╭ ☀️UM. Semideuses Caem do Céu

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CAPÍTULO I.
Semideuses Caem do Céu

☀️

LEO.
uma hora atrás.

 O SONHO COMEÇOU COMO TODOS OS OUTROS. Com o Sol. Ou pelo menos, Leo acreditava ser o Sol. 

 Seus sonhos sempre pareciam uma bagunça indecifrável que ele sequer se dava o trabalho de tentar entender. As coisas eram assim para o Valdez, bagunçadas ao extremo. Um reflexo da sua mente, talvez. Visões como essa presente em seu sonho se tornaram comuns para ele cedo demais. Sonhos esquisitos faziam parte da sua rotina, e ás vezes, era como se as figuras vazassem para a realidade. Alucinações. Como a mulher coberta por terra do lado de fora do galpão de sua mãe que conversara com Leo naquela noite. Ou a Tía Callida, que vez ou outra, Leo se pegava questionando-se sobre a real natureza daquela senhora tão peculiar que, embora todas as tentativas de matá-lo, sempre voltava para ser a sua babá. O latino passou a interpretar tudo isso como nada mais que peças que a sua mente hiperativa gostavam de lhe pregar. 

 Tudo isso o arrepiava da cabeça aos pés. Mas esse sonho em específico não o assustava, na verdade, lhe despertava curiosidade.

 O Sol surgia da escuridão, emitindo uma luz forte o suficiente para cegá-lo, como se ele olhasse diretamente para o Sol de verdade, mas que ao invés disso, a luz o banhava com uma sensação reconfortante. O calor o cobria como uma manta fofinha no inverno, trazendo conforto e a sensação absurda de felicidade, a mesma que só uma xícara de chocolate quente bem preparada poderia trazer. Aquecendo seu interior e espantando qualquer melancolia que sua alma poderia carregar. Porém, como até mesmo em seus sonhos o que é bom dura pouco, o Sol desaparecia e a sensação calorosa partia junto a ele, dando lugar a um breu gélido de gelar os ossos. E uma voz feminina familiar sussurrava ao pé do seu ouvido, repetindo palavras que ele conhecia muito bem.

 Lembre-se daquela noite, meu pequeno herói. Esteja preparado para quando pedirem que se volte contra mim.

 Leo acordou em um pulo em um assento no ônibus, que naquele momento, seguia por uma estrada esburacada. O sonho não era real, ótimo. Ele não estava morrendo, estava na Escola da Vida Selvagem, mais precisamente, em um ônibus a caminho de uma excursão. Ele não sabia dizer se isso o deixava aliviado ou se o incomodava mais do que as bizarrices que a sua mente conturbada era capaz de produzir.

 Ao seu lado, ele percebeu que Piper parecia estar distraída com a paisagem do lado de fora e que Jason, assim como Leo, também havia capotado em uma soneca que acabou virando um sono profundo, uma vez que o ônibus balançava loucamente e o loiro permanecia dormindo feito um anjinho. Leo bocejou, coçou os olhos e olhou para a janela a tempo de ver um relâmpago cortando o céu. Um trovão ribombou em seguida.

 Uma tempestade vinha se aproximando.

 ☀️

ISAK.
presente.

 Quando Isak dizia que sentia falta de casa, ele nunca quis dizer que sentia falta de seus parentes. Não que crescer tenha feito com que o Solskinn desenvolvesse rancor pelos mesmos, ele só... não sentia nada por sua família. Com exceção de sua mãe, claro, Martina era a pessoa que Isak mais amava no mundo inteiro e seu coração pesava com a falta que ela fazia estando tão longe.

 Isak sentia falta de casa. Do campo de girassóis, dos animais, da torta de maçã de sua mãe. Pequenas coisas que ele não pôde levar para o acampamento pois seria embaraçoso demais explicar para Quíron o porquê de terem vacas, ovelhas e cabras dormindo nas camas dos campistas do chalé de Apolo. O Solskinn se contentou com um girassol que sua mãe colheu diretamente do campo de girassóis da família e lhe entregou no dia de sua partida para o acampamento. Um pedacinho de seu lar, do lugar em que Martina Solskinn conheceu Apolo.

DAYLIGHT, leo valdezOnde histórias criam vida. Descubra agora