Gatos Guerreiros: Shadow Prophecy

CAPÍTULO 8

Após a terrível comoção que a visão de Nuvem da Manhã causou, o Clã do Campo passava por dias ruins e tensos. Os gatos estavam assustados e hesitantes. As patrulhas continuaram normalmente, assim como as de caça. Estrela de Lobo, por outro lado, continuava apreensivo. O tormento de liderar um Clã aflito estava lhe subindo pela cabeça.

Seus guerreiros corriam para ele atrás de conselhos. Estrela de Lobo nem sempre sabia o que responder. Raramente conseguia sem a ajuda de Orelha Afiada. O representante, astuto como sempre, notou o estado apavorado do líder, e se recusou a sair de seu lado pela última lua.

Quando patrulhava, era com Estrela de Lobo ao seu lado. Nos poucos momentos em que fora obrigado a sair do lado do líder, Listra de Árvore tomava seu lugar. Assim como o representante, o irmão do grande gato malhado também tinha notado seu psicológico frágil. Sempre levava presa fresca para Estrela de Lobo e às vezes, dormia em sua toca, o aquecendo.

Os dias estavam parando de ficar quentes e o vento já predominava nos campos. Os camundongos estavam gradualmente ficando escassos, e os que caçavam já mostravam as pequenas costelas.

— Sequer começou a nevar — Dente de Cobra miou, enterrando o camundongo na terra seca.

Estavam em um grupo pequeno de caça; Estrela de Lobo, Orelha Afiada, Dente de Cobra e Nariz de Salmão.

Os irmãos cinzas já haviam pego dois camundongos, já Estrela de Lobo estava aflito demais para prestar atenção em presas à sua volta. Orelha Afiada o seguia de perto, atento para cada reação de seu amigo.

O líder não necessariamente odiava a atenção em dobro que estava recebendo; se sentia bem tendo dois gatos em que se apoiar. Mas Nuvem da Manhã não estava recebendo aquela atenção de um jeito agradável. A relação entre os dois pareceu ficar pior a cada sol alto que passava. Ela parou de sequer olhar em seus olhos amarelos. Lentamente, a curandeira parecia estar se afastando.

— Não precisa nevar para ficar frio — Nariz de Salmão miou, chamando a atenção do irmão e do líder. — O vento sozinho é capaz de matar um guerreiro de frio.

— Você anda passando muito tempo com Listra de Árvore, meu irmão — Dente de Cobra riu.

O ex-aprendiz do guerreiro siamês retesou as orelhas, claramente ofendido pelo comentário. — Listra de Árvore é um sábio guerreiro!

— Sim, mas mia demais — Dente de Cobra teve de desviar o ataque de Nariz de Salmão. Logo, os dois irmãos estavam se engalfinhando no chão, ignorando o olhar repreendedor de Orelha Afiada.

O representante voltou a atenção para o melhor amigo ao seu lado, que olhava distraidamente para os campos à sua frente. Ele fitava a Grande Árvore, sagrada para o Clã do Campo. Muitas luas atrás, o primeiro líder do Clã, Estrela do Campo, falou com o Clã das Estrelas ao adormecer debaixo da enorme árvore. Orelha Afiada nada disse, apenas continuou a observar Estrela de Lobo.

— Deixa de ser filhote, Nariz de Salmão! — Dente de Cobra protestou, tentando se livrar das garras do irmão. O guerreiro de focinho rosa largou a cabeça cinza do gato, abanando a cauda.

— Não fale de Listra de Árvore de novo!

Dente de Cobra concordou levemente, emburrado. Orelha Afiada ronronou, divertido. — Você também deveria ser protetor de sua mentora, Dente de Cobra.

— Mas eu respeito Céu da Noite! — O guerreiro protestou, limpando a terra de seu pelo. — Além de que, eu também respeito Listra de Árvore. Nariz de Salmão que não sabe brincar!

Antes que os dois brigassem novamente, o representante abanou a cauda, assinalando para o seguir. — Vamos, temos que continuar a caçar.

Os irmãos se encararam, zangados. Seguiram o representante e o líder, atravessando o enorme campo. Estrela de Lobo não parecia muito interessado em caçar, mas guiava os guerreiros através de tocas conhecidas, assinalando com a cauda para checarem.