Teu Romeu Vagabundo [Romance Lésbico]

Cap. IX- Teu pesadelo provém do meu.

Fernanda on

3 dias! Estou tão preocupada com Ana que iria a procura dela agora mesmo, se deixassem. Quatro guardas locais especializados no trajeto foram procurá-la tem 2 dias. Eles precisavam de exatamente 24 horas do sumiço para confirmar de que ela só não quis voltar, e eu achei burrice porque só deu mais tempo para talvez acontecer algo pior com ela. Eu até preferiria um sequestrador com ela, que Gabriela nisso. Por mais que eu esteja namorando com Ana, sei que ela ainda tem uma queda por ela e Gabriela sempre aproveita desse fato. Com ou sem acordo, estou insegura porque Gabriela sempre será a mesma. Podia ser deixada lá morrendo que eu não iria me importar. Já ia me deixar mais aliviada com a primeira do topo das pessoas que tenho mágoa para destruir. Depois do que ela fez...acredito em tudo que possa vim dela. E quando eu dar o bote primeiro, a víbora perderá o veneno de vez.

FLASH BACK ON
23 de Maio de 2014

Fazia um tempo que eu estava na escola e tudo agora ocorria melhor do que nunca. Tinha amigos, popularidade, boas notas, respeito e o melhor: uma linda futura namorada que me trouxe todas as outras coisas e me fazia sorrir. Ela era um ano mais velha, me ajudou a superar algumas coisas e sempre tava ali pra me apoiar apesar de não aparentar gostar tanto de mim e só me usar como uma forma de prêmio mesmo. Mas naquela época eu acreditava que ela nunca iria mentir pra mim, que ia me levar nas nuvens pra sempre e que ia beijar meus olhos tristes sempre que pudesse me confortar e tivesse oportunidade.
Idiota.
Era uma linda sexta-feira quando tudo ocorreu. Eu estava feliz com minha suposta apresentação individual com direito a discurso sobre Bullying. Amava a forma como as pessoas, milhares delas acabavam denunciando o agressor que as maltratavam, logo depois de admitir a si mesmo ao ouvir uma palestra sobre esse assunto. Admito que minha aparência estava esplêndida. Usava um coque no cabelo que estava coberto de flores artesanais. Usava um vestido azul que assentava minha silhueta, um salto na cor prateada e brincos dourados dados por minha avó paterna.
Minha futura namorada sorria pra mim e me dizia palavras de motivação e segurança. Abraçou meu corpo, dando-me um beijo na testa e suas últimas palavras foram: ''Depois de sua apresentação, te darei um presente que você irá se surpreender. Espero que goste!''
Fiquei super ansiosa com isso e não via a hora de isso acontecer. Subi no palco e expressei minhas palavras tais como senti que deviam ser ditas. Eu tinha um discurso em mãos e palavras decoradas. Mas meu coração disse mais alto, e como disse bem. Fui aplaudida de pé não só por meus colegas, mas por superiores de outras escolas que a visitavam. Olhei nitidamente para o lado e Paulo me trazia um buquê com rosas brancas. Meus olhos brilharam de felicidade com aquilo. Peguei-o lendo o cartão e nele tava escrito:

"Eu espero mesmo que você goste da real surpresa! Vou mudar sua vida daqui em diante, ok? Bjos."

Ao terminar de ler, escutei o som zunir e aos poucos ditar algumas palavras com uma voz de computador que não consegui ouvir direito. Meus olhos estavam vidrados na cena da tela. Era um vídeo meu. Em um momento íntimo. Meu rosto era aparentemente reconhecido por todos que vissem tal vídeo. Parecia ser um vídeo caseiro onde a camera era escondida no meio de uma prateleira de livros e apontado só para um dos rostos ali. O meu. Reconheci rapidamente quem estava comigo nele mesmo que seu rosto fosse cortado das cenas ou editado em algumas ocasiões. Pisquei algumas vezes olhando para trás onde algumas pessoas riam alto apontando e procurei por minha futura namorada, que também deveria aparecer no vídeo e não tava por algum motivo. Mas ela não estava mais lá. Havia sumido. Nenhum rastro. Paulo olhava assustado para mim sem saber o que fazer e correu para a multidão. Voltei a olhar para a tela, com meus olhos já cheio de lágrimas e mesmo vendo embaçado, reparei no movimento rápido do braço da minha futura namorada. Uma tatuagem de ficção científica que não ousou aparecer mais. Abri a boca ao ouvir o som aumentar e gemidos meus começaram a ecoar naquele lugar. Passei a mão no olho limpando o rosto e joguei com força o buquê no chão, pisando em seguida com toda a força que pude arrancar de mim. Todos que riam pararam pra observar e eu chorava um pouco alto, sentindo uma dor enorme no peito. Olhei para a multidão que cochichava baixinho, saí tirando os saltos, joguei em qualquer lugar e fui a procura da minha EX futura namorada, a quem vocês devem conhecer como...como Gabriela. Avistei ela mexer em algo no short e sorrir, desfazendo logo esse sorriso quando me olhou de cima para baixo, fingindo estar assustada e preocupada. Mordi os lábios com força e suspirei fundo quando cheguei perto dela: