Capítulo VI - Scaramouche

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Kazuha

Fui para o ateliê, segurando minhas lágrimas... Não queria ter agido daquela forma com Scara, sei como ele é e sei que não posso obrigá-lo a gostar de mim da forma que eu quero.

Queria voltar e pedir desculpas, mas pensava que Scara já teria ido embora...

No ateliê, tive que pintar um retrato, e enquanto muitos pintavam amigos, familiares ou entes queridos, não precise pensar muito para ter certeza de que queria pintar um retrato do meu amado Scaramouche.

Pintei com precisão cada traço, sentindo o pincel deslizar na tela com facilidade, de forma a me prender na pintura, assim como o cheiro do próprio Scaramouche, que me prende e me atraí de tal forma que nem sei como me expressar.

Nem me dei conta e a aula já tinha acabado, a pintura que eu havia feito era magnífica.

A professora, como sempre, perguntou se alguém queria pendurar as pinturas, e como sempre, todos recusaram, agradeceram, e saíram do ateliê.

Mas eu aceitei dessa vez, decidi pendurar, para que sempre que eu fosse a uma aula, tivesse a chance de vê-lo... Mesmo que em uma imagem, mesmo que em uma pintura.

Saí do ateliê e lembrei-me do ocorrido mais cedo, que logo me deixou para baixo novamente.

Fui para casa, notando a falta do Scaramouche ao meu lado, falando sobre tudo e nada, reclamando e fofocando sobre qualquer um.

Scaramouche

No dia seguinte fui para a escola, sozinho. Estava um pouco frio, e era uma caminhada solitária.

Quando cheguei na escola não me dei ao trabalho de falar com alguém ou algo do tipo, fui para a sala de aula e deitei a cabeça na mesa.

Algumas outras pessoas chegaram e se sentaram, não dei muita importância, até quem chegar ser ninguém mais ninguém menos que Kazuha.

Olhei para ele e ele para mim, era óbvio que nós dois estavamos nervosos.

Tentei não chorar, mas ao vê-lo depois de sentir o arrependimento que senti no dia anterior fazia disso uma tarefa difícil.

O professor de ciências chegou, e antes que qualquer um de nós pudesse fazer alguma coisa, ele mandou todos sentarem em seus lugares.

[Quebra de tempo]

A aula acabou, me levantei e resolvi tentar falar com Kazuha, porém Ayaka chegou primeiro, ele olhou para mim, com um olhar que não carregava nada além de tristeza.

    – Kazuha, me encontra atrás da escola?...–

Ayaka disse em um tom tímido, eu sabia muito bem do que se tratava, dei um passo para trás e sai da sala.

Vaguei pelos corredores com lágrimas no rosto, uns perguntaram se eu estava bem, enquanto outros ignoravam.

Fui ao terraço e me sentei onde aconteceu o ocorrido de ontem, pensei no que dizer, mas não tinha coragem para ir a procura de Kazuha.

Kazuha

Durante o intervalo, fui atrás da escola e me encontrar com a Ayaka, eu sabia o que ela iria dizer e estava pronto para rejeita-la.

    – Então... Eu gosto de você Kazuha, e já faz algum tempo. Eu acho que nós dois combinamos bastante sabe... Nós dois somos os mais inteligentes da turma... Nós dois somos populares.... Então... O que acha de nós namoramos?–

Olhei para ela, com um olhar de pena por um segundo.

Eu odiei tanto a forma que ela colocou as palavras que me deu pena.

E se eu gostasse de alguém que não é tão inteligente?! Qual o problema? E se eu gostasse de alguém que não é popular? E-E se eu gostasse de um garoto?! E se eu gostasse do Scaramouche?!...

Eu preciso pensar com calma, não posso perder a postura por culpa de comentários desse nível.

Não irei me rebaixar ao nível das palavras dela.

--continua--

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