capítulo dois

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  Acordo tensa, tonta e com olheiras, suada e cansada,    mais uma vez aquele mesmo pesadelo...isso me atormenta cada vez mais, decido ficar mais alguns minutos deitada, de olhos fechados, imaginando como seria bom ter Caim comigo. alguns minutos se passam, eu me levanto um pouco, ainda não saio da cama, fico sentada, olhando para o lado onde Caim estaria dormindo, se ele estivesse vivo.
   "Mais um dia sem Caim, mais um dia sem sentido" eu penso, enquanto me levanto da cama, coloco meu chinelo e ando lentamente até a janela do quarto. Abro a janela lentamente, o nascer do Sol é uma cena linda de se ver, mas quando se sente cansado. até as coisas mais simples, que antes te traziam alegria, se tornam um fardo difícil de suportar.

-Alexa, abrir janelas.

Peço com uma voz de sono, até que a ideia de por uma Alexa aqui foi boa, saio do meu quarto e vou em passos lentos até a cozinha, odeio cozinhar e sou péssima nisso, então meu café da manhã tem sido café preto e um sanduíche de ovo, não tenho tempo para me alimentar durante o dia, então só como o suficiente para me manter de pé...
   Sem ânimo, abro a gaveta do armário da cozinha e tomo alguns remédios, já fui em diversos médicos, psiquiatras, psicólogos, até fiz alguns exames para ver se não tinha algo errado com meu cérebro. Mas não havia nada, absolutamente nada errado, meu cérebro está em perfeito estado, assim como o resto de meu corpo, quando fui ao psiquiatra, ele disse que não estava aceitando a morte de Caim, me disse para começar a fazer acompanhento psicológico e tomar alguns remédios.
  Que besteira, como se isso valesse alguma merda, esses remédios não funcionam, essa porra fica pior a cada dia...tem algo de errado comigo, e eu vou descobrir o que é.
   Solto um suspiro...melhor tentar me animar, "grande dia" hoje, vou ter que ficar de plantão novamente.

- Alexa, tocar música "Pega rapaz"

Ouço os primeiros acordes da música e um pequeno sorriso sai de meu rosto, eu amo essa música, apesar de ser bem eclética, não troco meu MPB por nada! Enquanto bato os ovos, eu canto a música, sintonizada com Rita Lee.

-Prova o gosto desse ton-sur-ton, Do meu batom na tua boca! Alô doçura! Me puxa pela cintuuraa!

Eu continuo cantando a música enquanto coloco os ovos na frigideira, logo depois de já estarem mexidos, eu monto o sanduíche de maneira desengonçada, me sento na cadeira enquanto a música continua tocando, olho estática para o café da manhã em minha frente, todo dia é a mesma coisa, um nó na garganta e um aperto no peito, Caim deveria estar comigo...eu solto um suspiro e tomo meu café. Olho o relógio, me levanto da cadeira e coloco minha louça na pia, logo após, vou em direção ao banheiro. Tiro minha roupa, me olho no espelho e só consigo sentir nojo, uma ânsia de vomito incontrolável, desde o acidente me sinto assim, nojenta e vazia, desvio o olhar e entro no box, ligo o chuveiro e sinto a água gelada escorrendo pelo meu corpo e me despertando por completo...lavo meu cabelo, desembaraço e hidrato, após isso eu desligo o chuveiro e saio do Box, enrolando a toalha em meu corpo enquanto saio rapidamente do banheiro.
    Vou até meu quarto e faço oque tenho de fazer, pego minha bolsa e checo se está tudo ali, após verificar eu pego minhas chaves e saio de meu apartamento rapidamente, corro até o elevador, que já esta fechando as portas, vejo somente um homem lá dentro e grito enquanto corro.

-SEGURA A PORTA PARA MIM, POR FAVOR!

O homem me olha e segura a porta do elevador, eu corro um pouco mais rápido e consigo entrar no mesmo, eu suspiro pesadamente enquanto recupero o fôlego, após dois minutos eu finalmente falo.

-Muito Obrigada!

Eu dou um pequeno sorriso e olho pra cima para ver um homem alto, ele cheira bem, um cheiro amadeirado e forte, não chega a ser enjoativo, mas sim, muito atraente...eu olho para o rosto do indivíduo. Um homem sério, cabelo cacheado e pele parda escura, barba feita e alguns piercings na orelha esquerda, e outro piercing na sobrancelha direita...existem algumas tatuagens em seu pescoço e em seus braços, parece ser um ou talvez dois anos mais velho que eu, um corpo forte, que se destaca bastante pela camiseta de compressão que ele está usando.

(?) - Qual seu andar?

O homem pergunta, uma voz grossa e bela sai de seus lábios, ele me olha ainda sério, seus olhos pretos como obsedianas que parecem encarar minha alma...eu balanço a cabeça e volto a realidade

- térreo...

The denial of an endOnde histórias criam vida. Descubra agora