Revelações Sombrias

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Eric

O calor do momento envolveu nossos sentidos, mas, ao afastar-me por um instante, pude sentir uma mudança sutil na atmosfera da cabana. É como se o próprio ar estivesse impregnado de eletricidade, um presságio inquietante.

Meus olhos vagaram até Isabella. Ela está parada diante da lareira, o fogo refletindo em seus olhos escuros. A iluminação revelou algo que, até então, eu não havia notado. A pele dela parece translúcida, uma palidez sobrenatural que não condizia com a cor normal de um ser humano.

— Isabella...? — minha voz soa hesitante, os olhos se fixando em cada detalhe dela, enquanto a inquietude se transforma em medo.

E então, diante dos meus próprios olhos, ela começou a mudar. Sua forma humana começou a distorcer-se, as feições adquirindo uma aparência tenebrosa. A pele pálida transformou-se em um tom acinzentado e enrugado. Os olhos, antes cativantes, tornaram-se ameaçadores, brilhando com um desejo sinistro.

Minha mente luta para processar o que meus olhos enxergam. Aquela mulher, que me enlaçou em uma paixão inebriante, agora se transforma em uma criatura dos meus piores pesadelos.

Uma Duende, mostra presas afiadas e garras letais, uma expressão de fome e selvageria em seu rosto distorcido. Meu coração acelerou, meu corpo tenso. Eu estou diante de uma criatura que só existia em lendas e histórias antigas. É real, e ameaçadora, e está aqui, diante de mim.

Instintivamente, recuei, a respiração entrecortada. Minha mente está em conflito, tentando aceitar a realidade diante de mim.

— Parece que a verdade foi finalmente revelada, Eric! — A voz de Isabella ecoou pela cabana, mas não é mais a voz da mulher que conheci. É um sussurro sinistro, carregado com uma promessa de perigo.

Algo está errado. Isabella parece diferente... sua transformação é assustadora. Seria isso um sonho? Belisco-me, não, não é um sonho. É real! Mas talvez ela não seja má como sua transformação a faz parecer.

Noite após noite, os sussurros das lendas ecoam pelas vielas estreitas de Serravalle. Os duendes, criaturas das histórias contadas por gerações, sempre foram retratados como seres brincalhões, arautos da travessura e da sorte. Dizem que eles zombam das noites de lua cheia, espalhando risadas pelas encostas das montanhas. Sua reputação entre os moradores é de proteção e bons presságios, seres que, mesmo em suas brincadeiras, trazem benevolência aos corações. No entanto, há algo diferente na transformação de Isabella. Apesar da aura maligna que parece envolvê-la, seu olhar carrega uma melancolia que contradiz as histórias de travessuras dos duendes.

Enquanto a noite avança e as lendas ganham vida diante dos meus olhos, a transformação de Isabella desafia as histórias contadas por tanto tempo. Ela não se encaixa nos contos de travessuras e boa sorte dos duendes. Há uma sombra de inquietação na maneira como ela se move, uma sensação perturbadora que se mistura à brisa noturna. Por mais que as lendas pintem essas criaturas como benevolentes, não posso ignorar a presença sinistra que parece emanar de sua forma transformada.

Carnage Christmas - Conto NatalinoOnde histórias criam vida. Descubra agora