Quando Lara perdeu seu caderno de anotações pessoais, ela não fazia ideia de onde foi parar. E muito menos nas mãos de quem foi parar.
Ela descobriu dois dias depois.
E foram esses dois dias que fizeram a vida dela mudar para sempre.
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Quando...
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Felicidade.
É a palavra que melhor me resume agora. Com ela deitada em meus braços fazendo um carinho por toda a extensão e eu alisando sua cintura. O cheiro gostoso do cabelo dela invadindo minhas narinas e a sensação de ser um porto seguro era algo muito intenso pra mim.
Eu nunca tinha sentido isso antes. Nunca nem tinha passado pela minha cabeça passar pelo que eu estou passando agora já que a normalidade é, transar e ir cada um pro seu lado. Mas é claro que com a Lara seria diferente.
Só saímos daquele mundinho em que estávamos quando Tia Helô ligou e nós soubemos que estava na hora dela ir embora.
—Mesma hora amanhã? – pergunto ansioso.
—Acho que amanhã não. – ela me diz. — Tenho que terminar as questões da decoração do baile, vou terminar bem tarde.
—Ah. – digo simples e então sorrio para ela. — Me avisa quando quiser me ver então?
—Querer te ver eu quero todos os dias. – ela me diz sorrindo. — Mas a minha agenda apertada não me permite.
—Ai, me perdoe senhorita ocupada. – digo risonho e beijo seus lábios.
—Vamos nos falando? – ela pergunta e eu concordo imediatamente.
—Claro que sim.
O carro do aplicativo chega pouco tempo depois e eu fico observando ela ir embora, assim como começo a ver a corrida em tempo real quando ela me envia. Só entro no meu carro e vou embora quando vejo que ela chegou em casa. Mas eu não iria pra casa.
Estacionei em frente ao prédio antigo de tijolos e porta gigante e respiro fundo. Bato na porta de madeira antiga e vejo Miguel abrir, ele parece surpreso, eu nunca havia vindo aqui sozinho, quem dirá por livre e espontânea vontade.
—Entra. – ele diz abrindo espaço e é o que eu faço, o apartamento estava quente pelo aquecedor e tinha sushi na mesa de jantar. — Já jantou? – nego com a cabeça. — Senta aí, vamos jantar e aí você me fala o que veio falar. – ele ainda estava andando de forma estranha por causa da cirurgia, mas a recuperação está sendo um sucesso.
—Quem disse que eu vim falar alguma coisa? – pergunto rindo, ele me olha desconfiado.
—Porque eu te conheço desde que você nasceu e quando você vem até mim, é porque deu ruim. – ele diz e eu dou risada.
—Não deu ruim. – digo a ele. — Eu estou apaixonado.
Miguel para por um momento prestes a por um pedaço de salmão na boca, e então ele solta deixando o pedaço cair no prato que estava com shoyu.
—Como é? Eu acho que não ouvi direito. – ele diz.
—Aconteceu. Estou apaixonado. – digo a ele mais uma vez e o mesmo continua me encarando.
