Perdas

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Pela manhã, Sarah colhia delicadamente batatas em sua plantação. Não era um passatempo que ela gostava, mas era necessário.

Seu coração, repleto de fúria, estava esperando apenas o momento certo para explodir e se revoltar diante de todo o mundo. Mas o resto do seu corpo tinha que continuar agindo normalmente.

Suas mãos, faziam um movimento delicado ao colocar as batatas em sua cesta. De longe, pensariam que ela estava feliz. Mas seus olhos carregavam o peso da morte, tristeza profunda que talvez ninguém nunca tenha sentido antes.

Sarah se levantou com uma cesta de batatas e entrou para a casa.

Sentada em uma cadeira, pegou uma faca e começou a descascar os legumes que havia colhido.

O silêncio reinava naquela pequena casa. Não tinha com quem conversar, ou, por que conversar. Ela apenas descascava as batatas sozinha.

A casa simples, porém aconchegante, carregava lembranças dolorosas de uma família que foi separada de forma covarde e impiedosa. Essas lembranças, dançavam na mente da jovem garota todos os dias, a fazendo duvidar da sua própria santidade.

Seus olhos que não eram repletos de esperança, como um dia foi, observavam atentamente o movimento da faca pelo legume.

Mary, encostada na porta de madeira que dava para o quarto onde havia dormido, observava a mulher, imaginando o que se passava na sua cabeça.

A garota Mary, prendeu seu cabelo castanho escuro em um coque frouxo e foi para a cozinha onde Sarah estava.

Mary: Você não quer ir comigo?

Sarah olhou para Mary com dúvida mais uma vez.

Sarah: Ir onde?

Mary: Na minha aventura! Eu vou ir até o Reino de Kletop!

Sarah: E como pretende chegar lá? A pé?

Mary: Eu... Eu ainda não sei. Por isso quero que vá comigo!

Sarah apenas balançou a cabeça de um lado para o outro.

Sarah: Quantos anos você tem? Quinze?

Mary: Não! Eu tenho dezanove. E você tem o quê? Trinta?

Sarah deu uma gargalhada alta por um momento. Chegando a colocar a mão na barriga de dor. Mary observou a mudança de sua expressão, que antes era séria e triste e agora era descontraída e alegre.

Mary: Acertei?

Sarah: Aham... Tenho vinte. Um ano só a mais que você. Sou tão descuidada assim?

Mary: Na verdade não. É bem bonita. Sua pele é lisa e seu corpo é forte. Se você fosse até o centro do Reino, seria rodeada por velhos imundos querendo passar a mão em você.

A mulher sorriu mais uma vez, balançando a cabeça e deixando suas preciosas batatas de lado.

Sarah: Quer comer algo? — A mulher perguntou se levantando.

Após dizer isso, Sarah levou Mary até uma taberna no meio da floresta, chamada Recanto dos Forasteiros. Ela costumava ir lá algumas vezes na semana.

Ao entrar, Mary se deparou com todo e qualquer tipo de coisa que ela poderia ver. Desde homens barrigudos a mulheres com o rosto assustadoramente desfigurado.

Mary: O que estamos fazendo aqui? — Ela sussurrou.

Sarah: Você não quer chegar a Kletop? Esses caras vão te ajudar.

Mary: VOCÊ QUER QUE EU VÁ COM ELES? — Ela gritou apavorada, voltando toda a concentração para as duas. — Quero... Quero dizer, você quer que eu vá com eles?

Os seis caminhosOnde histórias criam vida. Descubra agora