➳ 𝘤𝘩𝘢𝘱𝘵𝘦𝘳 𝘦𝘪𝘨𝘩𝘵𝘦𝘦𝘯

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Florence e Harry percorreram algumas ruas e vielas até chegarem a uma pequena porta com aspecto nem um pouco convidativo. "Não é como se eu tivesse muitas escolhas", foi esse o pensamento que a fez segui-lo para dentro. Quando as luzes foram acessas, um quarto foi revelado. As paredes estavam quase completamente por grafites, o que dava um pouco de estilo para o lugar. A maior parte da decoração era nas cores vermelho, branco e preto.

— Pode se sentar em qualquer lugar, princesa. — Harry disse. — Não é um palácio, mas é algo.

Florence sentou-se na primeira poltrona que encontrou, segurando seu braço machucado. O corte não sangrava tanto quanto antes, porém ainda doía. Foi uma surpresa para si quando ele retornou segurando algumas bandagens e mais algumas coisas para tratar do ferimento.

— Não, espere. — Florence pediu. — Eu posso cuidar disso.

Harry observou a garota envolver o ferimento com seu próprio cabelo. A princípio franziu o cenho, tentando imaginar o que diabos estava fazendo. Entretanto, quando ela começou a cantar a famosa música "brilha linda flor", tudo ficou mais claro. Ele, claro, havia ouvido as histórias sobre princesas que conversavam com animais e cabelos mágicos, porém nunca acreditou por um segundo naquela baboseira. E agora via que estava completamente errado.

— É, você realmente sabe se virar. — Harry comentou com um pouco de sarcasmo em sua voz. O rapaz sentou-se ao seu lado, não muito próximo, mas o suficiente para deixá-la um pouco intimidada. Ele, por outro lado, parecia bastante à vontade e até mesmo curioso. Tudo isso escondido por trás de um sorriso convencido e postura presunçosa.

— Obrigada... Eu acho.

— Então, o que a princesa faz aqui? — Ele perguntou. — Cansou da vida no castelo?

— Sim, foi exatamente por isso que vim para cá. — Ela respondeu, revirando os olhos. Endireitou-se na poltrona antes de continuar. — Isso não é da sua conta.

Estava saindo com mais naturalidade do que gostaria.

— Eu trouxe você para cá. Poderia ter deixado ela acabar com você, mas não o fiz. — Harry insistiu. — Então acho que um pouco de cordialidade seria bom, não acha?

E o inferno é que ele tinha razão.

— Minha amiga, Mal. Ela voltou para cá. — Florence explicou. — E...

— Mal voltou? Oh, isso até que é interessante... — Harry murmurou, como se estivesse pensando o que fazer a respeito. Mesmo que não explicitamente, Florence notou que ele não gostava da garota de cabelos roxos. O mesmo virou-se novamente para Florence. — E você achou que seria uma boa ideia vir atrás dela e pedir para que ela voltasse? Sozinha?

— Sim, sozinha. — Concordou. 

De jeito nenhum iria dizer que seus amigos estavam rondando pela Ilha também. 

— Você é louca. — Harry balançou a cabeça. — Você ao menos sabe o quão perigosa essa ilha é?

— Você nem me conhece. — Florence rebateu. — Por que está tão preocupado?

A pergunta pegou-o no ato. Para não demonstrar qualquer traço de constrangimento, Harry levantou-se e voltou a dar sua reverência. Quando ele alcançou a maçaneta da porta, Florence chamou-o e perguntou para onde ele estava indo. Um sorriso arrogante apareceu em seus lábios enquanto virava-se para encará-la.

—  Por que está tão preocupada? — Ele usou as mesmas palavras dela. — A menos, é claro, que queira vir comigo. Eu poderia te mostrar algumas coisas da Ilha e... Bem, veremos. O que você acha, princesa? A menos que queira ficar sozinha aqui.

Florence sacou que Harry era bom com palavras e sabia usá-las para convencer qualquer um, deixar qualquer um sem escolha alguma. Ao dar um longo suspiro, a garota cruzou os braços.

— Primeiro: Não me chame de princesa. Ninguém me chama assim. — Disse. Seu tom de voz agora era mais firme. — E segundo: Eu não quero ficar aqui sozinha. Então... O que é mais uma coisinha para alguém que já está ferrada? Vou com você.

Uma ótima oportunidade para tentar encontrá-los.

Harry aproximou-se novamente.

— Excelente escolha. — Disse. — Mas, antes de irmos, por que não damos um jeito em você?

— O que quer dizer? — Florence perguntou.

— Ah, fala sério. Olhe só para você! — Harry deu uma risada anasalada. — Apesar de admitir que você fica bonita nessas roupas, ninguém vai acreditar que você é da Ilha. 

Florence sentiu-se por pouco desconcertada por conta do elogio repentino.

— Não tive problemas até encontrar a Gothel.

— Você teve sorte. — O rapaz insistiu. — Vai por mim.

— E o que você... Digo, nós podemos fazer a respeito?

Harry caminhou até um dos cantos do cômodo e revirou-o até encontrar uma muda de roupas. Uma camiseta rasgada, calças de couro com um par de correntes penduradas, uma jaqueta de couro mais pesada do que a que usava atualmente e mais alguns acessórios do mesmo material que combinavam. Florence arqueou as sobrancelhas, perguntando-se por que diabos ele tinha tudo aquilo guardadas consigo.

— Uma amiga roubou tudo isso uma vez e deixou aqui. — Ele respondeu, como se pudesse ler os pensamentos dela. — Como ela nunca mais perguntou sobre, acabou ficando aí.

O rapaz indicou onde ela poderia se trocar e esperou até que ficasse pronta. Quando Florence apareceu, dessa vez trajando as roupas dadas por ele, Harry ficou impressionado. Confessava, somente havia lhe salvado por causa de sua beleza (algo que raramente era encontrado na Ilha dos Perdidos). Agora, ele via que estava certo. Pareceu sentir algo, mas não sabia o que era.

— Impressionante, princesa. — Comentou com ironia, porém dessa vez somente para provocá-la.

— Já disse para não me chamar assim. — Florence cruzou os braços, um tanto irritada.

Harry aproximou-se, tirando uma mecha do cabelo loiro da frente do rosto de Florence. 

— Não leve para o sentido literal, mas sim um apelido. — Murmurou.

𝐈 𝐒𝐄𝐄 𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐈𝐆𝐇𝐓 • carlos de vilOnde histórias criam vida. Descubra agora