11: vazio de obsidiana

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Como ir bem lá no fundo de minha alma e arrancar aquela profundidade de sentimentos que existe dentro de mim?

Eu já entrei lá e só encontrei um enorme rio negro de pequenos círculos flutuantes
Vi pequenas versões de mim mesma patinando em um coração que batia com dificuldade no ártico

Aquela pequena criança de cabelos Onix ainda procurava o amor perdido.

Aquela moça de curtos fios chamada de guerreiro ainda procurava um lar para descansar.

Aquela dama de branco ainda vivia naquele porão de Paris e se sujava de tinta em artes nunca acabadas da liberdade.

Eu tentei pular naquele rio,
Mas ele nunca me deixava entrar naquele estado distante da vida
Ele só me afogava em pequenas doses de vazios
Ele nunca deixava ninguém entrar para morrer em completo
Ele era um meio termo,
Só flutuava em afogamentos
em esquecimentos
um rio de buracos negros
Um vazio de obsidiana.

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