04 - Quando a lebre ganha a corrida.

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GRAÇAS AO GUARDA, Wonyoung não bateu a cabeça no chão quando desmaiou. Outros soldados do castelo se dirigiram até o local assim que escutaram o chamado de Duard.

— O que está acontecendo aqui? — proferiu o soldado Will.

— O que a princesa faz aqui a essa hora? — interrogou o soldado Terris.

— Ela me disse que estava procurando por um papel! — foi o que Duard conseguiu dizer em meio à pequena confusão. — O problema é que quando eu estava procurando esse negócio, a única coisa que consegui encontrar foi uma carta do reino de Cartien que havíamos recebido um dia desses...

Os outros ouviam atentos.

— Sim, e? — perguntou Will.

— E aí que ela fez uma expressão que eu não consegui entender e do nada desmaiou!

Duard parecia apavorado. Ele realmente estava.
E ao mesmo tempo, estava furioso. E com uma pessoa da realeza! Jang Wonyoung! O coitado não sabia o que fazer naquele momento. Havia uma princesa em seus braços. E se a rainha ou o rei chegassem ali do nada?

— Olha, vamos tentar levá-la para o quarto dela — sugeriu Terris. — As criadas dela vão conseguir se virar depois.

Foi aí que finalmente os três fizeram de tudo para levantar e levar a princesa ao devido local juntos. E claro, fazendo o máximo de silêncio.

O corredor parecia maior do que nunca. Pior ainda naquela leve escuridão. As poucas luzes que permaneciam acesas no castelo guiavam os homens até o dormitório da garota. O percurso pareceu mais longo do que o esperado justamente pelo fato de haver uma dama nos braços dos mesmos. A cada passo que davam sentiam cada vez mais ansiedade. Eram passos cheios de hesitação.

Mesmo sendo a sua profissão, estavam frustados. Não era a primeira vez que a princesa da família real Jang dava trabalho. Wonyoung sempre foi o terror dos soldados do castelo. Desde pequena, nunca agiu como uma menina da realeza de fato.
Era seu hobby infernizar a vida da guarda real.

De qualquer forma, já estava mais do que na hora de se acostumarem.
Principalmente daqui por diante.


Foi quando o rei JongSuk chegou que os soldados tomaram um dos maiores sustos de suas vidas.

— O que é isso?

O monarca arregalou os olhos e tentou não aumentar muito o tom da voz assim que viu a filha  sendo carregada pelos guardas em plena uma hora da manhã, no meio do corredor do segundo andar.

Também foi meio estranho para os pobres soldados. Do nada se depararam com a figura do rei naquele horário. O que ele 'tava fazendo afinal?

— Alteza... — balbuciou Will. Hesitante.

— Andem! — ordenou o rei. — Me digam o que diabos vocês fazem aqui com a minha filha a essa hora da noite? E porquê ela está desacordada?

Os homens se entreolharam.

— Alteza, acreditamos aconteceu um equívoco essa noite — esclareceu Terris. — A senhorita Jang acabou desmaiando quando estava falando com o soldado Duard hoje mais cedo.

Duard tremia. Estava com medo de acabar sendo enxotado do castelo. E se JongSuk pensasse que ele fez algum mal para a sua filha? Ou se ele abrisse a carta...

Já que...pelo visto, aquela carta era apenas entre os pais de Jungwon e Wonyoung. Ninguém mais.

— Hum — disse o rei. — e eu posso saber o por quê disso?

E automaticamente, todos os olhares se voltaram para Duard.

— Senhor... — disse, e depois pigarreou. — digo, vossa majestade, eu...err...ela...a senhorita Jang...

JongSuk arqueou a sobrancelha.
Os demais o olhavam tensos.

— TEVE UMA QUEDA DE PRESSÃO! — exclamou, sorrindo de nervoso. — É, pois é, pobre menina...acredito que devemos levar ela até a ala hospitalar, senhor.

Mentiu, e mentiu mesmo. Mas foi pelo bem da princesa. O soldado sempre fez de tudo para protegê-la. Wonyoung depositava sua confiança em Duard, de vez em quando, faziam planos de fuga do castelo (quando a garota ia visitar Jungwon), compartilhavam informações, entre outros.

Mas desde o início da guerra, a princesa deu um passo para trás. Além de que também se afastou do mesmo por motivos óbvios: o estresse, as obrigações, a falta de tempo que tinha devido ao fato de ser princesa e muitos outros "blá blá blás."

Então mesmo sendo sempre disposto a ajudar Wonyoung, Duard nunca mais recebera nenhum pedido da mesma. Entretanto, mesmo assim ele continuava lá. Protegendo-a. Mesmo que ela não precisasse dele.
Para ele, era o seu "dever como guarda do castelo".

O rei fez uma última cara de desconfiança antes de finalmente acreditar na mentira de Duard.

— Certo, leve ela até o local. Cuidem da segurança e se ela precisar de alguma coisa estejam lá. Amanhã de manhã ela vai estar melhor.

— Então nós seremos responsáveis por... — iniciou Will.

O rei Jang JongSuk imaginou do que se tratava e o interrompeu fazendo um sinal com a mão.

— Deixem que eu mesmo virei aqui amanhã verificar como ela está.

Os outros concordaram com a cabeça e seguiram até a ala hospitalar. Assim que o monarca sumiu de suas vistas, deixaram escapar um suspiro.
Estavam tão tensos que nem respiravam direito.
O guarda Duard nunca esteve tão aliviado por ter conseguido fazer o rei acreditar na sua "mentira". A princesa definitivamente o agradeceria na manhã seguinte.

Assim que chegaram lá, informaram à enfermeira sobre o que havia acontecido. Por já estar tarde, não havia muito serviço no castelo, então o atendimento foi muito mais rápido do que o previsto. A mulher cuidou muito bem da princesa naquela noite.

Ao voltar para o seu quarto, JongSuk estava, certamente, preocupado com a filha, porém ao mesmo tempo, cantarolava uma música em sua cabeça. Tinha sido um dia cheio no castelo e aquele episódio com a guarda real só fez a sua cabeça doer.

Sorte sua que havia uns comprimidos com água no quarto.

Entretanto, depois de tomar os medicamentos, se lembrou de um pequeno detalhe que havia esquecido completamente:

A família Park visitaria o castelo no dia seguinte.

      

ℜoyalty, jangkku.Onde histórias criam vida. Descubra agora