CAPÍTULO 6

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Estrela de Lobo caminhava em passos largos, as enormes patas peludas mexiam com agilidade ao percorrer a extensão do campo. Sentiu o familiar cheiro de seu Clã, misturado com o de presa fresca.

Olhou para trás, vendo o Céu da Noite e Pata de Chama segui-lo atentamente. Não estavam muito longe do acampamento. Perto da borda do território do Clã do Pântano, estava os Campos de Lavanda; uma parte que, como o próprio nome diz, estava repleta de lavandas roxas e rosas.

O cheiro era doce e confortável, por mais que o pólen irritasse o nariz de Estrela de Lobo. Mesmo de longe, podia-se ver o enorme pântano verde. Árvores cobertas por água e enormes folhas verdes flutuavam no enorme pântano. Pequenas ilhas de grama úmida e longa eram encontradas em diversos pontos. Às vezes, Estrela de Lobo já havia avistado guerreiros do Pântano os observando nessas ilhas; as orelhas empinadas e cauda eretas nos corpos enormes.

Os gatos do pântano eram maiores que os demais, assim como os do morro. As pelagens escuras e espessas eram características normais entre eles, assim como uma grande e espantosa paciência para lidar com invasores e inimigos.

O líder caminhou lentamente pela borda, cuidando para não molhar as patas delicadas na água verde. As lavandas encostaram em seu pelo enquanto movia as patas, os olhos grudados no enorme e desprotegido pântano. Percorreu toda a extensão dos Campos de Lavanda, suas guerreiras seguindo logo atrás. Céu da Noite explicava formas de rastreamento para a aprendiz, que ouvia atentamente.

— Não precisa necessariamente encostar o focinho no chão — A gata preta miou, curvando a cabeça de leve para se aproximar da aprendiz. — Um bom rastreador aprende a usar os bigodes também, é a nossa melhor arma.

Estrela de Lobo concordou com a cabeça, se virando para fitá-las. — Um bom rastreador sabe diferenciar até mesmo os aprendizes de outro Clã.

Pata de Chama franziu o focinho, desacreditada. — Como vou conseguir reconhecer o cheiro de um gato que não conheço?

Os gatos mais velhos ronronaram, divertidos. — Exatamente, — A mentora miou, afagando Pata de Chama com a cauda. — Você não vai. Por isso ainda não é uma boa rastreadora.

A aprendiz abanou a cauda, irritada, porém pensativa. — Vou treinar muito então.

— Isso aí — Estrela de Lobo miou, parando. Farejou o ar, procurando por indícios de invasores. Não sentiu nada, e agradeceu. Tão perto da borda com o Pântano e o Morro, às vezes era difícil ignorar o claro cheiro de guerreiros estranhos nos campos. Não os culpava; o campo era belo e repleto de presas em épocas quentes. Mas queria que pudessem manter as garras longe de suas terras por pelo menos uma estação de folhas verdes.

Virou, contornando os campos. Céu da Noite seguiu o líder, mas miou. — Não vamos patrulhar o final do Riacho Quente?

— Não vejo necessidade — Respondeu, observando diversas aves sobrevoando o céu. — Pelo menos não hoje.

A guerreira concordou. Pata de Chama levantou o rosto ao ouvir o borbulhar alto e irritante acima de si. Seu rosto pareceu escurecer um pouco ao assimilar a ida dos pássaros. — Estão migrando para longe?

— Sim. A estação de folhas caídas se aproxima — Céu da Noite miou, hesitante. — Logo teremos problemas.

— Vamos não pensar nisso, por agora — O líder tentou confortá-las. Compreendeu que, como líder, também deveria cuidar da mente de seus guerreiros. Nada podia fazer com gatos de mente fraca, principalmente quando a tosse verde tomar conta dos campos, e pior ainda, do acampamento. — Quero que aproveitem ao máximo o calor do sol enquanto podem.

Elas concordaram, ainda observando as aves sortudas que partiriam para as terras quentes do sul.

**

O tumulto era grande e Estrela de Lobo pensou no pior. Mesmo perto do acampamento, o cheiro de medo era tão claro quanto o dia. Apressou o passo, correndo pelo túnel de arbustos espinhosos. Os gatos encontrados juntos em volta da toca de Nuvem da Manhã eram preocupantes por diversas razões diferentes.

Gatos Guerreiros: Shadow ProphecyOnde histórias criam vida. Descubra agora