DAYLIGHT, Leo Valdez

╭ ☀️CINCO. Todos a Bordo do Dragão Feliz!

CINCO
Todos a Bordo do Dragão Feliz!

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ISAK

 ISAK SONHOU COM O FOGO. Uma fogueira alta e brilhante dançando em tons vibrantes de laranja. A única fonte de luz iluminando o suficiente para Isak notar que estava em uma floresta. A mesma floresta em que salvara a sua mãe anos atrás, talvez? Assim como todas as coisas que apareciam em seu sonho, havia a leve sensação de familiaridade. Um déjà vu. Ele reconhecia o cheiro, a atmosfera, até mesmo o fogo a sua frente assemelhava-se à um velho amigo. O seu crepitar e o calor o confortavam. Não aqueciam somente o seu exterior, como também provocava um sentimento reconfortante em seu peito. A impressão de ser assombrado o inquietava. A mesma sensação que o perseguia desde infância. Um arrepio na espinha que surgia como um anúncio de que aquela mulher estava a espreita, procurando um novo meio de testá-lo.

 Isak se arrependeu imediatamente por pensar naquela criatura desconhecida, pois o seu coração quase pulou para fora do peito quando uma sombra alta se erguera do outro lado da fogueira, como se tivesse sido invocada. As chamas cobriam o seu rosto mas não era preciso mostrá-lo quando apenas a sensação da sua presença já falava por si só. A mulher coberta por terra.

━━ Está com medo, filho do Sol? A última coisa que desejo é lhe causar espanto  ━ sua voz soava como giz riscando um quadro. Um tom malicioso acobertava as suas palavras evidentemente nada confiáveis enquanto ao mesmo tempo se tornava impossível não atender por ela. Os pelos na nuca de Isak se eriçaram como se uma brisa gélida atravessasse o seu corpo ━ Prefiro que me veja mais como uma velha amiga.

 Isak mal conseguia acreditar nas palavras daquela mulher. Amiga, sério? Ele estava pronto para enfiar-lhe uma flecha goela abaixo.

━━ Você tem um conceito bem controverso de amizade ━ Isak debochou ━ Fala sério, quais motivos eu teria para chamar você de amiga?

  A mulher riu e a forma perturbadora como aquela risada preencheu os ouvidos de Isak o fez desconsiderar a hipótese dela estar rindo da sua piadinha infame. Parecia tão distante no mesmo instante em que o loiro a sentia tão perto. Ouvia à sua frente, à direita, à esquerda e ao pé do ouvido. Ele estava cercado pela sua presença fantasmagórica. Isak, apesar do sarcasmo, temia que ela lhe puxasse para o Tártaro como os demônios fazem com as suas vítimas em filmes de terror. Deuses, ele nunca deveria ter assistido A Hora do Pesadelo aos oito anos de idade.

━━ Isak, eu observo vocês há anos, mas você... ━ o garoto pode sentir que ela estava sorrindo ━ Ah, Isak... nem todos souberam reconhecer o quão especial você é. Todavia, eu soube desde o início. Os deuses são criaturas deploráveis e egoístas, porém, Apolo fez de você uma bênção. O nosso raio de sol.

"Essas crianças, meu amor, não entendem você. Elas não sabem enxergar o menino especial, extraordinário que você é. Você é uma benção, Isak, o meu raio de sol." Sua mãe dissera uma vez. As palavras tão similares...

━━ É uma pena que para os deuses, toda bênção vem com um preço. Perca um olho para receber uma mão ━ a sua voz penetrava a mente de Isak quase o hipnotizando ━ Eu passaria toda a eternidade citando grandes heróis como você que precisaram sacrificar tudo por migalhas de atenção dos deuses. Não me parece justo, não é?

 As suas palavras serpenteavam os pensamentos de Isak. Ele sabia perfeitamente o quão ardilosa ela era, não existia um mundo em que seria capaz de confiar em uma palavra sequer que saía da sua boca. Em partes, a injustiça dos deuses perante suas proles não era uma mentira, se fossem, a guerra contra Cronos não teria ocorrido. Percy Jackson não precisaria tê-lo enfrentado e no final, exigir que os deuses dessem mais atenção aos filhos, despertando seu desgosto. Mesmo envolto por pessoas assim como ele, Isak ainda se sentia sozinho. Esperava que o seu pai pudesse esclarecer todas as questões que assombravam o fundo de sua mente durante todos esses anos, mas Apolo continuava distante e tudo o que fez pelo próprio filho foi dar um anel mágico para a sua paternidade não passar em branco. Isak sentiu o gosto amargo do rancor em sua boca. "Não, não! Você está dando o que ela quer!" Isak alertou a si mesmo. A mágoa perante seu pai olimpiano era um sentimento persistente entre os semideuses. Isak não poderia deixá-la o consumir, se não se perderia assim como Luke Castellan.