto. __E você matou minha mulher, minha amada. A única pessoa que amei. E tem mais que a obrigação de me sustentar um pouco, já que fez isso com tanto gosto para ganhar a fortuna incalculável da herança dela. E eu que sempre acreditei que vocês eram parecidas e que você era só mais uma criança.__vi os olhos do pai se encherem de lágrimas e ela empurrando segurando ele pela gola da camisa. Pegou um maço de dinheiro no bolso da própria calça com a outra mão, colocou no bolso da blusa do velho e deu leves batidinhas.
__Nunca repita isso! Nunca mais. Me ouviu, seu cabeça dura? Eu não matei minha mãe, eu sempre a amei e não me faça ficar com raiva da sua presença ou me arrepender de ter te deixado vim. Não quero saber o que fez desta vez, não ligo. Aí tem um ótimo dinheiro e não ouse voltar. E vê se compra um terno novo, se quiser um emprego, vai precisar. E um apartamento também pra recomeçar sua vida. Vá logo papai. __soltou o homem que balançava a cabeça positivamente, esperou ele sair e olhou em minha direção como se estivesse me vendo. __Ana, acabou, né? Pode sair, "ninguém" te viu aí. __gritou para que eu escutasse e me assustei levantando devagar do local enquanto sorria sem graça. Ela cruzou os braços assentando com a cabeça e se virou novamente, saindo e pisando no chão com força como se aquilo fosse causar um terremoto e com isso o teto caísse em sua própria cabeça.
Suspirei olhando os números nas portas de identificação e abri o quarto de Fernanda. Observei ele por inteiro para ver se tinha alguém ali dentro, adentrei assim que confirmei e fechei a porta enquanto procurava alguma pista sobre o sumiço de Fernanda na noite da festa.
Tô meio.espiã hoje, eu sei rs
VOCÊ ESTÁ LENDO
Teu Romeu Vagabundo [Romance Lésbico]
RomanceUma garota vagabunda, irritada, extrovertida eee....lésbica, com uma adolescência totalmente a flor da pele. Horas ruins, dias ruins, anos ruins..mas uma vida inteira para mudar isso. Algumas pessoas precisam mais que uma vida para mudarem, outras...