A verdade não dita

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   (Beatriz)

   Assim que acordei, tomei um susto ao ver que ao meu lado quem dormia era Mi-Won. E os flashes da noite passada me atormentaram.

   Quase arranquei os cabelos ao lembrar das minhas falas da noite anterior.

- Eu disse isso para ele! Eu disse que sentia saudade dele! Eu sou louca? EU SOU LOUCA, MI-WON? - Quase choro de tanto desespero.

- Provavelmente, mas você estava bêbada, então dá um desconto. - A loira prende o seu cabelo em um cabelo de cavalo.

- Unnie, me escuta bem. Eu fiz merda. Eu fiz muita merda! Eu caguei no pau!

- Para de ser dramática, Beatriz. Você só bebeu mais do que deveria e fez umas graças. Aliás, o seu joelho está doendo ainda? - Pergunta. E só eu me lembro do momento em que caí de joelhos na calçada e depois fiquei lá sentada, esperando Min Ho chegar, como a cadelinha dela.

   Dou um pulo da cama, mas sinto enjoo, então paro um pouco.

- Mi-Won, se você me ama, me faz um favor? - Peço, suplicando com os olhos.

- O que é? - Pergunta a loira, se olhando no espelho.

- Me dá um tiro? Tipo acerta bem na minha cara para não ter volta. - Em troca do favor, eu recebo um tapa ardido no braço e isso resulta em um grito estridente meu.

- Sua rata! De onde está tirando essas ideias de gente maluca? Virou suícida agora? Quer se matar? Eu te mato, então! - Volta para cima de mim, fazendo-nos cair na cama, rolar por ela e cair no chão duro.

- Minha cabeça! Eu bati minha cabeça! Você quer me matar mesmo???? - Aos gritos eu pergunto. Mi-Won me encara com os olhos cerrados.

- Você não queria morrer?

- Ah, é verdade. Pode me matar. Eu vou ficar paradinha. - Fecho os olhos. Mas grito novamen ao sentir um outro tapa em meu braço.

- Mas que droga vocês estão fazendo? - Min Ho abre a porta do quarto com força.

     Arregalo os olhos e depois finjo-me de morta. Viro o rosto e fecho os olhos, predendo a respiração.

- Essa idiota disse que quer morrer. Então eu vou matar ela! - Mi-Won diz saindo de cima de mim.

- Vocês só podem ter problema! Beatriz, levanta desse chão e vem tomar café. Eu fiz sopa para a sua ressaca. - A voz do coreano sai mais alta e sem paciência, por isso eu continuo me fazendo de morta.

   Vai que funciona e ele sai logo do meu quarto. Eu só quero que Min Ho suma daqui!

- Vai fingir que morreu? Eu sei que você está viva. - Ouço os seus passos ficando mais próximos.

- Levanta, pirralha! Não vai levantar? Ok.

   Era isso? Ótimo!

   Quase grito ao sentir suas mãos agarrarem os meus tornozelos. Min Ho me puxa pelas pernas, não se importando com os meus gritos ou com as minhas costas no chão gelado.

- Seu viado! Eu vou te matar! - Ao mesmo tempo que grito que vou matá-lo, eu não consigo parar de rir.

     Min Ho só me larga aos estarmos na sala. Me levanto no mesmo segundo, ficando em pé. Vou para cima dele, empurrando-o com força contra a parede atrás de si.

      Encaro os seus olhos castanhos, mostrando o quão brava estou.

- Você quer morrer? - Pergunto entredentes. Min Ho encara o meu rosto, tomba minimamente a cabeça e abre um sorriso de lado.

Apesar de tudo, amorOnde histórias criam vida. Descubra agora