66 : Dezembro

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Falo baixinho demais entre o peito que dói e a lufada que descarrega meu pesar
Entre o quebrantar da alma que sangra
Da rachadura que se abre nas beiradas do meu precipício particular
Às manhãs são difíceis em certas épocas do ano
Mas o mês de dezembro é a minha ponte entre o Céu e o inferno
No dia 20 de dezembro o ar se tornava tóxico
Já não se sentia a vontade da vida nessa data
Algo faltando era o tormento de presente adiantado
Apertava até sufocar
O dia era uma parada esperada no tempo 
O sangue pulsava nas suas veias
Fazendo seu coração acelerar
Clamando por um milagre
No dia 20 de dezembro  sussurrava uma oração silenciosa aos céus
"Por favor meu Deus,que chegue logo minha vez"

Falava baixinho pra que ninguém escutasse quando suas lágrimas caíssem

Os números subiam rapidamente
O coração batia forte demais
A sua substância estava fraca

Era mais um dia de dezembro
E sua alma sangrava
No silêncio tristonho
Sua estrutura se transformava 
No baixo polar de  -40ºC
A aurora polar de partículas radioativas avisava que nada estava chegando

No dia 20 de dezembro
Entre o peito que doía e o coração que sangrava
Ela fazia uma prece

"Por favor meu Deus, que chegue logo minha vez".

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