Gabriela on
Ao ouvir os tiros ecoando consecutivamente no local, me arrastei para debaixo da cama.Meu coração disparava e minha mente passou a fazer uma enorme linha do tempo. Engoli em seco com as lembranças ruins e tentei me controlar para não fazer nenhum movimento brusco, mas uma voz irritante gritou em satisfação e foi aí que eu lembrei. Ana Vitória desmaiada na cama. Me senti uma idiota por tê-la esquecido. Uma completa idiota. E agora tinha um garoto com uma espingarda em mãos e aparentemente da minha idade, mas um pouco mais alto, apontando para onde ela estava enquanto um velho gordo se aproximava.
__Pai...ela parece doente. __o garoto olhava preocupado para seu pai e passou os dedos finos no cabelo encharcado.
__É o que parece né, Júnior.__o velho voltou a levantar a espingarda para o ar e começou a apontar para todos os lados.__Mas ela não veio sozinha. __puxou um pouco o lençol para ver o pé de Ana. __Olhe, como suspeitei. Está quebrado. Tem mais alguém aqui. E escondido.
__Uh...__o tal do Júnior correu os olhos pelo local, mas deu de ombros achando que o pai pudesse está delirando. Talvez ela tivesse se arrastado até lá.
Se aproximou de Ana distraído e antes que seu pai o pudesse avisar, eu rolei para fora da cama e em pulo, o desarmei aplicando uma "chave de braço" em seu pescoço. Aproveitei para pressionar o cano da arma em sua costela, e sorri ao ver o pai bufar por tamanha idiotice de seu filho e suspirar fundo enquanto entalava as palavras que ia dizer. O garoto olhou aflito e ficou imóvel.__Você não quer fazer isso. __soltei uma risada ao ver que o pai dava um passo para frente.
__Se acalme...Nós ajudaremos vocês. E mesmo que deixássemos vocês fugir, você não iria tão longe com essa garota nas costas sem saber para onde exatamente ir. Meu filho sabe o caminho. Pode levar quando ela estiver melhor. Vamos cuidar para que isso ocorra também. Agora solte meu filho, muleke.
__Garota. Sou uma garota. __cerrei os dentes e ele se desculpou__Será que devo confiar? __ olhei desconfiada ao ver ele colocar a sua espingarda no chão e então se afastar. Soltei o garoto empurrando-o com força em direção ao velho, mas continuei com o dedo no gatilho esperando que eles fizessem qualquer movimento. Olhei para Ana por um tempo e ela parecia dormir tranqüila, como um anjo. Não disfarcei minha cara de satisfação.
__Ela é importante pra você, né? Eu entendo..__o velho chamou minha atenção. Franzi o cenho ao escutar e resmunguei um "não" para ele. Entreguei a arma para ele devagar e ele sorriu gentilmente entregando para o filho que colocou em uma prateleira. Foi até Ana, colocou a mão em sua testa, arregalou os olhos e chamou o filho com o dedo.
__Ela ta ardendo em febre! Júnior, vá pegar a maleta de primeiros socorros. __olhei pro garoto correr até o outro cômodo.
[...]
Fernanda on
O sol ainda estava lá no alto quando me avisaram que a reunião iria acontecer em meia hora. Eu estava dormindo quando me avisaram e mesmo sendo por uma boa causa, eu de forma alguma iria me apresentar lá como namorada da garota perdida, toda descabelada e morgada. Não com aquele super deus lá. Eu não teria chance alguma com ele. Na verdade, nem quero ter, afinal eu namoro, né. Mas é meio humilhante aparecer desta forma perto dele, então tomei uma ducha gelada rápida só para despertar, coloquei um short florido e uma blusinha branca, joguei meu cabelo para o lado fazendo uma trança e saí do chalé pedindo algumas informações vez ou outra para os vigilantes e guias ali.
Era em uma tenda enorme que já havia começado a reunião. Tinha muitas pessoas ali incluindo o líder do acampamento, um empresário muito rico aparentemente e o lindo deus grego, lado a lado, destacando-se na multidão. Me aproximei com pressa envergonhada pelo atraso, sentei-me na primeira fileira em uma das cadeiras com meu nome em reserva e me pus a escutar o que diziam. Eles falavam sobre formas de procurar em um lugar tão grande e eu bocejei não conseguindo tirar a atenção do garoto que agora olhava para mim com um sorriso malicioso. "O que ele quer? " Pensei. Olhei para trás confirmando e pela primeira vez ninguém o olhava além de mim. Engoli em seco tentando disfarçar e voltei à reunião que realmente tava acontecendo ali e o propósito ao qual tinha me levantado da cama. Quando finalmente tudo acabou, me levantei depressa e saí dali bem aliviada. Estava bem exaustivo escutar aquelas coisas meio ridículas. Eu naquele momento só queria comer algo e dormir. Me espreguicei sorrindo e desci uma ladeira.
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Teu Romeu Vagabundo [Romance Lésbico]
RomanceUma garota vagabunda, irritada, extrovertida eee....lésbica, com uma adolescência totalmente a flor da pele. Horas ruins, dias ruins, anos ruins..mas uma vida inteira para mudar isso. Algumas pessoas precisam mais que uma vida para mudarem, outras...