Treinar sempre me acalma, me faz desconectar dos pensamentos. Nas últimas duas semanas, não houve um dia em que fiquei sem treinar.Meu corpo está cheio de hematomas, de diversas cores, e meu corpo está grudando por causa do suor, mas eu não quero parar. Eu não consigo parar.
Dou um chute giratório e em seguida uma rasteira, derrubando meu oponente.
— Já chega. Cassie, estamos lutando há quatro horas, eu preciso de uma pausa. E acredito que você também — olho para o chão e de volta para Alec que contém seriedade e preocupação no olhar.
— Qual é, o placar está três a três — olho para ele com um sorriso de canto. — Só mais uma luta, eu prometo.
Inclino a cabeça para baixo e abro bem os olhos, olhando diretamente para Alec. Esse é o meu típico olhar de cachorrinho.
— Isso não vai funcionar, Cassie. Não agora.
— Alec, por favor, não faça isso.
— Cassie, já faz duas semanas que... — ele olha para baixo e chacoalha a cabeça, como se tentasse espantar os pensamentos. — Já faz duas semanas que eu não te vejo chorar.
Ele dá alguns passos em minha direção e eu me afasto.
— Cassie, eu sou seu melhor amigo, você pode conversar comigo sobre tudo.
— Alec, você não entende, e-eu... não consigo falar sobre isso. Eu não consigo pensar sobre isso. — sinto as lágrimas chegarem. — Desculpa, mas não dá.
Desço as escadas e vou praticamente correndo em direção ao meu quarto.
— Cassie... Castle!
Passo pelos corredores e ignoro todos que tentam falar comigo.
— O que aconteceu? — Matteo pergunta com um tom de preocupação. — O que aconteceu, meu amor? Fale comigo, por favor.
Sua voz de preocupação me espanta. Eu sabia que daria para notar o meu mau-humor repentino, mas não pensei que ele ficaria dessa maneira. Tento entender por quê ele está assim, quando percebo que estou chorando, e isso aumenta ainda mais a dor que estou sentindo.
Não consigo mais. Faz dias que, toda vez que mensionam a morte da minha mãe, eu seguro as lágrimas. Eu não quero chorar, ela sacrificou tudo por mim, tudo para me manter viva, o minimo que posso fazer... é viver. E não vou conseguir fazer isso se ficar chorando na cama. Mas eu não consigo mais, essa dor só cresce a cada instante e, quanto mais eu tento ignorar, mais dói.
— Eu não... eu não consigo respirar...
O muro de proteção que eu construi dentro de mim se rompeu, e todas as emoções que eu tanto me esforcei para segurar estão jorrando de mim feito uma cachoeira.
Matteo me abraça por trás e nos leva até a parede. Eu nos arrasto ao chão, formando uma conchinha na esperança de conter essa dor. Minhas lágrimas rolam pelo meu rosto enquanto me seguro ao máximo para não gritar. A dor no meu peito está quase pior à que eu senti no dia do ataque ao instituto... no dia em que minha mãe morreu.
— Vai ficar tudo bem — Matteo afaga o meu cabelo, me fazendo sentir mais calma. — Shhh, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem. Eu te prometo, só... tenta respirar.
...
Após dez minutos de choro, sem parar, eu finalmente me sinto mais calma. Minha respiração tranquilizou e meus batimentos desaceleraram. Matteo continua a me acariciar, me apertando forte contra seu peito.
— Está tudo bem? E-está se sentido melhor? — A preocupação em sua voz é nítida.
Eu o beijo e ele me correponde. Nosso beijo é calmo, quente, familiar. Eu me viro para encará-lo e digo:
— Estou sim, não precisa mais se preocupar — solto uma leve risada ao reparar seu olhar de desconfiança. — É śerio!
Ele dá um sorriso de lado, tão fraco que é quase imperceptível.
— Quer conversar sobre isso?
— Não, eu... só quero ficar aqui. Com você.
Ele sorri largo e volta a me beijar. Uma mão em minha bochecha me fazendo carinho enquanto a outra apertava a minha cintura. Nós vamos nos leventando aos poucos e intencificamos o beijo a cada toque.
Quando estamos de pé, Matteo me pega em seus braços e me leva gentilmente até a cama. Ele me deita com cuidado e depois se deita sob mim. Suas mãos passeiam por todo o meu corpo enquanto, agora, seus lábios estão em meus pescoço, chupando e lambendo.
Eu e Matteo estamos namorando há 11 meses. Eu o amo, mas ainda não me sinto pronta para isso.
Suas mãos continuam a vagar pelo meu corpo até que acham o final da minha camiseta. Uma delas volta ao meu pescoço e a outra entra por baixo de minha blusa.
— Matteo... — estamos pele com pele. Sua mão vai subindo até chegar em meu sutiã, fazendo eu arfar minhas costas. — Matteo, e-eu
Ele volta a me beijar, me impedindo de terminar minha fala. Eu coloco minhas mãos em seu peito, tentando afastá-lo sem precisar empurrá-lo.
— Matteo, eu não tenho certeza... — eu tiro minha cabeça do travesseiro e arfo ao sentir sua mão direita em meu seio esquerdo.
— Você não quer? — ele me toca de novo e volta a beijar meu pescoço, descendo para minha clávicula. — Tem certeza que não quer os meus lábios em você?
— E-eu... — eu o empurro levemente quando sinto seu dedo passar pela barra de minha calça. — Eu acho que não — ele me encara nítidamente chateado.
Ele começa a se levantar e eu seguro em seu punho.
— Eu sinto muito por te magoar.
— Não magoou — Sua boca diz uma coisa mas seus olhos dizem outra. Percebendo meu olhar, ele completa: — De verdade.
Ele puxa seu braço para si, sem muita força e então olha para o chão e começa ir até a porta.
— Então por que você está indo embora? — Eu acabo elevando um pouco a minha voz.
— Castle, eu não quero brigar.
— Então não vamos, Matteo. Você precisa entender que...
— Entender o que, Castle? Que ainda não tá na hora? Eu tô esperando há... — ele se cala antes que fosse tarde. Após respirar fundo, ele volta a falar. — Eu não quero brigar...
— Matteo, por favor, não vá — não sei se consigo ficar longe dele nesse momento. — fica aqui comigo.
— Castle... — ele olha para baixo, pensativo. — Eu te amo tanto! Tudo que eu queria era... — ele não completa a frase.
Me sinto péssima por ter recusado-o. Ele está certo, eu já o fiz esperar tempo demais.
— Mil desculpas, meu amor — meus olhos enchem d'água. — Amanhã, então?
— Pode ser — ele puxa o braço e vai andando em direção a porta.
Com os olhos marejados de lágrimas e espantada com o que acabou de acontecer, eu apago a luz do abajur e me deito, mesmo sabendo que não conseguiria dormir.
Matteo saiu daqui era 20:30, agora são 2:00 e eu ainda não consegui pegar no sono de tanto chorar.
Me sinto culpada, então prometo a mim mesma que da próxima vez não vou recusar, mesmo se eu ainda não quiser.
Ele é meu namorado há quase um ano, então, ele deve ser a pessoa certa para perder a minha virgindade, afinal, nenhum outro namoro meu durou tanto tempo.
É isso, tá decidido, é com ele que deve acontecer...
Mas então, por que eu sinto que tem algo de errado?
*Espero que gostem do primeiro capítulo. Me esforcei bastante para escreve-lo da melhor maneira possível.
Beijuuu 😘❤️

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Luz ou Sombra
FanfictionHistória com personagens novos mas no universo de Shadowhunters.