CAPÍTULO 11

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O vento soprou forte na charneca, varrendo quaisquer folhas e resquícios do chão. O céu estava escuro, lentamente ficando claro com o sol que nascia no horizonte. Logo, os campos estariam pintados de laranja, acordando os animais que ali habitavam.

Os gatos do campo levantaram pesadamente por causa do frio. O vento não parecia que iria descansar tão cedo. O pelo dos guerreiros arrepiava cada vez que sentiam o sopro gélido em suas peles, fazendo-os franzir o nariz e apertar os olhos.

Grupos de caça traziam cada vez menos presa. A pilha de presa fresca estava tristemente baixa. As patas de Estrela de Lobo se mexeram ansiosamente enquanto se lavava na frente de sua toca. Listra de Árvore passou por ele quando saiu da toca de Nuvem da Manhã; havia dormido com ela nos últimos dias por causa do frio terrível na toca da curandeira.

O guerreiro siamês deu um aceno com a cabeça para o líder, voltando para a toca dos guerreiros. Listra de Árvore enfiou a cabeça entre os arbustos e urzes, observando os felinos que ainda dormiam. Em passos lentos, ele foi ao encontro de Nariz de Salmão.

Acordando-o com a pata, miou. — Nariz de Salmão — Ele encontrou os olhos do antigo aprendiz, que levantou num sobressalto. — Calma, está tudo bem. Vem, você vem comigo na patrulha do amanhecer.

O guerreiro cinza levantou rapidamente, saindo aos tropeços para fora da toca. Listra de Árvore observou, as orelhas retesadas de confusão. Nariz de Salmão sempre fora um gato ansioso, mas ultimamente, estava agindo de forma muito estranha.

Deu de ombros, indo atrás do antigo aprendiz. Ao sair, Orelha Afiada já o esperava na entrada, com Pata de Lodo e Nariz de Salmão. O representante apontou com a cauda para a toca dos aprendizes. — Vá buscar Pata Ensolarada também.

Listra de Árvore fez como pedido, e logo, a patrulha estava subindo a ravina em direção aos Campos de Lavanda. A energia de Pata Ensolarada logo acordou os gatos da patrulha. Mesmo com o frio assombrando os campos, Pata Ensolarada continuava a mesma.

Ao caminharem, Listra de Árvore não pode ignorar o fato da aprendiz estar crescendo rapidamente. Vinha sendo uma ótima lutadora; destemida, forte, e de ideais grandes, mas ainda tinha a liberdade dos gatos do Campo. Ela estava sendo uma aprendiz muito diferente de Nariz de Salmão.

O guerreiro cinza aprendeu fácil, mas o medo acabou interferindo-o de se tornar aprendiz junto dos demais. Na época, Listra de Árvore sentiu extrema empatia ao encarar os olhos depressivos e repletos de vergonha do aprendiz.

Mas hoje em dia, agradece por Pata Ensolarada ser diferente.

A gata laranja correu na frente, se jogando nas flores roxas e rosas que se mexiam com o vento forte. Pata de Lodo correu junto, se divertindo como se fossem filhotes.

Eles ainda são filhotes, pensou. Orelha Afiada balançou a cauda, mandando Nariz de Salmão ficar perto dos aprendizes. Listra de Árvore ronronou, se aproximando. — Parece que foi ontem que nasceram — Ele miou, observando os dois aprendizes correndo pelas lavandas enquanto eram perseguidos por Nariz de Salmão.

— Sim — Orelha Afiada concordou, olhando em volta. — Agora são quase guerreiros.

Listra de Árvore balançou os bigodes. Pata Ensolarada poderia virar uma guerreira a qualquer momento, já Pata de Lodo... Era um aprendiz peculiar. Todos notaram a clara habilidade nata do aprendiz em medicina, e a sua falta de interesse em batalhas.

Antes de Listra de Árvore miar qualquer coisa, Orelha Afiada murmurou. — Temo ter de abrir mão de Pata de Lodo.

O guerreiro siamês se aproximou, olhando para o aprendiz escuro. — Diz isso por causa de sua curiosidade em ervas?

Gatos Guerreiros: Shadow ProphecyOnde histórias criam vida. Descubra agora