68 : Florença

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SONETO LXV
Se a morte predomina na bravura
Do bronze, pedra, terra e imenso mar,
Pode sobreviver a formosura,
Tendo da flor a força a devastar?
Como pode o aroma do verão
Deter o forte assédio destes dias,
Se portas de aço e duras rochas não
Podem vencer do Tempo a tirania?
Onde ocultar - meditação atroz -
O ouro que o Tempo quer em sua arca?
Que mão pode deter seu pé veloz,
Ou que beleza o Tempo não demarca?
Nenhuma! A menos que este meu amor
Em negra tinta guarde o seu fulgor.

William Shakespeare


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Meus dedos tocavam o vão daquelas notas de um piano antigo daquele namorado de um passado de Florença

Seguindo o coração de uma amante apaixonada em uma tarde de calor
Eu mal tinha vivido tudo que tinha que viver

Respirava o que da arte sonhava
Tocava do que da arte sentia

Os dedos se avançavam nas teclas empoeiradas daquele piano antigo de Florença

Minha mente gostava de viajar na melodia esquecida de dois apaixonados

Era impossível não sorrir com lembranças tão vividas da dança de dois corpos nús expostos naquele salão de chão marrom

A casa vibrava com a chegada das notas invisíveis de espaços vazios

As estações não mudavam no que um dia foi Florença
E nem a paixão dos dois apaixonados formados pelo tempo.

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